Jovens e determinados: escolhidos pela rede Ashoka de empreendedorismo 
social decidiram usar ferramentas digitais para ajudar a mudar o mundo -  (crédito: Ashoka/divulgação)

Jovens e determinados: escolhidos pela rede Ashoka de empreendedorismo social decidiram usar ferramentas digitais para ajudar a mudar o mundo

crédito: Ashoka/divulgação

Com a multiplicação das plataformas digitais, jovens usam cada vez mais seus perfis em redes sociais para falar de atividades cotidianas ou para exposição dos próprios corpos. Mas existe uma galera que, em um momento de apreensão com questões como as mudanças climáticas ou conflitos como a guerra de Israel contra o Hamas, se dedica a outra temática: o empreendedorismo social, usando ferramentas disponíveis em prol da construção da cidadania, da paz e da cultura do bem, em contraposição às armas. Parte dessa turma, 21 jovens brasileiros de 16 aos 20 anos entraram para a maior rede de empreendedorismo social do planeta, a Ashoka. Entre eles estão três mineiros.

Presente em 92 países, a Ashoka busca articular um movimento por um mundo em que todos se reconheçam como agentes de transformação pelo bem comum. Os 21 “Jovens Transformadores 2023” foram escolhidos por liderarem projetos de impacto social. De acordo com a rede, eles se unem no mesmo propósito: “transformar o mundo em um lugar mais justo, igualitário e sustentável, ampliando suas redes e compartilhando experiências com empreendedores sociais, gestores públicos, educadores, lideranças comunitárias, produtores e difusores de conteúdo”.

A estudante Bruna Santana percebeu a diferença no acesso à educação durante a pandemia e criou projeto para democratizar recursos de ensino

A estudante Bruna Santana percebeu a diferença no acesso à educação durante a pandemia e criou projeto para democratizar recursos de ensino

Marcos Vieira /EM/D.a Press
“Acredito que a educação é a melhor forma de mudar o mundo, e meu projeto foi a forma que encontrei de ajudar a democratizar o acesso a ela”, afirma Bruna Santana, de 16 anos, de Belo Horizonte, uma das componentes do time dos “Jovens Transformadores”. Durante a pandemia da COVID-19, ela criou o Projeto Dolphin Educ, que democratiza recursos de educação para quem tem acesso precário à internet.

“Durante a pandemia, a diferença do ensino no país ficou bem evidente: enquanto eu tinha seis horas de aula por dia, alunos da rede pública sequer estavam tendo aula. Isso me incomodou profundamente. Assim, comecei a montar minha iniciativa aos poucos, com materiais produzidos por mim e que eu compartilhava tanto com meus colegas de escola quanto com estudantes de outros lugares, usando as redes sociais”, explica Bruna.

A jovem empreendedora social salienta que seu projeto conta com mais de 750 usuários em todo Brasil, sobretudo, estudantes de 15 a 18 anos que se preparam para ingressar no curso superior. “Diversos estudantes de vestibular já me disseram que os materiais os ajudaram muito a entrar na faculdade que queriam”, informa.

Atualmente, aluna do segundo ano do ensino médio no Colégio Santo Antônio, Bruna anuncia que pretende seguir a carreira na área do direito ou diplomacia. No momento, anuncia que seu próximo passo será o lançamento de um aplicativo completo para estudantes, em que o valor arrecadado será revertido para criar áreas de estudo físicas, com acesso à internet e materiais para estudantes de comunidades carentes.

Outra mineira reconhecida pela entidade internacional como agente de transformação é Rhayani Dias, de 18 anos, natural de Piedade de Caratinga, no Vale do Rio Doce. Ela criou o projeto “Politiqueiros do Brasil”, cuja meta é fortalecer a cultura democrática e a educação política entre os jovens. Além de atividades que estimulam o debate, como os “Gabinetes Eleitorais”, por meio de podcasts e debates, a iniciativa também promoveu a 1ª Olimpíada de Política do Brasil, a “Polichampions”.
Rhayani também ministra palestras com foco no chamado “racismo estrutural”, protagonismo juvenil, proatividade, paixão, política e sobre sua própria história. O projeto conta com 34 voluntários, que se dividem em áreas de recursos humanos, roteiro, design, comunicação, eventos, podcasts e capacitação de pessoal.

