Beatriz foi a primeira professora de Física do Colégio Estadual Central, nos anos 1940, época em que as mulheres ensinavam apenas trabalhos manuais, ginástica e culinária -  (crédito: UFMG/REPRODUÇÃO)

Beatriz foi a primeira professora de Física do Colégio Estadual Central, nos anos 1940, época em que as mulheres ensinavam apenas trabalhos manuais, ginástica e culinária

crédito: UFMG/REPRODUÇÃO

Morreu, neste domingo (19/11), a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Beatriz Alvarenga Álvares, aos 100 anos. Ela foi uma das primeiras mulheres a se formar na escola de engenharia, em 1936.

O velório está marcado para as 15h30 da segunda-feira (20/11) e acontecerá no Memorial Parque da Colina.

Beatriz nasceu no interior de Minas Gerais, na cidade de Santa Maria de Itabira, em 1923. Filha do farmacêutico Trajano Procópio de Alvarenga, ela se mudou para Belo Horizonte aos 10 anos de idade, buscando uma melhor educação para seus 12 irmãos.

Uma das pioneiras da ciência no Brasil, Beatriz foi a primeira professora de Física do Colégio Estadual Central de Belo Horizonte (Escola Estadual Milton Campos), nos anos 1940, época em que as mulheres ensinavam apenas trabalhos manuais, ginástica e culinária. Em 1968, foi uma das responsáveis pela criação do Departamento de Física no Instituto de Ciências Exatas da UFMG

Em 1968, fez parte do grupo de professores que criou o Departamento de Física no Instituto de Ciências Exatas da UFMG. Até então, o curso funcionava na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Aposentou-se em 1987.

Apesar de não ter se formado em física, Beatriz é uma das mais conceituadas estudiosas da matéria. Em uma entrevista ao Estado de Minas, em 2011, ela lembrou que na época em que se formou, os estudos eram pagos. "Não havia ensino gratuito como hoje." Logo após concluir o curso, foi convidada para ser professora de física na escola. "Naquela época não havia livros. O professor fazia resumos, que eram chamados de 'bentas', e os alunos estudavam por eles", contou. As 'bentas' eram o equivalente às atuais apostilas. "Acho que o nome surgiu pelo fato de serem uma verdadeira bênção. Sempre tinha um aluno responsável por datilografar e distribuir cópias para os colegas", recordou ela à época.

Lecionou por quase 30 anos e escreveu livros didáticos utilizados por várias gerações de alunos. Mesmo após a aposentadoria, mantinha um laboratório de física em sua casa, onde reunia materiais para ilustrar fenômenos da vida real.

Prêmios


Em 1989, recebeu o título de Professora Emérita do Departamento de Física da UFMG. Em 21 de abril de 2006, foi condecorada com a Medalha da Inconfidência pelo então Governador do Estado de Minas Gerais, Aécio Neves.

Em 24 de maio de 2014, recebeu a Medalha Conselheiro Christiano Ottoni durante as comemorações dos 103 anos da Escola de Engenharia da UFMG. Em 2014, foi homenageada pela UFMG por sua contribuição na divulgação da ciência. Em 2016, foi vencedora do Prêmio Bom Exemplo, uma iniciativa da TV Globo Minas, da Fundação Dom Cabral e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG).