Secretário afirma que mesmo com chances pequenas de complicações em partos humanizados, é preciso de uma estrutura de CTI em caso de emergência -  (crédito: Reprodução/Google Streetview)

Secretário afirma que mesmo com chances pequenas de complicações em partos humanizados, é preciso de uma estrutura de CTI em caso de emergência

crédito: Reprodução/Google Streetview

O secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Danilo Borges Matias, explicou que a prefeitura não abriu a maternidade Leonina Leonor, na região de Venda Nova, por não haver uma estrutura hospitalar adequada para receber um centro de parto normal. O assunto ganhou notoriedade nesta semana após a deputada federal, Duda Salabert (PDT-MG), ter compartilhado que a administração da capital mineira teria recusado recursos de emenda parlamentar para partos humanizados no local.

 

Em entrevista ao Estado de Minas, nesta quinta-feira (14/12), o gestor ressaltou que o próprio Ministério da Saúde tem preconizado, que mesmo com as chances baixas de complicações nesse tipo de atendimento, é preciso ter uma estrutura que atenda situações de emergência no local. “Temos que garantir a assistência da mãe e do recém-nascido. As mortes materna-infantis são intoleráveis, é uma responsabilidade muito grande fazer um centro de parto normal longe de uma estrutura hospitalar”, disse.

 

O prédio onde se encontra a unidade ficou pronto ainda em 2009, ainda na gestão do ex-prefeito Márcio Lacerda (Sem partido), mas nunca foi aberto. Em 2019, o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), e a gestão da Secretaria Municipal de Saúde, sob chefia do ex-secretário do Dr. Jackson Machado, estudou a rede materno-infantil de BH e o imóvel, optando por não destiná-lo a um centro de parto normal.

Segundo Danilo Matias, um centro deste porte precisa estar acompanhado de um bloco cirúrgico, Centro de Terapia Intensiva (CTI) e outras estruturas que dariam suporte ao atendimento emergencial. “Particularmente, neste prédio, não temos estrutura para gases medicinais, fundamentais. Não se tem estrutura de elevador que comportasse maca. Teríamos que transformá-lo em um hospital complexo”, emendou.

 

O secretário informa que dados demonstram que o número de partos tem diminuído em BH nos últimos anos, mas a prefeitura está se preparando para uma reversão no quadro e qualificando a maternidade do Hospital Metropolitano Odilon Behrens (HOB), prevendo uma inauguração de uma nova maternidade em meados de 2024.

 

“É um hospital de porta de entrada para gestações de alto risco, com uma equipe qualificada e toda estrutura hospitalar. Será um edifício de seis pavimentos, 50 leitos, e vai abrigar tanto um CTI neonatal, bloco cirúrgico e cinco salas de parto humanizado. Vamos ter dentro do anexo de uma estrutura hospitalar e avaliamos que ela é suficiente para suprir nossa demanda”, explica.

 

Prefeitura está aberta para recursos

 

O secretário também esclareceu que não houve uma recusa dos recursos destinados por Duda, no valor de R$ 18 milhões, mas que os valores seriam muito bem-vindos para a rede de saúde de BH.

 

“Queremos os recursos, temos projeto para os recursos, inclusive melhorando a qualidade na assistência das mães e todas aquelas em situação de vulnerabilidade. O próprio Centro de Atendimento à Mulher, batizado de Leonina Leonor, já oferece consultas de pré-natal de alto risco, em ginecologia, mastologia, planejamento sexual e reprodutivo e um olhar muito diferenciado para mulheres em situação de vulnerabilidade e adolescentes. Queremos os recursos para ampliar esse serviço, todo recurso é bem-vindo”, frisou o secretário Danilo Matias.

 

Duda também havia destacado que a abertura da maternidade em Venda Nova seria importante para pensar a redução da mortalidade materna em BH, tendo em vista a situação de vulnerabilidade social da região. O secretário ressaltou que entende a questão, mas que a prefeitura tem tido um diálogo importante com a maternidade do hospital Sofia Feldman, já na região Norte e que poderia atender com mais segurança às mães das comunidades do entorno.

 

“Temos o interesse em ampliar a capacidade do Sofia, já tivemos reuniões com a diretoria e estamos auxiliando no pleito de mais recursos junto ao Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde. Confiamos no trabalho realizado no hospital e esse trabalho de parto humanizado é feito com maestria. (...) Vale ressaltar que ele está a 2km do Centro de Atendimento à Mulher Leonina Leonor”, disse.