"Quando cheguei, falei: ‘É o primeiro modelo de negócio que eu conheço na minha vida que você paga para trabalhar’. A verdade era essa"

crédito: TV ALTEROSA/REPRODUÇÃO

“Eu costumo brincar que o carnaval de Belo Horizonte de 2023 para 2024 cresceu 10 anos”, afirma a presidente da Liga Belo-Horizontina de Blocos Carnavalescos, Polly Paixão, ao comentar a evolução da folia na capital mineira. Em entrevista ao EM Minas, programa da TV Alterosa, Estado de Minas e Portal Uai, nesse sábado (10/2), a também consultora empresarial dos blocos Baianas Ozadas, Funk You e Banda Mole fala ainda sobre a nota emitida pela Liga, que protesta contra a vinda de artistas para a capital durante o carnaval de forma isolada, um cenário que, para ela, inviabiliza as atrações locais.



Polly destaca que a participação de um artista em um bloco fortalece o cenário construído por esse bloco. Como exemplo, ela cita a banda mineira Lagum, como estreante, e o ator Alexandre Nero na Banda Mole. Confira esses e outros pontos da entrevista do EM Minas.

 

Como é a sua relação com o carnaval e como você foi parar nesse negócio?


Tem alguns anos que eu não curto mais o carnaval. Eu só trabalho, mas sempre gostei muito. Sou consultora empresarial, formada em comunicação e tenho uma especialização em administração. Trabalhava no Espírito Santo como consultora empresarial no “boom” imobiliário no estado. Então, as imobiliárias pequenininhas de repente viraram grandes imobiliárias. Eu trabalhava lá exatamente fazendo essas consultorias, em como resolver a empresa do dia para a noite. A empresa ficava gigante. Então, vim para Belo Horizonte, conheci o Geo do Baianas Ozadas, que também estava como nessa história das imobiliárias - era pequenininho, de repente ficou grande e não sabia como é que fazia: ‘O que eu faço? Já larguei um emprego, não dou conta de organizar e a conta não fecha, ninguém me ouve na avenida. O que que eu faço?’. Então tudo começou dessa forma.

Você veio trazendo uma reestruturação do bloco para que ele pudesse acompanhar o crescimento dos blocos na rua. Quais foram os pontos que foram preciso mexer?


Quando conheci o Geo, percebi fundamentalmente que eles juntavam um dinheirinho daqui e dali. Ninguém ganhava. Muitos não eram profissionais e tinham só boa vontade. Então, saía aquele bloco gigante, com milhares de pessoas na rua, em que ninguém escutava ninguém. Eu olhei aquilo e falei: ‘É o primeiro modelo de negócio que eu conheço na minha vida que você paga para trabalhar’. Porque a verdade era essa. Foi quando a gente começou a pensar sobre patrocínio. Então, muito rapidamente nós trouxemos os maiores blocos da cidade para conversar com uma cervejaria que estava interessada em patrocinar o carnaval de Belo Horizonte e queria entender a necessidade de cada um. Infelizmente, nesse primeiro momento, os outros parceiros de mesa não toparam, mas o Baianas Ozadas topou. Nessa época, um dos motivos foi a cisão, inclusive. É nesse cenário que eu entro efetivamente no carnaval de Belo Horizonte, foi junto com o patrocínio e o primeiro bloco a sair patrocinado da cidade, com o maior trio elétrico que a capital já tinha visto. Era com remuneração pequena. Sim, por que não? A gente precisava ter um crescimento estruturado. Para você ter isso, primeiro você precisa ter um profissional, você precisa pagá-lo, você precisa investir na mão de obra. Então, entendo que o patrocínio foi bem-vindo.

 

Os blocos, de alguma maneira, viveram ou ainda vivem esse drama. De crescimento, porém não conseguem fechar o balanço.


Exatamente. Eu acho assim, quanto mais cresce, mais cara fica a conta. E ela não é proporcional, na verdade, é uma conta exponencial. Porque quanto mais eu cresço, mais eu vou precisar de, por exemplo, mais segurança, mais som, de profissional. Então, quanto maior, mais caro de uma forma exponencial. Então, o crescimento sem dinheiro é prejudicial.

 

Esses blocos atuais, obviamente, nasceram como uma forma de protesto, de manifestação política. E, hoje, isso é um pilar da filosofia desses blocos. Então, rejeitar um patrocínio faz parte dessa ideologia dos blocos?


