Cemitério do Bonfim, em BH, recebeu grande número de pessoas que foram prestar homenagens a quem já se foi -  (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Cemitério do Bonfim, em BH, recebeu grande número de pessoas que foram prestar homenagens a quem já se foi

crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

O Dia de Finados é hora de lembrar os que já se foram. E também de contar histórias que marcaram a vida de cada um. Os cemitérios se enchem de pessoas que se reúnem para reverenciar os entes queridos e contam com programação especial para a data. Não foi diferente no Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, que estava movimentado na manhã desta quinta-feira (2/11).

Um grupo de integrantes do terreiro de umbanda Casa de pai Ogum, Vovô Pai Mané e Vovó Maria Conga, em BH, estava no cemitério cumprindo um costume familiar, oferecendo flores aos mortos."No Dia de Finados nós chamamos os filhos da comunidade para vir agradecer às almas pelos caminhos que elas nos dão. Juntamos flores e vamos aos túmulos presentear aqueles espíritos que de alguma maneira não tem com mais com quem contar em vida. Reverenciamos essas almas, os seres que não estão mais encarnados. É uma tradição da nossa família espiritual", diz William Rogério Gonçalves, de 36 anos, dirigente espiritual do terreiro.

Integrantes do terreiro de umbanda Casa de pai Ogum estiveram no cemitério levando flores aos túmulos, um costume familiar

Integrantes do terreiro de umbanda Casa de pai Ogum estiveram no cemitério levando flores aos túmulos, um costume familiar

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

O Grupo Escoteiro Católico São Thiago 188 também esteve presente no cemitério com uma história em particular para narrar. Assim como outros conjuntos de escoteiros, eles prestavam homenagem ao escoteiro que é considerado ícone do escotismo brasileiro, Caio Viana Martins. Em 1938, Caio, aos 15 anos, estava em um acidente de trem na Serra da Mantiqueira. Era madrugada, em um lugar escuro, ermo e frio, quando o vagão que levava escoteiros descarrilou e bateu em um trem cargueiro. O resgate chegou apenas na manhã seguinte.

Com o grande número de feridos, que Caio ajudava a resgatar, também machucado, ele resolveu ir caminhando ao hospital, a fim de não sobrecarregar ainda mais a equipe de socorro. Mas, antes de conseguir chegar, acabou morrendo - estava com uma hemorragia interna. "Ele foi enterrado no mesmo dia junto com outros dois escoteiros que também morreram. Hoje é um símbolo do escotismo, tem fundações com seu nome, e inclusive um estádio de futebol. Vir visitar seu túmulo é uma atividade que já programamos, uma forma de valorizar o escotismo", conta Rodrigo Augusto da Silva Ferreira, de 49 anos, integrante do grupo.

Considerado símbolo do escotismo brasileiro, Caio Viana Martins recebe homenagens todos os anos

Considerado símbolo do escotismo brasileiro, Caio Viana Martins recebe homenagens todos os anos

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press