Iniciativa de conscientização contra o bullying em escola de BH: para psicóloga, informação, diálogo e transparência, sem minimizar o problema, são essenciais
 -  (crédito: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press – 28/3/2016)

Iniciativa de conscientização contra o bullying em escola de BH: para psicóloga, informação, diálogo e transparência, sem minimizar o problema, são essenciais

crédito: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press – 28/3/2016

Para enfrentar o problema do bullying que aflige pais e estudantes, especialmente no período de volta às aulas, a psicóloga clínica Cynthia Coelho diz que a solução passa por informação e diálogo, criando uma cultura de transparência nas relações no ambiente escolar. “É importante conversar com pais e alunos sobre bullying, discriminação, segurança, seja em palestras, vídeos ou trabalhos escolares, de modo a instruir, conscientizar e educar as crianças e os adolescentes sobre o tema”, aconselha.

Segundo a especialista, também é importante orientar os alunos quanto à necessidade de denunciar qualquer tipo de agressão ou violência sofrida ou testemunhada, de ordem física ou psicológica, no ambiente escolar ou virtual – o chamado cyberbullying – para que a escola tenha ciência do fato e possa tomar as medidas educativas necessárias.

Já as instituições de ensino devem adotar uma política de tolerância zero com atitudes hostis na escola, afirma, seguindo rigorosamente as orientações do Estatuto da Criança e Adolescente sobre o assunto, destaca a especialista. “É preciso ensinar que bullying é crime, e que deve ser tratado como tal, com o rigor que a lei determina. A criança ou adolescente que pratica bullying e outros tipos de agressão, em geral, também precisa de ajuda e suporte, pois muitas vezes essa pessoa já foi ou é vítima desse tipo de comportamento ou vive algum tipo de sofrimento e adoecimento psíquico ou violência doméstica.”

A psicóloga acredita que a entrada em vigor da lei que criminaliza o bullying pode ajudar a reduzir os casos. “O fato de haver uma lei que responsabilize e puna o praticante de bullying (e, no caso de menores de idade, seus pais) certamente vai desestimular as agressões. A aprovação da lei traz uma publicidade importante para o tema, agindo também de forma educativa ao tornar pública a informação de que bullying é crime, e não um conjunto de brincadeiras de mau gosto, como já se pensou no passado.”

Ainda segundo a especialista, a aplicação adequada da lei também vai ajudar a reduzir os casos na medida em que os agressores forem punidos.

Bullying não é brincadeira

Orientações para os pais para prevenir e enfrentar o problema


• Estejam atentos às mudanças de comportamentos dos filhos como irritabilidade, tristeza sem motivo aparente, alterações no apetite ou sono, queda brusca no rendimento escolar, comportamento antissocial e isolamento, agressividade. Podem ser sinais de que algo errado está acontecendo.

• Conversem com seus filhos sobre a rotina escolar e sobre seus colegas mais próximos. Se possível, tentem conhecer esses colegas, criem situações para recebê-los em casa, observem como eles se relacionam. Criar um grupo de pais para trocar informações também pode ser interessante.

•Observem sinais corporais de algum tipo de violência, como hematomas, mordidas ou arranhões, e estejam atentos a sinais de automutilação, como cortes pelo corpo, machucados constantes e o uso de roupas de manga longa em dias de calor, que podem esconder machucados. Observem também se há sinais de vômitos induzidos – algumas pessoas podem desenvolver transtornos alimentares quando sofrem críticas constantes em relação ao seu peso ou aparência.

• Frequentem as escolas de seus filhos, participem das reuniões de pais, procurem saber sobre o ambiente escolar. Conheçam os coordenadores da escola, peçam informações sobre o comportamento de seus filhos. Podem ser surpreendentes as descobertas feitas nesses contatos.

• Ouçam o que os filhos têm a dizer. Às vezes, os pais podem não acreditar em uma narrativa de agressão sofrida ou testemunhada, mas é importante acreditar e verificar o que foi dito por eles.