Um dos acusados presta depoimento durante o julgamento  -  (crédito: Marcelo Almeida/TJMG)

Um dos acusados presta depoimento durante o julgamento

crédito: Marcelo Almeida/TJMG

Dois homens suspeitos de tentativa de homicídio foram absolvidos em julgamento no 3º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, nesta quinta-feira (4/4), por falta de provas. Reginaldo Teixeira Rodrigues e Aguinaldo Martins Oliveira são acusados de tentar matar Alamando Gomes Pimenta, em 24 de julho de 2007, em Mateus Leme, na Grande BH. Rodrigues é ex-vereador do município, e Oliveira era policial militar.

 

O próprio promotor de Justiça pediu a absolvição dos réus, próximo do fim da argumentação do advogado de defesa. O representante do Ministério Público reconheceu a falta de provas para a condenação. Entre os argumentos apresentados pela defesa do ex-vereador, estava a falta de indícios de autoria.

 

O advogado dele alegou que, na época do crime, nenhum suspeito foi apontado, nem mesmo pela vítima de tentativa de homicídio que sobreviveu. A defesa ressalta que, somente em 2020, o sobrevivente mudou seu depoimento e passou a apontar Rodrigues como suspeito.

 

 

O advogado citou ainda o depoimento da médica que fazia o atendimento da vítima depois dos primeiros disparos no bar, quando um homem invadiu o hospital e alvejou várias vezes contra o acusado que estava sob seus cuidados. Quando foi ouvida, na fase de instrução do processo, a médica descreveu o atirador como um homem de estatura média e mais forte que o ex-vereador.

 

Em depoimento, o ex-vereador disse que era concursado da prefeitura de Mateus Leme e foi cedido à delegacia de polícia. Contou também que conhecia o ex-policial militar, mas negou que tenha participado dos crimes. Disse que só ficou sabendo do ocorrido no dia seguinte em que a vítima recebeu os tiros e foi levada para o hospital. Alegou que conhecia a vítima porque era comum receber denúncia contra ela na delegacia em que trabalhava. Ainda de acordo com ele, todas as acusações são falsas e fruto de perseguição política na região.

 

Já o ex-policial militar usou o direito de permanecer em silêncio.

 

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Relembre o crime

 

Em julho de 2007, Alamando Gomes Pimenta sofreu duas tentativas de homicídio. A primeira, em um bar de Mateus Leme. Dois homens chegaram em uma moto, um deles desceu e atirou contra a vítima que conseguiu escapar. Cerca de meia hora depois, Pimenta procurou socorro no hospital Santa Terezinha, e os mesmos homens foram atrás dele e fizeram novos disparos. Ele foi atingido por três tiros, mas sobreviveu.

 

Os réus foram denunciados por tentativa de homicídio, com recurso que dificultou a defesa da vítima e por motivo torpe. Segundo a denúncia do Ministério Público, Pimenta teria trocado tiros com policiais da guarnição de Aguinaldo, que prometeu matá-lo.

 

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Ainda de acordo com o MP, a vítima, na fase inquisitorial, “talvez por estar em choque pelo ataque sofrido”, não conseguiu identificar os homens que o atacaram. Como outras testemunhas não deram elementos suficientes para chegar à autoria do crime naquele momento, o MP, em setembro de 2012, optou pelo arquivamento da investigação.

 

Em 2017, a vítima, ao prestar depoimento em outros autos de inquérito sobre a participação do ex-vereador Reginaldo Teixeira Rodrigues em outros homicídios, traçou a identidade dos dois agentes que tentaram matá-lo em 2007. Novas investigações foram feitas, e a denúncia foi recebida em julho de 2020.

 

O júri, inicialmente marcado para acontecer em Mateus Leme, foi transferido para Belo Horizonte, porque o Tribunal de Justiça de Minas Gerais entendeu que havia risco de um dos réus influenciar a imparcialidade dos jurados. O Ministério Público ressaltou que o ex-vereador era bastante conhecido na região e temido pelo envolvimento em supostos crimes de homicídio.