Bailes de carnaval no Automóvel Clube e no Country Club, em fevereiro de 1959 -  (crédito: Francisco Motta/Arquivo EM)

Bailes de carnaval no Automóvel Clube e no Country Club, em fevereiro de 1959

crédito: Francisco Motta/Arquivo EM

“Cerca de dez mil forasteiros na cidade para o carnaval”, noticiou a capa do Estado de Minas em 10 de fevereiro de 1959. Apesar de significativo, quão surpresos estariam os jornalistas daquele ano ao descobrir que, em 2024, 65 anos depois, o número de “forasteiros” e foliões esperados cresceria em 550 vezes, chegando a 5,5 milhões de pessoas agitando as ruas da capital mineira até terça-feira. “As principais casas de hospedagem da capital estão superlotadas e impossibilitadas de atender aos constantes pedidos de reserva que ainda chegam de diversos pontos do Estado e do país”, conta o texto daquela época. Os hotéis Amazonas, Ambassy, Bragança, Financial, Normandy, Itatiaia e Gontijo foram alguns dos procurados pela reportagem. Todos no Centro e, naquela época, eram alguns dos maiores e mais luxuosos locais de hospedagem de Belo Horizonte. “No Hotel Itatiaia, acham-se hospedadas 250 pessoas, 90% das quais procedentes do Rio e São Paulo. No Amazonas e no Normandy, encontram-se registrados, respectivamente, 135 e 165 hóspedes. Igual fenômeno é observado no Ambassy que tem os seus 100 apartamentos ocupados; no Hotel Gontijo, com sua capacidade excedida pela avalanche de hóspedes que procurou a casa e, finalmente, o Hotel Bragança que está igualmente com a sua lotação quase que completa”, informa a reportagem. Em 2024, o cenário é parecido, mas em uma escala bem maior. Belo Horizonte recebe neste ano o maior carnaval da história da cidade agitado pelos blocos de rua, que somam mais de 500 cadastrados na Belotur. Entidades sindicais ligadas ao setor hoteleiro previam taxa de ocupação superior a 80%. A grandiosidade do carnaval da capital mineira chegou a ser reconhecida em matéria publicada na sexta-feira passada pela BBC, veículo de comunicação britânico, que apontou o carnaval de BH como o preferido para o brasileiro. “Este ano, os brasileiros parecem ter reconhecido que o coração da cultura carnavalesca não é no Rio, mas na pouco conhecida Belo Horizonte”, destaca a matéria.