Na adolescência de Rhayani, a mãe dela, Sônia, descobriu um câncer e enfrentou dificuldades no tratamento, que a família atribui a descaso e falta de estrutura. A luta contra a doença durou seis anos – ela morreu em maio de 2021. A experiência marcou profundamente a jovem, e foi fundamental para sua visão sobre a importância das políticas públicas. Rhayani salienta que as dificuldades ligadas à sua origem influenciaram no desenvolvimento do projeto “Politiqueiros Brasil”.

“Por eu vir de família pobre em uma cidade do interior, sendo a única de quatro irmãos a terminar o nível médio e, também, a ingressar no ensino superior, eu percebi a necessidade das políticas públicas, sejam para incentivo ou permanência na escola. Sempre vi também a necessidade de conhecermos nossos deveres, de ter consciência de que precisamos de mais oportunidades”, afirma a jovem empreendedora.

“É difícil crescer sendo a primeira geração da família no ensino superior, difícil ser a pessoa que quer aprender inglês e não tem dinheiro. Por isso, hoje eu me engajo em projetos e em causas sociais, para fazer com que pessoas que vieram de um lugar como o local onde nasci tenham mais oportunidades”, afirma Rhayni.

“Nunca pensei que o 'Politiqueiros' poderia crescer tanto como ocorreu. Mas ainda tenho muitos sonhos para o projeto e sei que vamos continuar impactando pessoas. Inicialmente, era uma ideia de adolescentes que queriam transformar o Brasil de jovem por jovem. Por incrível que pareça, dois anos depois ele continua crescendo”, diz a jovem.

Desde fevereiro deste ano, Rhayani Dias vive em São Paulo, onde estuda administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas. “Mesmo distante, continuo atualizada sobre o meu território e estudo para impactar pessoas do mesmo jeito. As matérias estudadas e experiências de morar sozinha nessa cidade têm sido parte da minha aprendizagem e do meu caminho para continuar minha jornada de transformação”, diz a estudante, que também faz parte do ProLíder, um dos maiores programas de formação de liderança do país.

Uma semente para mudar realidades

De Natércia, cidade de 4,69 mil habitantes, no Sul de Minas, para o mundo, aliás, para transformar o mundo. Esse é o perfil de Érica Lisboa, de 19 anos, uma das integrantes do grupo Jovens Transformadores Ashoka 2023. Acreditando na mudança coletiva, ela criou o projeto Somos ELO, usando a semente de girassol como simbolismo e ferramenta de construção da cidadania. Para seu trabalho de conscientização, ela recorre às redes sociais.

A iniciativa começou com um grupo de amigos e da família. Hoje, já é líder global com uma rede de 30 “semeadores” voluntários. O Somos ELO contabiliza ter chegado a mais de 30 mil pessoas em diversos países, com planos de chegar a 1 milhão em três anos, a partir da construção de uma equipe global e um site que se torne uma comunidade de semeadores ao redor do mundo, de acordo com a Ashoka.

Érica deixou Natércia e atualmente mora e estuda em Batatais (SP). Lá, ganhou bolsa de estudos no Colégio Corintiano São José. Integra ainda a Academia de Liderança Latino-Americana e sempre faz viagens para eventos e palestras. Em setembro, esteve na Colômbia.

“Cresci em Natércia, um ambiente limitado de cidade do interior. Minas Gerais tem 853 municípios e também conta com milhões de jovens que vivem nessas cidades e se sentem limitados. Mas sempre lutei para alcançar a liberdade que almejei. Com certeza, as questões sociais entram nisso. Sempre aproveitei oportunidades para fazer coisas e conhecer pessoas de outros países. Hoje, com 19 anos, aposto nessa proatividade para superar as limitações. Vejo que posso alcançar o mundo todo”, projeta.

A estudante afirma que seu objetivo com a ideia do projeto com o uso da semente de girassol é que os participantes se tornem multiplicadores. “A gente planta cidadania. Cada pessoa tem a responsabilidade de ser um agente que transforma. E semente é um simbolismo, mas também um ato”, diz a jovem.

No momento em que o mundo vive a apreensão da guerra, Érica enfatiza que seu grande objetivo é a busca da paz. “Advogamos pela cidadania, pela atividade social e pela paz mundial. Nosso maior sonho é conseguir criar o elo da vida, o chamamento pela paz”, diz. “Falo da cidadania, que vejo como um poderoso instrumento para reduzir as desigualdades no mundo.”

