Duda Salabert destina R$ 1 milhão a projetos de sustentabilidade do Departamento de Química da UFMG -  (crédito: Foca Lisboa/UFMG)

Duda Salabert destina R$ 1 milhão a projetos de sustentabilidade do Departamento de Química da UFMG

crédito: Foca Lisboa/UFMG

O Centro de Escalonamento de Tecnologias e Modelagem de Negócios (Escalab) do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (ICex) da UFMG foi beneficiado pelo aporte de R$ 1 milhão, oriundos de emenda parlamentar proposta pela deputada federal Duda Salabert (PDT). A decisão foi acordada na noite dessa segunda-feira (19/2).

Os projetos a serem contemplados ainda estão sendo selecionados, mas dentre os apresentados estão o Iara, o Recycle e o P4Tree, que utiliza urina para a produção de adubo. A ação, que já ocorreu em três edições do Carnaval de Belo Horizonte, captura o fósforo da urina de foliões e o transforma em fertilizante para plantas, mas devido a questões logísticas não pôde ser realizado neste ano. A previsão é que ele volte a ocorrer no próximo carnaval da capital mineira.

O processo é importante, pois apesar de compostos importantes para a adubação do solo serem encontrados na urina humana, quando descartada em lugares indevidos ela pode causar um grande problema ao meio ambiente. Quando dejetos sem tratamento são descartados na natureza em grande volume podem contribuir para a proliferação de micro-organismos e causar a eutrofização da água, uma nata verde e mal cheirosa comumente vista em rios e lagoas.

Para resolver a questão, o Escalab utiliza a tecnologia P4Tree (pee for tree). A técnica transforma o fósforo presente na urina em adubo. A substância é essencial para o crescimento de plantas.

Em 2019, os foliões de BH que usaram os banheiros químicos na cidade durante o Carnaval, puderam contribuir com o projeto, que fazia parceria com a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur). As substâncias presentes na urina se transformaram em adubo e foram destinadas ao Jardim Botânico, na Pampulha, e outros jardins e parques da capital.

O investimento já estava previsto no projeto pensando em transformar o carnaval de BH no carnaval mais sustentável do Brasil. Durante este ano, os recursos serão utilizados para aumentar a maturidade da tecnologia e melhorar a abordagem com os foliões fazendo com que o P4Tree esteja disponível no Carnaval de 2025. 

Inovação e sustentabilidade

De acordo com a diretora estratégica e comercial do Escalab, a química Maria Paula Duarte Oliveira, os projetos têm como objetivo conectar a universidade com demandas da sociedade. “As pesquisas acadêmicas precisam romper os muros da universidade para que possam causar impacto no nosso dia a dia. A sustentabilidade é uma pauta fundamental para que países evoluam e possam ser protagonistas nas mudanças do mundo. Assim, todos os projetos do Escalab tem esse foco”, conta.

Adepta das políticas públicas alinhadas à preservação do meio ambiente, a deputada Duda, que destinou verba aos projetos, se mostrou animada ao ter destinado os recursos e reforçou a importância de projetos de sustentabilidade existirem. “Quando deparamos com projetos como esses, especialmente nesta época de crise climática, percebemos o quanto a universidade, assim como a política, é uma engrenagem fundamental para a transformação social e a soberania de um país”, afirmou.

Rochel Montero Lago, que está à frente do projeto e coordena uma equipe de 32 profissionais, ressalta a importância das ações desenvolvidas no Escalab. “A proposta do Escalab é oferecer produtos tecnológicos de sustentabilidade para a sociedade, e esse aporte de recursos será aplicado, prioritariamente, nos projetos de maior impacto, especialmente junto às populações vulneráveis”, disse. 

Escalab

O Escalab é um centro de escalonamento de tecnologias e modelagem de negócios, idealizado com base em parceria entre a UFMG, o INCT Midas e o CIT Senai. A estrutura integra o Departamento de Química, responsável por 80% das patentes registradas pelo Instituto de Ciências Exatas (cerca de 26% do total da UFMG). O Departamento abriga 42 grupos de pesquisa, 600 alunos de graduação e oferece duas pós-graduações.

O centro tem a visão de ser referência nacional em criar soluções e tecnologias que promovam o desenvolvimento econômico, social e ambiental no Brasil. Para isso, a equipe busca, cada vez mais, parcerias e projetos para gerar impacto na sustentabilidade do país.