Na Liga Belo- Horizontina, da qual sou presidente, todos os blocos entendem o papel do patrocínio e querem ser patrocinados. Então, não existe essa divergência lá dentro. A nossa premissa inicial, inclusive, é ser um bloco que quer crescer ainda mais e que aceita e entende o papel do patrocinador no negócio. Vamos falar assim. Que, para mim, o carnaval sempre foi um negócio. Mas eu diria que o carnaval de Belo Horizonte surgiu em duas etapas. Então, a gente está falando de 2009, do Movimento Fora Lacerda, das praças, em que o movimento surge nesse protesto. O Baianas não nasce nesse contexto. O Baianas nasce em 2012 como uma ala de baianos invadindo outros carnavais e que depois, no seu ano seguinte, já saiu como um bloco mais estruturado. Depois desse início, em 2009, a gente perdurou. Então, eu entrei no carnaval, em 2016, mas vejo que, de 2017 a 2018, houve um “boom” no carnaval, ou seja, os bloquinhos se multiplicaram. Mas porque já tinha o patrocínio, já não era uma galera totalmente sem nada, fazendo ali “o corre”, como se diz, pra conseguir colocar o bloco na rua. Surge bloquinho para tudo quanto é lado da cidade, em várias regionais, com várias causas, com várias bandeiras - o que é bem interessante. Então, eu diria que há esses dois momentos, do momento inicial, político, e do segundo momento, da expansão.

Este está sendo o melhor carnaval dessa fase?


No meu ponto de vista, sim.

 

No carnaval de Belo Horizonte, como um todo, você mudaria alguma coisa na gestão dele?


Hoje eu acho que a gente está indo pelo bom caminho. Sempre achei, inclusive. Foi a Liga Belo-Horizontina uma das protagonistas da grande mudança que a gente está tendo no carnaval este ano, que são as avenidas sonorizadas. Eu sempre achei que a gente precisava ter em Belo Horizonte o circuito, mas, quando falo circuito, não é camarotização. Sou contra a camarotização, antes que venham dizer algo contrário. Mas, assim, o Baianas, por exemplo, sempre saiu na Av. Afonso Pena e sempre saiu abaixando de galho e levantando sinal. Quando assistimos aos grandes carnavais que a gente tem no Brasil, vemos as avenidas preparadas para isso. Então, sempre achei que a gente precisava ter vias maiores para ter esse carnaval. Tentaram lançar a Região da Pampulha, mas ela é fora do Centro, tem um acesso mais difícil, não tem metrô, são menos ônibus e não é a população em geral que consegue acessar. Eu costumo brincar que o carnaval de Belo Horizonte de 2023 para 2024 cresceu 10 anos. Porque, embora seja um ponto de divergência. Lá atrás, quando o Baiana saiu patrocinado, em 2017, só ele saiu patrocinado no carnaval inteirinho. Todo mundo xingou, todo mundo reclamou. Eu virei a Yoko Ono do carnaval - eu era a pessoa que tinha separado o Baianas Ozadas e que tinha trazido uma cervejaria para patrocinar o carnaval. Mas o legal foi ver no ano seguinte todo mundo correndo atrás e muitos dos blocos que sentaram com a gente na mesa, inclusive, saíram patrocinados.

 

 

Então você acha que avenida sonorizada é uma evolução importantíssima que veio para o carnaval?


Acho. E hoje ela divide opiniões. Mas, lá no patrocínio, em 2017, também teve. Em 2018, um monte de gente que reclamou, saiu patrocinado. Então eu acho que a avenida sonorizada chega vai trazer um benefício muito grande para o carnaval. Isso é um teste, mas a ideia é que ano que vem se amplie cada vez mais, porque nós queremos ser a cidade do maior carnaval do Brasil. Por que não? Então, eu acho que ano que vem esses ânimos se acalmam. Assim como se acalmaram com o patrocínio lá atrás.

 

E você acha que a rejeição em relação à avenida sonorizada está mais para uma questão técnica ou ainda nessa questão ideológica dos blocos?


Eu acho que talvez ideológica, porque tudo que é novo assusta o mineiro. Então, não era patrocinado, aí virou patrocinado. ‘Ai meu Deus do céu, mas será que eu estou corrompendo algum princípio meu? Então eu não quero.’ ‘Ah, mas o fulano fez, deu certo, então agora eu quero.’ A mesma coisa a avenida sonorizada. Eu acho que nesse momento está dividindo opiniões, depois vai funcionar. Para você ter uma ideia, até a segurança do folião aumenta nesse ambiente de avenida sonorizada, porque não precisa ficar todo mundo colado, muito socado ali atrás do trio para ouvir. Eu posso ficar ali tranquilo tomando minha cerveja, procurando alguém para beijar, fazendo o que eu quiser ou olhando meu celular ali, por que não? Mas com cuidado. Não preciso ficar ali atrasando, pra eu escutar. É como se fosse um show com telão e um show sem telão. Sabe aquele show lotado que você vai e que tem o telão? Você fica lá atrás, você está escutando show e vendo tudo do mesmo jeito.

 

No ensaio na Avenida dos Andradas houve algumas reclamações, teve roubo de celular, e a Polícia Militar chegou a usar spray de pimenta. Como é a relação dos blocos com bombeiros e com a Polícia Militar?