Érica lembra que, mesmo após a iniciativa ter alcançado mais de 30 mil “sementes” em diversos países, ela pretende que a rede d impacto cresça mais ainda. “Sou muito grata com o projeto. Hoje vejo que muitas coisas foram escolhidas. Mas quero mais. Quero viajar o mundo, falando do Somos Elo. Quero estar conectada com alguns continentes. Quero alcançar pessoas, histórias e vidas.”

“Quero que o 'Somos Elo' possa estar nas grandes conferências. Um sonho desenvolvido por mim é criar uma semana e um dia específicos para gente colher e cultivar a paz mundial. Queria muito fazer uma parceria com a ONU para a gente conseguir fazer essa liderança global. Queremos ter essa parceria com as grandes organizações sociais do mundo e blocos econômicos para conseguir vivenciar, espalhar e multiplicar a semeadura de um mundo melhor”, destaca a jovem, que pretende cursar relações internacionais e economia fora do Brasil, na Europa ou Estados Unidos, a fim de desenvolver ainda mais a liderança que quer se tornar.

Criadores de soluções

“Os Jovens Transformadores Ashoka são sementes de transformação social em seus territórios”, explica Helena Singer, líder da Estratégia de Juventude da Ashoka. “Já compreenderam que o mundo atual exige deles a capacidade de acompanhar mudanças aceleradas, de criar soluções para as graves crises ambientais e sociais que já estão aí, de engajar todas as pessoas na busca de relações pacíficas, solidárias prazerosas para todos”, completa Helena Singer. Midria Pereira, também Jovem Transformadora Ashoka, coordena a Estratégia de Juventude da Ashoka no Brasil, lembra que os participantes do movimento passaram por um amplo processo de entrevistas com lideranças sociais do Brasil, mas também da Indonésia, Nigéria, Índia e Estados Unidos.

Heloise é uma jovem parda de cabelos castanhos e cacheados. Ela usa óculos de grau e uma blusa branca

Heloise Almeida Luna, de 18, de Mossoró (RN), escolhida para o o grupo Jovens Transformadores Ashoka 2023

Arquivo Pessoal
Com a multiplicação das plataformas digitais, jovens usam cada vez mais seus perfis em redes sociais para falar de atividades cotidianas ou para exposição dos próprios corpos. Mas existe uma galera que, em um momento de apreensão com questões como as mudanças climáticas ou conflitos como a guerra de Israel contra o Hamas, se dedica a outra temática: o empreendedorismo social, usando ferramentas disponíveis em prol da construção da cidadania, da paz e da cultura do bem, em contraposição às armas. Parte dessa turma, 21 jovens brasileiros de 16 aos 20 anos entraram para a maior rede de empreendedorismo social do planeta, a Ashoka. Entre eles estão três mineiros.

Presente em 92 países, a Ashoka busca articular um movimento por um mundo em que todos se reconheçam como agentes de transformação pelo bem comum. Os 21 “Jovens Transformadores 2023” foram escolhidos por liderarem projetos de impacto social. De acordo com a rede, eles se unem no mesmo propósito: “transformar o mundo em um lugar mais justo, igualitário e sustentável, ampliando suas redes e compartilhando experiências com empreendedores sociais, gestores públicos, educadores, lideranças comunitárias, produtores e difusores de conteúdo”.

“Acredito que a educação é a melhor forma de mudar o mundo, e meu projeto foi a forma que encontrei de ajudar a democratizar o acesso a ela”, afirma Bruna Santana, de 16 anos, de Belo Horizonte, uma das componentes do time dos “Jovens Transformadores”. Durante a pandemia da COVID-19, ela criou o Projeto Dolphin Educ, que democratiza recursos de educação para quem tem acesso precário à internet.

“Durante a pandemia, a diferença do ensino no país ficou bem evidente: enquanto eu tinha seis horas de aula por dia, alunos da rede pública sequer estavam tendo aula. Isso me incomodou profundamente. Assim, comecei a montar minha iniciativa aos poucos, com materiais produzidos por mim e que eu compartilhava tanto com meus colegas de escola quanto com estudantes de outros lugares, usando as redes sociais”, explica Bruna.

A jovem empreendedora social salienta que seu projeto conta com mais de 750 usuários em todo Brasil, sobretudo, estudantes de 15 a 18 anos que se preparam para ingressar no curso superior. “Diversos estudantes de vestibular já me disseram que os materiais os ajudaram muito a entrar na faculdade que queriam”, informa.

