Montagem do dinossauro Uberabatitan Ribeiroi, em Peirópolis, um dos geossítios do Geoparque Uberaba, onde fica o Museu dos Dinossauros -  (crédito: L. Adolfo/Esp. EM)

Montagem do dinossauro Uberabatitan Ribeiroi, em Peirópolis, um dos geossítios do Geoparque Uberaba, onde fica o Museu dos Dinossauros

crédito: L. Adolfo/Esp. EM

De Minas Gerais para o mundo, com o selo da originalidade e as histórias da terra. O estado poderá ter, no próximo ano, dois bens reconhecidos como patrimônio mundial, informa o secretário de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Leônidas Oliveira. Ontem, o secretário e o vice-governador Mateus Simões participaram, em Paris, França, de uma reunião com representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Na lista de candidatura, estão “os modos de fazer” o queijo minas artesanal (na categoria de patrimônio imaterial), e o Geoparque Uberaba, que poderá entrar para o seleto grupo de territórios chancelados pela Unesco como área especial do planeta.

“A reunião na Unesco foi extremamente produtiva, e a expectativa é de que, em 2024, tenhamos dois momentos importantes da cultura, da paisagem cultural e também do patrimônio ambiental, no mundo”, afirmou Leônidas. Para fevereiro, é esperado o reconhecimento do Geoparque Uberaba, enquanto, para novembro ou dezembro, dos “modos de fazer” o queijo. “As candidaturas estão em processo avançado dentro da Unesco e já aceitas.”

Conforme o secretário, os dois possíveis registros indicam que Minas se coloca cada vez mais para o mundo, mostrando o que tem de mais valioso: “Nossa cultura, nosso jeito de viver, que está bem representado no modo de fazer o queijo artesanal. Isso é importante para o turismo, com lugar de destaque para a produção magnífica do produto centenário.”

JEQUITINHONHA

Também ontem, o titular da Secult e o vice-governador de Minas se reuniram com as equipes do Museu Quai Branly e do Centro Georges Pompidou, para apresentar a arte do Vale do Jequitinhonha e ampliar a parceria com o estado, viabilizando exposições itinerantes. No Quai Branly, os mineiros foram recebidos pela diretora de Desenvolvimento Cultural do museu, Christine Drouin, pelo responsável pela itinerância das exposições, Fred Chih-Chia Chung, e pelo conselheiro de Relações Internacionais, Clémente Tougeron.

Segundo divulgado pela Secult, “a participação da arte e do artesanato mineiros em mostras no exterior contribui para apresentar a cultura do estado para o mundo, promovendo a internacionalização do destino Minas Gerais”. Uma das ações mais recentes de valorização e divulgação da arte e do artesanato do Vale do Jequitinhonha, conforme a secretaria, foi a mostra “Jequitinhonha: Origem e Gesto”, que, pela primeira vez, reuniu na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, trabalhos de artistas mineiros junto à estreia de uma coreografia da Cia. de Dança Palácio das Artes, fruto de uma pesquisa dos bailarinos realizada no Alto Jequitinhonha.

“Todos ficaram muito impressionados com a arte do Jequitinhonha, especialmente no Quai Branly, que é um museu etnográfico, dedicado às culturas do mundo. Mostramos as bonecas, a cerâmica”, contou Leônidas, explicando que o objetivo do governo de Minas é internacionalizar cada vez mais o artesanato e a arte do Vale, com intercâmbio e exposições. “O Vale do Jequitinhonha tem características originais, da terra, que representam muito bem Minas e a região.”


MONUMENTOS MINEIROS

Se registrado pela Unesco, o “modo de fazer” o queijo artesanal terá um aspecto pioneiro, pois será o primeiro elemento da cultura alimentar a ser reconhecido pela Unesco. Com a chancela da agência da Organização das Nações Unidas (ONU), será possível garantir mais visibilidade e proteção para os dois bens de Minas, explica o secretário.

Conhecida pelos achados arqueológicos, a região de Uberaba, no Triângulo Mineiro, poderá ter, em fevereiro, o Geoparque “Terra de Gigantes”. Atualmente, há apenas dois geoparques, no Brasil, reconhecidos pela Unesco, que são o Geoparque Araripe (CE) e o Geoparque Seridó (RN). Além do Geoparque Uberaba, outros três territórios – Caçapava do Sul (RS), Quarta Colônia (RS) e Chapada dos Guimarães (MT) – aguardam entrar na lista.O Geoparque Uberaba tem 30 geossítios, incluindo Peirópolis, onde fica o Museu dos Dinossauros, com as coleções científicas, a exemplo dos fósseis do Uberabatitan Ribeiroi.

Idealizado pelo geólogo e professor Luiz Carlos Borges Ribeiro, presidente de honra da Associação Geoparque Uberaba, o projeto “Terra de Gigantes” teve início em 2010, apoiado em três atributos de representatividade internacional: a terra dos dinossauros no Brasil (Peirópolis), a capital mundial do Zebu e o local onde Chico Xavier (1910-2002) se revelou ao espiritismo mundial. No mundo, 164 geoparques de 45 países já foram reconhecidos pela Unesco.

Em Minas, há quatro sítios reconhecidos como Patrimônio Mundial: o Centro Histórico de Ouro Preto, o conjunto da Basílica Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, o Centro Histórico de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e o Conjunto Moderno da Pampulha, em BH. Na lista de patrimônios mundiais, está também a Serra do Espinhaço, como Reserva da Biosfera.


MACAÚBAS E CARAÇA

Leônidas Oliveira adiantou que dois importantes monumentos históricos mineiros estão nos planos da Secult, visando o futuro registro como Memória do Mundo, pela Unesco: o Mosteiro Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas (de 1714, em Santa Luzia) e o Santuário do Caraça (de 1774, em Catas Altas).

“Macaúbas, colégio feminino e o Caraça, masculino. E existe uma história muito interessante na formação não só de Minas, quanto aos homens e mulheres que ali estudaram, mas de personalidades de destaque para o Brasil e o mundo. Por isso, a necessidade de mais estudos, pois são educandários extremamente antigos.”