A gente sempre teve uma relação muito boa com a polícia, os bombeiros, a Polícia Militar, com o pessoal da prefeitura, que faz a fiscalização. A gente entende que essas pessoas estão ali para nos ajudar, para nos assegurar. Infelizmente, às vezes acontecem ações truculentas em lugares errados com pessoas erradas, e isso aparece na mídia, o que eles fazem de bom nunca aparece. O que eles organizam, o que eles cuidam nunca aparece. A gente sempre teve uma relação muito boa com a Polícia Militar e eles sempre nos ajudaram muito.

 

Este ano são mais de 500 saídas de blocos em Belo Horizonte. A prefeitura, obviamente, não consegue bancar isso também, como é essa participação da prefeitura no carnaval de BH?


É essa questão do patrocínio de novo batendo à porta. O que acontece é que, até 2020, a prefeitura tinha grande patrocinador, que era uma cervejaria. A partir de 2020, a cervejarias e os grandes patrocinadores, eles começaram a entender que o legal não era patrocinar a prefeitura, mas sim o bloco, porque quando a imprensa vem, ela quer mostrar o bloco, não é a rua, não é o banheiro que está com a minha logomarca e isso acabou causando uma situação desconfortável entre a prefeitura e os blocos. A prefeitura enxerga os blocos como rivais. O patrocinador está roubando o patrocínio dela de repente. Nesse carnaval, eu presenciei várias marcas fortes e grandes fugindo do carnaval de BH, pois a gente tem um problema estrutural. Belo Horizonte tem um código de posturas que serve para o ano inteiro para ativação de marcas. Então, por ser um carnaval recente, não tem uma lei específica do carnaval. Nós tentamos correr, até com uma boa vontade de alguns vereadores, mas para este ano não foi possível. A gente torce muito para que em 2025 a gente já tenha essa lei específica para o carnaval. O que acontece é que o código de postura é muito fechado. Então, espanta o anunciante, porque ele acha que é muito caro investir, muita contrapartida que se pode dar. Por exemplo, um patrocinador não pode entregar nenhum leque no carnaval, nem dentro do bloco nem fora dele. Isso está no código de posturas.

 

Então, por exemplo, a exibição da marca é pequena demais e o patrocinador não vê benefícios.


Eu entendo que a prefeitura queira ofuscar ao máximo. Porque também é assim, a gente entende que a prefeitura precisa de um dinheiro também para fazer o carnaval, porque a movimentação é gigante desses 500 blocos em vários bairros. O carnaval de Belo Horizonte é bem descentralizado e essa é uma das nossas particularidades. Então, a prefeitura precisa de dinheiro, mas eu acho que não precisa ter essa rivalidade. Tem espaço para todo mundo.

 

Mas o bloco pode ter patrocínio direto?


Claro, desde 2020, depois da pandemia. Desde 2023, a gente tem [patrocínio] via projetos de lei de incentivo estadual e a gente tem verba direta também. A gente corre atrás. Na verdade, são muito mais os blocos precisando do que a oferta. Os poucos que querem chegar aqui estão assustados por conta desse código de postura. Então, é pequeno o percentual de blocos que têm patrocínio, que têm apoio hoje e os poucos que querem patrocinar ainda se afugentam. A gente teve um grande patrocinador do ano passado, que a gente não vai entrar em detalhes aqui de marcas, que apostou, que colocou o dinheiro dele e estse ano fugiu. Não quis. Então, o pouco que a gente tem, temos que dividir com um monte, e os novos que chegam não se mantêm. É um imbróglio muito grande que se passa entre prefeitura querer dinheiro e vetar o patrocinador que quer o bloco. E o bloco que precisa do dinheiro, a prefeitura que não dá conta de pagar subsídio pra todo mundo.

 

O edital, especificamente da saída dos blocos, é suficiente ou ele precisa de mudanças?


Quando a gente fala de carnaval, a gente está falando de uma cena muito plural. O edital é dividido em A, B e C. Então, se eu disser na realidade da Liga Belo-Horizontina, que são só blocos gigantes, mesmo o A, que são R$ 21.500, é insuficiente. Um trio elétrico custa R$ 40 mil. Isso de um bloco. Só de segurança eu gasto R$ 40 mil. São 140 seguranças nos blocos grandes. Então, é insuficiente. Eu não posso dizer que essa é a realidade inteira do carnaval, mas ele é muito plural. Tem bloco ali que está recebendo, se não me engano, R$ 15 mil que pode pagar a história dele toda ali, mas para os grandes blocos não resolve e o carnaval não pode ser visto assim dessa forma, uniforme como a prefeitura quer lançar o edital e fazer acontecer. Não é assim. Existem blocos âncoras que trazem os turistas para a cidade. E quando a gente fala de turismo, a gente tem que pensar, até que ponto a Belotur tem que cuidar da cultura e não do turismo. Pois, se ela for pensar em turismo, ela não vai pensar em ter 500 blocos. A gente não vai pensar em ter 500 blocos, a gente vai pensar em ter blocos âncoras, que trazem o turismo. Estou falando de turismo. Não estou criticando os 500 blocos, que eu acho superlegal ter todos os tipos de representatividade. Mas, de uma certa forma, não são os 500 que trazem o turismo para Belo Horizonte e o dinheiro que o turista traz para Belo Horizonte.