Atualmente, aluna do segundo ano do ensino médio no Colégio Santo Antônio, Bruna anuncia que pretende seguir a carreira na área do direito ou diplomacia. No momento, anuncia que seu próximo passo será o lançamento de um aplicativo completo para estudantes, em que o valor arrecadado será revertido para criar áreas de estudo físicas, com acesso à internet e materiais para estudantes de comunidades carentes.

Outra mineira reconhecida pela entidade internacional como agente de transformação é Rhayani Dias, de 18 anos, natural de Piedade de Caratinga, no Vale do Rio Doce. Ela criou o projeto “Politiqueiros do Brasil”, cuja meta é fortalecer a cultura democrática e a educação política entre os jovens. Além de atividades que estimulam o debate, como os “Gabinetes Eleitorais”, por meio de podcasts e debates, a iniciativa também promoveu a 1ª Olimpíada de Política do Brasil, a “Polichampions”.
Rhayani também ministra palestras com foco no chamado “racismo estrutural”, protagonismo juvenil, proatividade, paixão, política e sobre sua própria história. O projeto conta com 34 voluntários, que se dividem em áreas de recursos humanos, roteiro, design, comunicação, eventos, podcasts e capacitação de pessoal.

Na adolescência de Rhayani, a mãe dela, Sônia, descobriu um câncer e enfrentou dificuldades no tratamento,  que a família atribui a descaso e falta de estrutura. A luta contra a doença durou seis anos – ela morreu em maio de 2021. A experiência marcou profundamente a jovem, e foi fundamental para sua visão sobre a importância das políticas públicas. Rhayani salienta que as dificuldades ligadas à sua origem influenciaram no desenvolvimento do projeto “Politiqueiros Brasil”.

“Por eu vir de família pobre em uma cidade do interior, sendo a única de quatro irmãos a terminar o nível médio e, também, a ingressar no ensino superior, eu percebi a necessidade das políticas públicas, sejam para incentivo ou permanência na escola. Sempre vi também a necessidade de conhecermos nossos deveres, de ter consciência de que precisamos de mais oportunidades”, afirma a jovem empreendedora.

“É difícil crescer sendo a primeira geração da família no ensino superior, difícil ser a pessoa que quer aprender inglês e não tem dinheiro. Por isso, hoje eu me engajo em projetos e em causas sociais, para fazer com que pessoas que vieram de um lugar como o local onde nasci tenham mais oportunidades”, afirma Rhayni.

“Nunca pensei que o 'Politiqueiros' poderia crescer tanto como ocorreu. Mas ainda tenho muitos sonhos para o projeto e sei que vamos continuar impactando pessoas. Inicialmente, era uma ideia de adolescentes que queriam transformar o Brasil de jovem por jovem. Por incrível que pareça, dois anos depois ele continua crescendo”, diz a jovem.

Desde fevereiro deste ano, Rhayani Dias vive em São Paulo, onde estuda administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas. “Mesmo distante, continuo atualizada sobre o meu território e estudo para impactar pessoas do mesmo jeito. As matérias estudadas e experiências de morar sozinha nessa cidade têm sido parte da minha aprendizagem e do meu caminho para continuar minha jornada de transformação”, diz a estudante, que também faz parte do ProLíder, um dos maiores programas de formação de liderança do país.

 

Pablo é um jovem branco de cabelos curtos castanhos e lisos. Ele usa uma camisa branca e um blazer creme

Pablo de Azevedo, de 19 anos, escolhido como dos Jovens Transformadores, do município de Jardim do Seridó, também do interior do Rio Grande do Norte

Arquivo Pessoal


Uma semente para mudar realidades


De Natércia, cidade de 4,69 mil habitantes, no Sul de Minas, para o mundo, aliás, para transformar o mundo. Esse é o perfil de Érica Lisboa, de 19 anos, uma das integrantes do grupo Jovens Transformadores Ashoka 2023. Acreditando na mudança coletiva, ela criou o projeto Somos ELO, usando a semente de girassol como simbolismo e ferramenta de construção da cidadania. Para seu trabalho de conscientização, ela recorre às redes sociais.

