Com o fim do ano, refletimos sobre o que passou e sobre o que virá. Esse momento de introspecção não é restrito aos lares e à vida pessoal. No setor da moda, marcas analisam o mercado, as possíveis melhorias, a concorrência e as novas demandas. Em meio a isso, entretanto, há certas coisas que não devem deixar, nunca, de ser prioridade.
No caso de Printing e Coven, duas marcas mineiras autorais com 30 e 33 anos respectivamente, a qualidade e atenção aos detalhes são premissas básicas e incontestáveis.
Modelos da Coven
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Valor
O valor agregado vem de diversas frentes. “A gente vive cada vez mais uma concorrência gigante em todos os aspectos, seja de fast fashion, marcas nacionais, produtos com preços melhores. Então, é preciso ter de fato um produto especial, com identidade forte e qualidade, que as pessoas entendam o valor”, destaca Liliane Rebehy, fundadora e diretora-criativa da Coven.
Por isso, ela acredita ser necessário que seu público entenda que seus produtos, além de terem qualidade, envolvem um trabalho de pesquisa e as mãos de muitas pessoas. O fato de nada ser cópia de nenhuma outra marca também reflete a autenticidade e exclusividade dos itens da marca.
Adaptações
“É importante olhar para o mercado, mas é muito importante olhar para dentro da marca, o que ela representa, qual é o meu desejo, o que eu acredito”, conta Liliane, destacando que é preciso estar atento mas não abrir mão da essência.
Uma mudança que Liliane considera viável é a de adaptar o número de lançamentos por ano, sem necessariamente aumentar o número de peças. “O mercado mudou, hoje a velocidade é muito grande, acho que não dá mais para ficar com duas coleções por ano, é preciso fragmentar mais”.
Em 2025, a Coven já apostou em três lançamentos e a ideia é que, em 2026, atinja a marca considerada ideal por Liliane para os parâmetros atuais de quatro lançamentos anuais, sendo dois no verão e dois no inverno.
MOdelos da Printing
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Olhar para a produção
A Coven mantém uma fábrica com mais de 60 funcionários, sendo a grande maioria trabalhadores com anos de casa. A Printing também investe em uma fábrica própria, onde há controle de cada processo.
“Dentro da fábrica tenho controle de tudo, de quem passou, quem costurou, quem arrematou. Esse meu controle interno é bom para ajustar e ensinar”, explica Márcia Queiroz, proprietária, fundadora e diretora-criativa da Printing.
O contato direto com cada funcionário é um diferencial da marca, e está envolvido em planos para o futuro. “Acredito em equipe. No futuro, quero que essas informações que eu tenho sobre o trabalhador responsável por cada processo de produção da roupa vá para etiquetas assinadas”, destaca, reforçando a importância das clientes também saberem que há muitas mãos por trás de cada peça.
Trama natural
A qualidade da Printing está expressa em uma das premissas da marca, que não abre mão de tecidos com fibras naturais. Márcia chama a atenção para o fato de a mão de obra ser tão rara e escassa hoje em dia, que não vale a pena usá-la em qualquer tecido.
Outro ponto importante reforçado pela diretora-criativa é o foco não apenas no exterior da peça, mas também em toda a sua estrutura interna. “O que adianta usar um tecido 100% natural por fora mas por dentro um 100% poliéster?!”, comenta, reforçando até mesmo a questão do desconforto e do calor que um tecido totalmente sintético pode trazer.
Os tecidos de extrema qualidade são primordiais na durabilidade das peças. “Eu não faço nada para ser perecível, são roupas que vão passando de geração em geração. Isso para mim é um orgulho”.
Liliane Rebehi da Coven
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O que esperar Do futuro?
Em meio a um futuro incerto em diversos setores, lideranças no mundo da moda acreditam que ir na contramão do mercado, onde cada vez mais produções gigantescas assolam o meio ambiente, dependem de mão de obra pouco – ou nada – valorizada e prezam por produtos com menos identidade.
“Eu acredito que as marcas autorais e que ainda preservam esse conceito de um slow-fashion, de um cuidado, do manual, de não ter pensamento completamente capitalista de alta produtividade e de lucros acima de tudo, acredito que essas marcas permanecerão”, destaca Liliane.
Aprendizado em conjunto
2026 vai marcar um ano de convivência de Printing, Coven e outras marcas autorais do mesmo nível em termos de qualidade e conceito, reunidas desde 2025, em uma espécie de “loja de departamento” de alto padrão no Botânico Shopping, no Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de BH.
“Eu acho que o próximo ano vai ser de maturação comercial nesta nova loja. É um modelo diferente e uma região diferente para a maior parte das marcas envolvidas, então acho que vai trazer muito aprendizado para todas”, completa Liliane.
A nova loja tem 450 metros quadrados e comporta, além da Printing e da Coven, a marca de moda feminina Essenciale, as bolsas e peças de casa de Elisa Atheniense, os calçados de Anna Barroso e de Manolita e as bijuterias de Tatiana Queiroz.
Márcia Queiroz da Printing
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Vitrine internacional
A Printing, além de estar na nova loja do Botânico, vai chegar, no fim de janeiro de 2026, com uma loja no formato pop-up ao Shopping Iguatemi, em São Paulo. “Ele é o espaço mais concorrido da América Latina, poderiam ter convidado outras marcas nacionais ou mesmo de Minas, mas nos escolheram, estou muito orgulhosa por isso”, conta Márcia.
A princípio, a loja vai funcionar por quatro meses, pois o espaço que ocupará está disponível para a venda.