asdf -  (crédito: Tùlio Santos/EM/D.A press)

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crédito: Tùlio Santos/EM/D.A press

Em 2012, surgiu no Bairro Estrela, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, um museu com uma proposta diferente. Localizado no número 708 da Rua Santo Antônio do Monte, o Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos, mais conhecido como Muquifu, tem como objetivo contar a história de Belo Horizonte a partir de outra perspectiva: a dos moradores das favelas. “Foi uma necessidade da própria comunidade, já que nós, negros e negras favelados, faveladas, não nos sentimos representados nos museus que narram a história na perspectiva da visão branca e dos colonizadores”, conta padre Mauro Luiz da Silva, um dos responsáveis pela administração do espaço.

De acordo com o padre, o pontapé inicial para a iniciativa foi a desapropriação de várias casas na Vila de Santa Lúcia em função do projeto da Prefeitura de Belo Horizonte “Vila Viva”, que realiza intervenções em diversas áreas da cidade, como obras de saneamento, construção de unidades habitacionais e remoção de famílias. “As pessoas começaram a se questionar onde ficariam registradas essas histórias do tempo em que elas viveram, construíram casas e famílias”, conta. O movimento começou com um lugar chamado Memorial do Quilombo que se transformou no Muquifu no em 30 de novembro de 2012. Na época, padre Mauro, responsável pela paróquia local de Nossa Senhora do Morro, incentivou os moradores da região a levarem objetos que contassem histórias pessoais. “Falei para levarem algo que contasse sobre a pessoa ou a família, principalmente aquelas que estavam sendo retiradas, como uma forma de manter alguma coisa dessas pessoas.”, explica.

Desde então, é assim que o acervo do museu, que conta com fotos, documentos, pinturas e objetos diversos, é montado: com doações espontâneas de moradores e visitantes. “Nós perguntamos sobre a história, por que a pessoa está trazendo o objeto e separamos cada um de acordo com o tema.” A exposição é separada em temas sacros, como os afrescos em uma capela localizada no espaço, e do cotidiano e trabalho daqueles que doaram os objetos. Com recursos limitados, se sustentando com a venda de dois catálogos que falam sobre o espaço e com a ajuda da população, o museu hoje fica aberto às terças e quintas-feiras, das 13h às 17h, e a administração é feita por um coletivo de nove pessoas. Padre Mauro conta que a média de visitantes é de cerca de 500 por mês, e o local é muito visitado por escolas públicas e particulares e universidades, além dos moradores da região que vão ver as suas histórias expostas.