A iniciativa começou com um grupo de amigos e da família. Hoje, já é líder global com uma rede de 30 “semeadores” voluntários. O Somos ELO contabiliza ter chegado a mais de 30 mil pessoas em diversos países, com planos de chegar a 1 milhão em três anos, a partir da construção de uma equipe global e um site que se torne uma comunidade de semeadores ao redor do mundo, de acordo com a Ashoka.

Érica deixou Natércia e atualmente mora e estuda em Batatais (SP). Lá, ganhou bolsa de estudos no Colégio Corintiano São José. Integra ainda a Academia de Liderança Latino-Americana e sempre faz viagens para eventos e palestras. Em setembro, esteve na Colômbia.

“Cresci em Natércia, um ambiente limitado de cidade do interior. Minas Gerais tem 853 municípios e também conta com milhões de jovens que vivem nessas cidades e se sentem limitados. Mas sempre lutei para alcançar a liberdade que almejei. Com certeza, as questões sociais entram nisso. Sempre aproveitei oportunidades para fazer coisas e conhecer pessoas de outros países. Hoje, com 19 anos, aposto nessa proatividade para superar as limitações. Vejo que posso alcançar o mundo todo”, projeta.

A estudante afirma que seu objetivo com a ideia do projeto com o uso da semente de girassol é que os participantes se tornem multiplicadores. “A gente planta cidadania. Cada pessoa tem a responsabilidade de ser um agente que transforma. E semente é um simbolismo, mas também um ato”, diz a jovem.
Igor é um jovem negro de cabelos curtos castanhos e crespos. Ele usa uma camisa branca e um blazer azul marinho.

Igor dos Anjos da Silva Santos, de 20 anos, de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, escolhido como um dos "Jovens Transformadores Ashoka 2023

Arquivo Pessoal
No momento em que o mundo vive a apreensão da guerra, Érica enfatiza que seu grande objetivo é a busca da paz. “Advogamos pela cidadania, pela atividade social e pela paz mundial. Nosso maior sonho é conseguir criar o elo da vida, o chamamento pela paz”, diz. “Falo da cidadania, que vejo como um poderoso instrumento para reduzir as desigualdades no mundo.”

Érica lembra que, mesmo após a iniciativa ter alcançado mais de 30 mil “sementes” em diversos países, ela pretende que a rede d impacto cresça mais ainda. “Sou muito grata com o projeto. Hoje vejo que muitas coisas foram escolhidas. Mas quero mais. Quero viajar o mundo, falando do Somos Elo. Quero estar conectada com alguns continentes. Quero alcançar pessoas, histórias e vidas.”
“Quero que o 'Somos Elo' possa estar nas grandes conferências. Um sonho desenvolvido por mim é criar uma semana e um dia específicos para gente colher e cultivar a paz mundial. Queria muito fazer uma parceria com a ONU para a gente conseguir fazer essa liderança global. Queremos ter essa parceria com as grandes organizações sociais do mundo e blocos econômicos para conseguir vivenciar, espalhar e multiplicar a semeadura de um mundo melhor”, destaca a jovem, que pretende cursar relações internacionais e economia fora do Brasil, na Europa ou Estados Unidos, a fim de desenvolver ainda mais a liderança que quer se tornar. 

Jovens Transformadores também se destacam no interior do Nordeste



Os integrantes da galera dos Jovens Transformadores Ashoka estão espalhados por diversas do Brasil. Alguns deles estão em municípios pequenos do interior. Um exemplo é Pablo de Azevedo, de 19 anos, de Jardim do Seridó, também do interior do Rio Grande do Norte, no Nordeste. Durante a pandemia da COVID-19, ele percebeu que muitos jovens ao seu redor não tinham acesso à internet ou tinham pouca familiaridade com o mundo digital. Também em 2021, Pablo participou do Programa Jovens Embaixadores, nos Estados Unidos. Foi quando decidiu criar o Projeto Clicaki, que realiza cursos gratuitos, visando reduzir o analfabetismo digital.

“No programa Jovens Embaixadores, tive uma experiência de intercâmbio aprendendo com jovens representantes de cada estado do Brasil, sobre liderança, empreendedorismo social, trabalho em grupo, entre outros”, afirma Pablo, lembrando que apresentou a ideia de criação do projeto para colegas do programa, que o ajudaram na iniciativa.

