Com Bel Ferraz, Bruno Nogueira, Fernanda Tubamoto, Lucas Bretas e Mariana Costa

 

Quando a dupla Dodô e Osmar revolucionou o carnaval em Salvador, ainda na década de 1950, criando o trio elétrico e a guitarra baiana, eles criaram uma conexão com o Brasil inteiro ao permitir que a festa de rua se transformasse na maior manifestação cultural do país.

Ontem, o Baianas Ozadas e o Havayanas Usadas transformaram as ruas de Belo Horizonte em Salvador, em uma festa digna dos pais do carnaval de rua. Fuzuê, furdunço, arrastão, não importa o termo usado para descrever o turbilhão de emoções que é o carnaval. Por um dia, Minas Gerais fez festa com a Bahia.

O Ozadas abriu o desfile com a tradicional lavagem das escadarias da Igreja de São José, na Avenida Afonso Pena. O grupo exaltou Oxóssi, rei das matas e florestas, e prestou reverência à Mãe Stella de Oxóssi, importante líder religiosa da capital baiana, que morreu em 2018.

A alguns quilômetros de distância, o Usadas levou uma bateria de 170 integrantes até a Avenida dos Andradas, além de uma ala de dançarinos com 70 pessoas, promovendo a conexão cultural entre Minas e Bahia com o tema “Axé da Montanha”. Teve até homenagem a Iemanjá.

Seja no batuque do axé, no samba, na música popular brasileira, o carnaval é festa. Ontem teve estreante levando para a Avenida Brasil o melhor da Tropicália e do Clube da Esquina. A boa surpresa do novo bloco Tropicalize capturou a atenção dos foliões que não conseguiram se deslocar até um dos points de Salvador na capital. “Caí aqui do nada, mas estou amando, porque é o melhor do carnaval”, disse Isis Faria, de 26 anos.

Teve ainda festa de Momo longe da Afonso Pena. O bloco Não Acredito que Te Beijei levou folia para o Barreiro, enquanto o Unidos do Barro Preto teve seu tradicional banho de lama no 12º desfile com seu minitrio elétrico. No Floresta, a Corte Devassa homenageou mulheres do esporte brasileiro. No Pompeia, o É o Amô mostrou que cabe batucada no clássico sertanejo.

Se a os versos de “Baianidade Nagô” dizem que o carnaval na Bahia é a oitava maravilha, a festa em BH só pode ser a nona. “Eu queria que essa fantasia fosse eterna. Quem sabe um dia a paz vence a guerra. E viver será só festejar”. Viva Salvador, viva BH.