 

A liga soltou uma nota detonando a vinda de grandes artistas, especificamente o Michel Teló, que vai tocar de graça no Mineirão. Por que esse protesto?


Esse carnaval aqui a gente fez com muita luta. Você vai me dizer: ‘O Lagum também está saindo’, mas eu não estou brigando com o Lagum, pois ele é de Belo Horizonte. Ele fortalece a nossa cena. Agora, como que um forasteiro entra aqui sem ao menos ser convidado de um bloco? Se ele viesse no Baianas Ozadas, dando um exemplo, ele somaria e traria mais gente. Por que ele tem que sair lá isolado? Ele vem tirar proveito de algo que a gente vem construindo desde 2009. Temos que brigar mesmo. A gente entende como uma invasão uma pessoa que chega, que não fez parte da construção e que simplesmente se coloca para atrair o público de uma coisa que foi feita por nós. Eu acho que não deveria ser um protesto da Liga Belo-Horizontina, deveria ser um protesto de todos os blocos do carnaval de Belo Horizonte. ‘Então espera aí, estão roubando meu espaço, estão roubando a minha cena.’ Porque se ele viesse convidado por um bloco, eu acho que agregaria.

 

 

Todo esse esforço para captar patrocínio e para organizar e vem um artista no Mineirão. Divide a audiência.


Claro que vai dividir. Quem diz que não, não é muito realista. A gente está falando de um artista nacional, que tem um grande público. Sabe aquela brincadeira de ‘chegou agora e quer sentar na janela’? Então a gente tem que puxar da janela. Ajudem bloquinhos, que ainda dá tempo.

 

Mas assim, de qualquer maneira, ter atrações assim, de perfis diversos, isso não amplia essa diversidade, não amplia e agrada ao público?


Sim. Eu penso que se ele fosse convidado, sim. Vou dar um exemplo com nomes. O bloco Beiço do Wando já trouxe a Gretchen. Super legal. O artista convidar o outro artista maior que ele, um artista nacional. O Baianas Ozadas trouxe o Alexandre Nero na Banda Mole. Superbacana. A gente está trazendo visibilidade, mas através de quem fez. Não é fazer uma coisa ali à parte, roubando a cena que nós construímos com tanta luta. E tem muito bloco aí que desfila sem nunca ter visto nem um real, nem o subsídio da prefeitura. Então, acho que é um certo desrespeito. A gente precisa se unir, porque senão, se um tá vindo este ano, imagina ano que vem? Eu gosto de ampliar as coisas para o ano seguinte, porque eu tenho essa experiência. Então, imagina o ano que vem se a gente ficar quietinho. Daqui a pouco nós estamos apagados. Os outros nacionais estão aí, pegando o patrocínio que a gente suou para conseguir e que nem todo mundo conseguiu ainda, entende a forma de pensar futurista? Não é um hoje, é um monte de amanhã, que é assim que funciona.

 

E você sai em quantos blocos? Quando chega na quarta-feira você fala: “nossa, estou destruída”?


Nada. Quarta-feira ainda tem trabalho. Além de produzir blocos, eu escrevo projetos de lei. Na quarta-feira tem um bloco que eu escrevi. E, inclusive, quero convidar todos para o [bloco] Magia Negra, que é superlegal. O arrastão deles vai sair na Quarta-feira de Cinzas. Os meus blocos encerram na quarta. Mas tem muito carnaval, tem pós-carnaval, tem ressaca de carnaval.

 

E você toca tambor. Você não se diverte mais com o carnaval mesmo?


Eu aprendi a tocar, mas hoje em dia só dá tempo de trabalhar. Desde 2016.

 

A imensa maioria dos blocos está na zona sul. Porque os cortejos estão muito concentrados?


Zona Centro-Sul. Tanto que, no edital de patrocínio da Belotur, ganha ponto quem não é dessa região. Vem daquela questão de até onde isso é bom para cultura e até onde isso torna o carnaval de Belo Horizonte uma estrutura muito cara para o turismo. Para a prefeitura pagar. Eu acho que o turismo briga um pouco com a cultura. Se a gente for pensar de forma separada. Então, a gente tem bloco pela cidade inteira, é estrutura na cidade inteira, é banheiro na cidade inteira e é uma operação de uma cidade inteira. n