“O Clicaki busca fomentar o letramento digital em âmbito nacional. Por meio de Workshops e aulas gratuitas, abordamos temas que são super relevantes para um indivíduo se tornar autônomo no mundo digital”, explica o “jovem transformador”. Ele lembra que, por meio do seu projeto, foram ministradas aulas de design para mídias sociais, utilizando a plataforma Canva, e também ensinamentos sobre como realizar uma pesquisa academia de uma forma produtiva utilizando ferramentas on-line, organização digital, Photoshop Básico, normas ABNT no Word, ente outros.

“Buscamos promover o letramento para combater o analfabetismo digital por meio de workshops, aulas e lives gratuitas para toda a população no Brasil. Como todas as nossas ações são online, qualquer um pode acessar a partir de um dispositivo. Além de gratuitas, nossas lives são práticas através da plataforma do Instagram, não exigindo pré-inscrição dos alunos. Dessa forma, já contemplamos mais de mil pessoas em âmbito nacional!”, assegura o jovem potiguar.

Mas, em tempos de inteligência artificial, qual a importância do combate ao analfabetismo digital? “A inteligência artificial veio para ficar. Porém, um individual deve estar bem familiarizado com o âmbito digital para saber utilizar ferramentas corretas de uma forma que o beneficie e o faça ter ações mais produtivas no mundo online. Desta forma, ao alfabetizar digitalmente um indivíduo para que ele adquira autonomia, irá fazer ele ter escolhas mais conscientes utilizando ferramentas de inteligência artificial ao seu favor”, considera Pablo.

Ele anuncia que pretende seguir na área digital, atuando no terceiro setor. “O campo do empreendedorismo social me fascina, e tornar isso como uma profissão com certeza é um dos meus objetivos”, conclui.

Outra jovem do Rio Grande do Norte selecionada para o grupo "Jovens Transformadores Ashoka 2023" é Heloise Almeida Luna, de 18, oriunda de Mossoró. A conscientização sobre a importância da preservação ambiental é a base do trabalho da jovem. Ela criou o Projeto O Fridays For Future Mossoró, que visa popularizar a educação ambiental, combatendo a desinformação e engajando as juventudes em prol da melhoria das condições climáticas do planeta.

“Entendemos a educação ambiental como um direito de todos os cidadãos, que ultrapassa a educação escolar e diz respeito à atuação cívica. Assim, buscamos a educação em diversos âmbitos, nas nossas atividades nas ruas, praças e escolas”, afirma Heloise. Depois, promoveu outros eventos como a “Virada Cultural Amazõnia de pé”, em 2022.

Heloise considera que o enfrentamento das mudanças climáticas é um grande desafo da geração atual. Já sentimos na pele os desastres advindos do aumento da temperatura média global, com a mudança no regime de chuvas, de ventos e temperaturas em todo o planeta. Aqui no Brasil, a frequência dos desastres ambientais provoca cada vez mais mortes, e só com políticas públicas urgentes de adaptação aos eventos climáticos, que já são previstos, e de contenção da emissão de gases de efeito estufa,podemos impedir os piores cenários para o futuro”, comenta.


Jovem 'professor' de robótica


Ensinar a robótica em escolas da rede estadual. Este é objetivo do Projeto Black Gold, criado há três anos por Igor dos Anjos da Silva Santos, de 20 anos, de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, escolhido como um dos “Jovens Transformadores Ashoka 2023". Ele realiza oficinas, e palestras e organiza equipes para participar de torneios e implementar a robótica nas escolas.

Igor conta que desde o ensino fundamental se interessou pela robótica. Quando passou a estudar na escola publica, na adolescência, notou que os colegas de turma não tinham contato com a robótica. “Quando percebi o problema, fundei a Black Gold com o intuito de democratizar o acesso a robótica educacional e competições, além de levar palestras e mostras de robótica educacional em escolas”, afirma.

O jovem baiano formou uma equipe, agora com seis pessoas diretamente envolvidas na gestão do Black Gold, divididas entre as que cuidam da operacionalização das ações e as que cuidam da administração do projeto. Além dessas, há três embaixadores, pessoas que já participaram de atividades da Black Gold e agora expandem as ações em suas próprias cidades.

Atualmente, Igor cursa Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense (UFF) e Mobilidade Acadêmica na Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Penso seguir a carreira de cientista político, mas nunca abandonando minha paixão que é a robótica educacional, penso em realizar um mestrado voltado à educação tecnológica”, afirma o jovem empreendedor.