O papa Francisco expressou preocupação nesta segunda-feira com a detenção de ao menos 13 clérigos e dois seminaristas desde 20 de dezembro na Nicarágua, onde o governo de Daniel Ortega mantém uma tensa relação com a Igreja católica.

"Sigo com profunda preocupação com o que está acontecendo na Nicarágua, onde bispos e sacerdotes foram privados de sua liberdade", declarou o jesuíta argentino após a tradicional oração do Angelus na Praça São Pedro do Vaticano.

"Expresso a eles e suas famílias e a toda a Igreja do país minha proximidade na oração", disse o pontífice, de 87 anos. 

"Convido à oração insistente também todos vocês aqui presentes e todo o povo de Deus, enquanto espero que sempre busquemos o caminho do diálogo para superar as dificuldades. Oremos hoje pela Nicarágua", continuou.

Pelo menos 13 sacerdotes foram detidos desde 20 de dezembro na Nicarágua, inclusive um bispo, em meio a uma forte tensão entre a Igreja católica e o governo de Daniel Ortega, segundo religiosos, ativistas humanitários, opositores e veículos de imprensa nicaraguenses no exílio. 

A relação entre a Igreja e o governo se deteriorou em meio aos protestos de 2018, depois que Ortega acusou religiosos de apoiar os opositores no que considerou uma tentativa de golpe de Estado.

Os protestos deixaram mais de 300 mortos, segundo dados da ONU.

Uma investigação da advogada Martha Molina, especialista em temas da Igreja e exilada nos Estados Unidos, indica que desde 2018 houve 740 ataques contra a Igreja e que 176 sacerdotes e religiosos foram expulsos, banidos ou proibidos de entrar no país.

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