Um 25 de dezembro emocionante para muitas famílias mineiras. Especialmente para aquelas em que, junto à árvore de Natal e ao presépio, há um presente que muitos consideram vindo das mãos de Deus. O casal Jocilei e Karina, pais de Mel Luize, de 19, celebra a data com João Miguel, de 9 meses, nos braços. Ele chegou ao mundo, fruto única e exclusivamente do amor conjugal, quando a mamãe já estava na menopausa.


A “festa da vida” também enche de alegria o encontro de Roberto com os filhos João Batista, Patrícia e Priscila, em Belo Horizonte. Com sérios problemas de saúde, ele vem se recuperando com muita coragem. Já em Cássia, no Sul de Minas, o agricultor Juliano Tadeu e a professora Olívia celebrarão a presença da filha Alana Vitória, de 5. Em 30 de setembro, a menina passou por um transplante renal, na Santa Casa BH, e terá alta a tempo de para viajar para a casa, e os braços, dos pais.


Três histórias com as quais o Estado de Minas brinda uma das datas mais importantes do calendário cristão, para lembrar que, no dia em que se festeja o nascimento de Cristo, muito mais valiosas que qualquer dádiva material são as pessoas que são um verdadeiro presente para os que as amam.

Um anjo de presente de Deus

João Miguel tem nome de santo – na verdade, de dois, homenageando São João Batista, o primo de Jesus que o batizou no Rio Jordão, e São Miguel Arcanjo, o “príncipe dos exércitos celestiais”. A escolha foi dos pais, Jocilei dos Santos, de 45 anos, pedreiro, e Karina Campos de Oliveira, de 49, técnica de enfermagem, residentes em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O casal, que já tem Mel Luize, de 19, considera um milagre, e até mais, “um presente de Deus”, o nascimento do menino forte e risonho, agora com 9 meses. “Pensamos logo que teria nome de santo, pois foi uma gravidez inesperada, para não dizer impossível”, conta Karina, natural de Ribeirão Preto (SP) e mãe também de Cairo Guilherme, de 26, de um relacionamento anterior.


Quando João Miguel Campos dos Santos era recém-nascido, o casal saía para passear com ele, no carrinho, pelas ruas do Bairro São Geraldo, onde mora, e muitos ficavam sem acreditar no que viam, lembra o luziense Jocilei, mais conhecido por Cilei. “Perguntavam se era neto, filho do Cairo Guilherme. E sabe que ainda tem gente que se assusta?”, diz o pedreiro, com um sorriso aberto mostrando total felicidade pelo nascimento do caçula.


Ao lado, Karina também se recorda do tempo em que estava “barriguda”. As colegas do hospital onde trabalha custaram a crer na gravidez, que transcorreu bem tranquila. “Acho mesmo que foi uma bênção, e até os médicos que fizeram meu parto, afirmaram ter sido ‘um presente de Deus’”, ressalta Karina, que cumpriu a jornada no serviço durante os nove meses. A escolha do nome foi de comum acordo, pois Cilei é católico e a mulher, evangélica. “Um respeita a religião do outro, e já combinamos que nosso filho será batizado com o padre e o pastor”, informa a técnica de enfermagem.


O motivo é compreensível. Karina já estava na menopausa e nem imaginava que poderia ter mais filhos. O caçulinha, importante dizer, veio pelo método natural. “Olha como a vida é: passei seis meses de 2024 e três deste ano grávida, pois João Miguel nasceu em 16 de março, em BH. Agora, neste Natal, estou com ele nos braços. Só tenho a agradecer, pois o bebê trouxe alegria e mais harmonia para a família”.


O Natal de 2025 ficará, portanto, na história do casal e da filha Mel Luize, afeiçoada de tal forma ao irmãozinho que cuida dele enquanto os pais trabalham. “É uma felicidade enorme”, ressalta a jovem. Diante da família reunida, se vê o verdadeiro espírito do Natal: união, esperança e, acima de tudo, fé no futuro. “Que ele viva num mundo melhor, sempre em paz”, deseja o papai.

