Os dirigentes da União Europeia (UE) se comprometeram, nesta sexta-feira (15) em Bruxelas, a encontrar uma forma de superar, no início de 2024, o bloqueio da Hungria a um novo pacote de ajuda financeira à Ucrânia, depois da ausência de consenso sobre o tema após dois dias de cúpula.

"Estou extremamente confiante e otimista que estaremos em condições de cumprir nossa promessa de apoiar a Ucrânia com meios financeiros", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Na cúpula, os líderes europeus tomaram a histórica decisão de abrir negociações formais para a adesão da Ucrânia ao bloco, mas não conseguiram construir um consenso sobre um pacote de ajuda financeira no valor de 50 bilhões de euros (em torno de US$ 55 bilhões). 

Ante a incapacidade de romper o bloqueio húngaro, os mandatários decidiram voltar a se reunir para discutir essa questão "no início do próximo ano", embora essa cúpula ainda não tenha uma data definida.

Já a presidente da Comissão Europeia (o braço executivo da UE), Ursula von der Leyen, disse que a instituição usará o tempo que resta até essa reunião "para, em qualquer caso, uma solução operacional".

"Temos trabalhado muito para alcançar um acordo dos 27 [países do bloco]. Acho que é também necessário trabalhar em potenciais alternativas para ter uma solução, caso um acordo entre todos não seja possível", observou.

Nas redes sociais, o chanceler alemão, Olaf Scholz, observou que a decisão constitui "um forte sinal de apoio" à Ucrânia. 

O primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, assinalou, por sua vez, que é "uma poderosa mensagem geoestratégica também para o resto do mundo, não somente para a Rússia".

- Veto húngaro - 

Na madrugada desta sexta, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, disse a uma rádio de seu país que seu veto será levantado somente em caso de desbloqueio de todos os fundos da UE para seu país. Os recursos foram congelados, devido a dúvidas sobre a validade do Estado de direito. 

Na quarta-feira, véspera da reunião, a UE anunciou o desbloqueio de pagamentos para a Hungria de até 10,2 bilhões de euros (11 bilhões de dólares, 54 bilhões de reais). Os valores haviam sido congelados por dúvidas sobre o funcionamento do Estado de direito no país.

Com a abstenção da Hungria na decisão sobre as negociações de adesão com a Ucrânia, a expectativa era que Orban acabaria por somar seu apoio ao pacote, o que não aconteceu.

Já o ministro ucraniano das Relações Exteriores pediu à UE que desbloqueie, em janeiro, os 50 bilhões de euros de ajuda.

"Esperamos que todos os procedimentos legais necessários sejam concluídos em janeiro de 2024, o que nos permitirá receber o financiamento correspondente o mais rápido possível", afirmou o ministro em um comunicado. 

Assim, o fracasso da cúpula em quebrar a resistência húngara sobre a ajuda financeira acabou ofuscando, em parte, a decisão histórica selada na véspera, sobre as negociações de adesão com Ucrânia e Moldávia. 

O gesto de abertura das negociações de adesão com a Ucrânia foi aplaudido por todos os líderes. Para Von der Leyen, quinta-feira foi um dia que "ficará gravado na história da nossa União".

Hoje, no entanto, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, disse ter sido um passo "desnecessariamente superestimado".

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse, por sua vez, que a UE ainda estava "muito longe de uma ampliação efetiva em relação à Ucrânia". 

Na sessão desta sexta-feira, a cúpula da UE também não conseguiu chegar a um consenso sobre uma declaração comum sobre a situação no Oriente Médio. 

Nesse sentido, Varadkar lamentou que, na reunião, houve uma maioria de países a favor de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, "mas não uma unanimidade".

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