Foto da Praça da Liberdade em infravermelho -  (crédito: Mariangela Chiari/divulgão)

Foto da Praça da Liberdade em infravermelho

crédito: Mariangela Chiari/divulgão

 Wagner Penna

Sucesso nas exposições e eventos de arte e artesanato, as criações de Mariangela Chiari conquistam o público pela sua beleza, técnica apurada, temática envolvente e multiplicidade de estilos. Em sua fase mais recente, canalizou seu talento para a aquarela – um tipo de pintura de difícil manuseio, complicada manipulação de cores e explosão dinâmica de tonalidades.


Mas essa é apenas a ponta do iceberg artístico dessa mineira com espírito cosmopolita, que morou em Long Island (NY) e Berlim e rodou pelo mundo (da Europa à China, passando pelo Tibete e Quirguistão), sempre em busca de temáticas universais para o seu trabalho.


FOTOGRAFIA

O primeiro veio desse rico garimpo artístico, aflorou por meio da fotografia, quando retratou amigos, personalidades variadas e famílias, onde a complexidade técnica sublinhava a simplicidade sofisticada de looks puristas e sem rebuscados. Algo atemporal.

Aquarela Floral

Aquarela Floral

Mariangela Chiari/divulgação

Era o tempo da tecnologia analógica, onde sensibilidade e domínio pleno do assunto se tornaram indispensáveis para o profissional. Foi nessa época que inovou na utilização do filme em infravermelho, obtendo tonalidades inusitadas da natureza em composições insinuantes de claroescuro. A proposta levou seu processo de captação e registro em fotografia a um novo patamar. Sob esse prisma, fez as exposições ‘Natureza Viva’ (clicando arredores de BH) e ‘Tiradentes – O Passado no Presente’, cuja trajetória começou na cidade histórica mineira e foi vista, também, em Portugal.

Mariangela Chiari

Mariangela Chiari

Mariangela Chiari/divulgão

Acompanhando a evolução e avanços da arte de fotografar, realizou a transição para a digitalização, revelada durante uma exposição sobre o Tibete e uma antológica mostra com fotos do milenar Grand Bazzar de Kashgar (China), que fica na antiga Rota da Seda, a céu aberto, e foi visitado até por Marco Polo no século 13. Um sucesso na galeria do Palácio das Artes, onde realizou uma mostra individual, e outros espaços de prestígio.


AQUARELA

Coincidentemente, foi nesse período em que também apresentou seus primeiros experimentos com a aquarela, tipo de pintura que passou a dominar em pouco tempo. Sempre procurando enfatizar o belo através de uma linguagem pessoal, não se contentou em usar apenas o papel com base para suas pinturas, passando também a utilizar o tecido, algo pouco conhecido por aqui. A preciosidade desse trabalho foi realçada ainda mais quando a artista aplicou sobre as pinturas a técnica de bordado japonês sashiko – destacando parte das formas obtidas com o pincel e guache.


Essa sintonia entre aquarela e as linhas de bordar resultou de uma profunda pesquisa sobre as duas técnicas. O aperfeiçoamento do trabalho em aquarela foi realizado com a professora Maria José Fonseca (falecida há três anos), uma das maiores experts do país no assunto. Um avanço lento, rigoroso e perfeccionista, depois estampado e apresentado com o cuidado que lhe é característico. Nesse ponto, os estudos sobre o uso da agulha e linha à moda japonesa criaram trabalhos únicos e surpreendentes.


Além dessa união de técnicas, Mariangela Chiari assinala que as formas das aquarelas também ganharam destaques próprios, com temas e interpretações instigantes. Ela cita as fases das ‘Paisagens Imaginárias’, dos ‘Little People’ (com figuras minúsculas ‘passeando’ pelo quadro), os ‘Florais Abstratos’, o ‘Realismo Pet’ (com bichanos e cachorrinhos de estimação, sua paixão, retratados com absoluta fidelidade) e os cartões-esculturas encapsulados em campânulas de cristal, sucesso absoluto.


DIÁLOGOS

Ao definir sua empatia com “as múltiplas formas de arte como uma necessidade interna de externar sentimentos e visão de vida”, a artista considera que “a arte permite várias linguagens, traduções poética e infinitos diálogos com o mundo ao nosso redor”.


Em outras palavras, distingue a fotografia como algo que capta o exterior para levá-lo ao nosso interior e ressignificá-lo positivamente, enquanto a “a aquarela expande o nosso interior e transforma nossos sentimentos e emoções em tonalidades e formas que estabelecem um diálogo único entre artista e o público”.