 

 

"A saúde, sem dúvida, é o melhor presente de Natal que podemos ter", Patrícia Ferreira Batista de Souza ao lado do pai, Roberto, com os irmãos Priscila e João Batista e a sobrinha Maria Eduarda, filha de Priscila

Arquivo pessoal/Divulgação


O melhor Natal da vida


O aposentado Roberto Batista de Souza, de 63, é craque no preparo de um prato que só ele sabe fazer. A “farofa esperta”, sua especialidade, com muitos temperos, estará à mesa no almoço de Natal familiar, em BH, conforme antecipa a filha Patrícia Ferreira Batista de Souza, contadora.


“A confraternização será, pela primeira vez, na minha casa, ao lado também dos meus irmãos João Batista de Souza Neto e Priscila Ferreira Batista Souza, com a filha dela, Maria Eduarda, de 8. E este promete ser o melhor Natal de nossa vida”, prevê a moradora do Bairro Nova Vista, na Região Nordeste da capital.


A comemoração faz todo sentido. Afinal, como observa Priscila, analista de recursos humanos, “não foi um ano fácil para nós”. Ao longo de 2025, Roberto teve sérios problemas de saúde, incluindo cirrose hepática e insuficiência renal. Não bastasse, por ser diabético, teve a visão afetada, ficando quase sem enxergar. “Precisava fazer cirurgia de catarata, mas, devido ao quadro clínico, os médicos disseram ser preciso uma melhora”, acrescenta Patrícia.


Irmãos de fé, os três se uniram em orações e novenas pedindo a Deus pela melhora do pai, que ficou viúvo aos 27 anos – a esposa, 11 anos mais velha, faleceu aos 38. “Pedimos a intercessão de Santa Luzia, protetora da visão. E deu tudo certo. A cirurgia ocorreu em 13 de novembro”, se emociona Patrícia, ao relatar os acontecimentos.


Um mês depois, no último 13 de dezembro, data consagrada à padroeira, Roberto foi ao Santuário Arquidiocesano de Santa Luzia, na cidade vizinha a BH, para agradecer, na companhia das filhas e da neta Maria Eduarda. “A saúde, sem dúvida, é o melhor presente de Natal que podemos ter”, acredita Patrícia, que não vê a hora de saborear a “farofa esperta” preparada pelo papai.

 

 

"Os últimos três anos têm sido de correria. Desta vez, o Natal será de mais tranquilidade", Olívia Pedroso Venâncio, Com a filha Alana Vitória Venâncio Freitas, de 5 anos

Arquivo pessoal/Divulgação


Alegria de volta para casa


“Não há lugar melhor no mundo do que o lar”, reza um dito popular que tem tudo a ver com os mineiros. E dessa sabedoria nascida no coração do povo compartilha a professora Olívia Pedroso Venâncio, de 48, casada com o agricultor Juliano Tadeu Souza Freitas. Residentes em Cássia, na Região Sul do estado, a 405 quilômetros de BH, eles passarão o Natal em casa, com a filha Alana Vitória Venâncio Freitas, de 5.


E por que o 25 de dezembro de 2025 se torna tão especial na vida da família? Alana Vitória nasceu com má formação renal, o que lhe custou um longo tratamento na Santa Casa BH, maior centro de transplantes 100% SUS de Minas Gerais, para sessões de hemodiálise. Em 30 de setembro, para alívio e esperança dos pais, a menina foi submetida ao transplante de rins e se encontra bem.


“Os três últimos anos têm sido de correria, pois na nossa região não há um hospital com tantos recursos. Desta vez, o Natal será de mais tranquilidade com toda nossa família reunida”, aguarda a professora. No celular, ela mostra uma foto da festa de aniversário de 5 anos de Alana Vitória, fã da cantora sertaneja Ana Castela. Não poderiam faltar, portanto, o chapéu sertanejo e o retrato da artista.


Alana foi adotada pelo casal quando tinha 1 ano e 11 meses. Num ato de afeto e generosidade, Olívia e Juliano, sem filhos, levaram para casa a recém-nascida que vivia em um abrigo. O casal sabia da má formação renal, mas o amor falou mais alto. Além dos avanços da ciência e do empenho da equipe médica, os mistérios da fé têm seu lugar nessa história.

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“Somos devotos de Santa Rita de Cássia. Pedimos a Deus, por sua intercessão, para que nossa filha ficasse boa. Estamos gratos por tudo”, diz Olívia, lembrando que em sua cidade fica o maior santuário do mundo dedicado à padroeira de devoção. “Que seja um Feliz Natal para todos os brasileiros”, deseja Olívia, certa de que seu melhor presente já chegou.

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