Considerada um dos maiores eventos do gênero da América Latina, a 36ª Ferina Nacional de Artesanato promoverá iniciativas para reduzir pegada ecológica. O grande sucesso do evento tem nome e sobrenome: Tânia Machado que começou com este trabalho há quase quatro décadas e consegue feitos gigantescos. A feira é feita de superlativos concretos: 700 estandes com trabalhos autorais, feitos pelas mãos dedicadas de 3.5 mil artesãos de todos os estados brasileiros.
Ao longo dos cinco dias de funcionamento o evento recebe a visita de quase 100 mil pessoas, sua ampla programação cultural, as oficinas gratuitas, a infraestrutura e produção impecáveis colocaram o evento no mapa do calendário nacional de exposições e feiras.
Não à toa, a FNA é reconhecida como uma das maiores do gênero da América Latina e é a prova da potência e resiliência do artesanato brasileiro, com sua criatividade e diversidade cultural que fazem dele mais do que uma expressão de arte, mas um pilar para o desenvolvimento econômico do país e o sustento de milhares de famílias. Toda essa força veio da ideia, ousadia e determinação de Tânia Machado.
geração de renda
“Em 1983, eu fazia artesanato como hobby, mas devido aos reveses da vida precisei transformá-lo em negócio para sustentar a minha família. Na época, soube que em São Paulo havia sido criado um projeto do governo chamado “Feito em Casa”. Pedi ao Ziza Valadares, que era secretário de Administração do Governo de Minas Gerais, para buscar informações sobre esse projeto. A iniciativa promovia o artesanato local e a geração de renda, realizava feiras, oferecia cursos e oficinas, emitia nota fiscal, uma coisa que naquele período era impensável para a maioria dos artesãos por causa do custo e da burocracia. Inspirada nesse projeto, montei o “Mãos de Minas” que imediatamente foi abraçado pela D.
Risoleta e pelo Tancredo Neves. Em 1988, o “Mãos de Minas” se desvinculou do governo e fez uma parceria com a GTZ para treinamentos, criando a “Associação Mãos de Minas”. Em 1989, decidimos fazer a Feira Nacional de Artesanato com a ‘cara e a coragem’. Tivemos o apoio do então governador do estado, Newton Cardoso, no pagamento do aluguel do Minascentro, mas todos os demais custos e responsabilidades foram assumidos por nós da organização”, relembra Tânia.
evento nacional
A idealizadora conta que, em 2004, foi criado o Centro CAPE (Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor), que passou a realizar a Feira e oferecer todo o suporte aos micro e pequenos empreendedores, desde treinamentos, exposições, workshops a microcrédito. “Hoje, a FNA é o único evento nacional, organizado e gerido por uma entidade não governamental, sem nenhum apoio direto. O governo apoia algumas ações através da Lei de Incentivo à Cultura, mas não chega a 15% do custo do evento”, descreve.
De acordo com Tânia, o sucesso da Feira também é atribuído ao seu papel social. “Aos artesãos que não podem pagar pelo estande, oferecemos o espaço sem cobrar nada, nem percentual de vendas, desde que compartilhem seu conhecimento nas oficinas gratuitas que promovemos, estimulando outras pessoas a se aperfeiçoar e começar o seu próprio negócio”, revela.
O propósito da FNA passa ainda pela agenda ambiental, renovando seu compromisso em valorizar a arte e a cultura brasileiras de maneira responsável e sustentável. A 36ª edição, que será realizada de 3 a 7 de dezembro, no Expominas, promoverá uma série de ações para compensar as emissões de gases de efeito estufa associadas à logística, transporte e infraestrutura do evento. “Estima-se que a feira gere pelo menos 5 toneladas de carbono, com base em cerca de 60% dos dados que temos de 2023.
Certamente, essa emissão será maior este ano, considerando o público médio de visitantes, a participação dos artesãos – 40% deles se hospedam em hotéis – e dos 1.5 mil prestadores de serviço. Em novembro começamos a compensação por meio do plantio de 1 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica e do Cerrado na Serra do Engenho Nogueira e nos parques do Brejinho, Vitória, Goiânia e Alfredo Sabetta, fruto de uma parceria com a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) de BH e a Associação Bora Plantar”, informa.
Outra iniciativa é a calculadora de pegada de carbono, desenvolvida em parceria com a Engear Consultoria. A ferramenta mensura as emissões de gases de efeito estufa de uma pessoa ou de uma família, com base nas informações fornecidas pelos próprios usuários. Por meio da ferramenta, cujo acesso está disponível no site https://engear.ralssystems.com/calculaco2 e durante o evento, por meio de um QR Code, o público também saberá quantas mudas de árvores seriam necessárias para compensá-las.
Destaque também para o “Concurso de Presépios Feitos com Materiais Reciclados” e “Esculturas Feitas com Sucatas”. As obras serão avaliadas por um júri especializado que levará em conta a criatividade, o uso de materiais reciclados e a originalidade. As melhores peças serão expostas durante o evento e poderão ser premiadas através de votação do público.
