É de dar dó a situação da antiga estação ferroviária Gameleira. Antes que ela se torne mais um “retrato na parede” de Belo Horizonte, que completará 128 anos no próximo dia 12, seria bom que as autoridades tomassem providências para salvar tal patrimônio e lhe desse serventia à altura de sua história.

Quem passa pela Avenida Amazonas, na Região Oeste, pode ver o telhado quebrado, pichações, material empilhado ao redor, mato crescendo e até um pneu ao ar livre...em dia de chuva. O que se vê tem a cara do abandono, mesmo com a cobertura exibindo um aspecto “rejuvenescido” pela cor das telhas.

Pertencente à União – especificamente ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), vinculado ao Ministério dos Transportes –, a estação foi aberta em 20 de junho de 1917. Recebeu passageiros e funcionários da extinta Rede Ferroviária Federal até 1979, quando, depois de algumas tentativas de reativação, foi extinta.

Há 10 anos, o prédio parecia sair da longa situação de penúria para ganhar vida, arte e movimento. Mas não vingou. A proposta era recuperá-lo para implantação do museu “Estação Ciência na Cidade do Circo”, fruto da parceria entre Fundação Ezequiel Dias (Funed), Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A direção da Funed chegou a dizer que o objetivo era “usar o clima descontraído e festivo das artes circenses para aproximar a população de conceitos científicos e possibilitar a popularização da ciência”.

CIRCO E CIÊNCIA

Reportagem publicada pelo Estado de Minas em 23 de fevereiro de 2015 traz informações da Funed mostrando que, quase um século antes, em 1922, os técnicos da fundação usavam um vagão, então denominado Vagão da Saúde, nas ações de profilaxia e nas expedições científicas pelo sertão mineiro. E como o circo entrava nesse contexto? A direção da Funed explicou que, historicamente, as trupes de circo se deslocavam em Minas por meio de trem de ferro, e com o museu seria possível fundir a proposta da Funed com a de criação da Escola de Circo, então pretendida pela PBH, via Fundação Municipal de Cultura.

O tempo mostrou que o projeto não entrou nos trilhos – na verdade, descarrilou. A Funed informa que “devido à saída dos envolvidos no projeto à época, deixou de fazer parte da proposta Estação Ciência na Cidade do Circo”. O Iphan, por sua vez, avisa que o imóvel não tem tombamento federal. Conforme a PBH, o prédio da estação ferroviária Gameleira se encontra em fase de tombamento. Já a assessoria do Dnit informa o seguinte: “No momento, não há pedido de cessão pelo município com proposição de projeto de restauro e aproveitamento do imóvel”. A nota diz ainda que “o Dnit não tem projeto de uso para a estação, mas, caso o município tenha interesse, poderá receber como cessão de uso gratuito”.
Pode estar nessa última frase uma esperança para a estação. O futuro dirá.

ESTÁ ABERTO O CADASTRO DO CIRCUITO...

Dezembro chegou e as luzes do Natal se acendem nas ruas, nas casas, nas igrejas e nos presépios. Para manter sempre viva a tradição de se recriar o cenário do nascimento de Jesus, está aberto o Cadastro do Circuito de Presépios e Lapinhas de Minas, iniciativa do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), em parceria com a Subsecretaria de Turismo da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult). Os municípios têm até o dia 31 de dezembro para se cadastrarem e, na sequência, integrarem o Portfólio da programação do Natal da Mineiridade. O formulário se encontra disponível no Portal Minas Gerais.

... DE PRESÉPIOS E LAPINHAS 2025

Forte tradição em Minas desde o século 18, os presépios estão nas casas, igrejas, capelas, muitos deles montados nos chamados oratórios-lapinhas. O Circuito de Presépios e Lapinhas estadual é promovido pelo Iepha desde 2016. Feita em parceria com os municípios, a iniciativa valoriza a sabedoria e as experiências vivenciadas pelos detentores, colaborando com a salvaguarda de suas tradições e costumes. Os municípios que cadastrarem seus presépios e lapinhas abertos à visitação pública no Portal Minas Gerais poderão ser pontuados no Programa ICMS Patrimônio Cultural Exercício 2025.

PAREDE DA MEMÓRIA

A esperança é a última que morre – que o digam os moradores de Lobo Leite, em Congonhas. A comunidade católica do histórico distrito reza, com devoção, para ter de volta a imagem da padroeira, Nossa Senhora da Soledade. Em madeira policromada, da segunda metade do século 18, ela foi furtada da Capela Nossa Senhora da Soledade, em 1996, juntamente com Nossa Senhora das Dores, São José, São Joaquim, São Benedito, Santa Efigênia e Santo Antônio, sendo encontradas quatro peças (Santo Antônio, Nossa Senhora das Dores, São José e São Benedito). Conforme registro, foram levadas, em 1981, outras esculturas barrocas: São Brás, Nossa Senhora da Conceição, duas de Nossa Senhora do Rosário (uma grande e outra pequena), São Sebastião (pequeno), Santana com a filha e do Menino Jesus da imagem de São José, além de um crucifixo, 12 coroas de prata e uma âmbula. Quem tiver informações sobre a padroeira e os demais objetos de fé, pode acessar a plataforma Sondar, do Ministério Público de Minas Gerais (sondar.mpmg.mp.br).

“MORTE EM COCAIS”

O jornalista, escritor e membro da Academia Mineira de Letras, J.D. Vital, lança o livro “Morte em Cocais” (Editora Ramalhete) sobre a história do padre Heitor de Assis, nascido em Nazareno, em 1907, quando a abolição da escravatura (1888) não completara 20 anos. Negro, de família pobre, padre Heitor foi nomeado pelo presidente Getúlio Vargas o primeiro capelão do Exército Brasileiro após a Proclamação da República, e enviado para Fernando de Noronha, com três mil soldados aquartelados, durante a Segunda Guerra Mundial. O livro (R$ 70) está disponível nas livrarias e no site lojaeditoraramalhete.com.br

FOLIA DE SANTA QUITÉRIA

A comunidade quilombola de Santa Quitéria, em Congonhas, sediou o 3º Encontro da Folia de Santa Quitéria e Menino Jesus. Com a presença de 11 grupos de folia de outras localidades, o festival teve café da manhã, procissão, almoço, missa e muita confraternização. Tesoureiro da folia anfitriã, Paulo Soares, de 77 anos, disse que participa desde criança e fica muito feliz em reunir as pessoas. “Os mestres-foliões têm a capacidade de contar nossa história”.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

MESTRE ATAÍDE

A Casa de Cultura – Academia Marianense de Letras (AML) convida para o lançamento do livro “O encontro de Deia com o Mestre Ataíde”, do acadêmico Saulo Camêllo. A lenda desse “encontro” celebra a rica herança cultural de Mariana, primeira vila, diocese e cidade de Minas, e traz aos tempos atuais o Mestre Ataíde, um dos grandes nomes do Barroco brasileiro. O lançamento da obra será no próximo sábado (6/12), às 19h, na Casa de Cultura-AML, em Mariana.

compartilhe