minimalismo dos bichos de Lygia Clark  -  (crédito: Lenny Niemeyer/divulgação)

minimalismo dos bichos de Lygia Clark

crédito: Lenny Niemeyer/divulgação

 

Elegância, bom gosto e criatividade são sinônimos de Lenny Niemeyer. A cada coleção, a estilista surpreende o público com algo inovador. No fim de novembro, ela apresentou sua coleção resort para o alto verão 2024 em um desfile na Cinemateca Brasileira em São Paulo, no qual teve como ponto de partida o encontro da arquitetura modernista brasileira com materiais naturais da nossa terra. Por sinal, esse foi o ponto de partida para a coleção AV 24 de Lenny Niemeyer. Formas inspiradas no minimalismo dos bichos de Lygia Clark e na leveza de Oscar Niemeyer em um encontro com materiais rústicos brasileiros, entre eles a seda rústica de O Casulo Feliz e o crochê de palha de Buriti da Associação de Artesãs de Barreirinhas, no Maranhão.

Elegância, bom gosto e criatividade são sinônimos de Lenny Niemeyer

Elegância, bom gosto e criatividade são sinônimos de Lenny Niemeyer

Lenny Niemeyer/divulgação


O Casulo Feliz confecciona fios e tecidos num sistema semi-industrial, utilizando a seda orgânica produzida no Vale da Seda do Paraná (uma das melhores sedas do mundo), com processos de tingimento natural e reciclagem de fibras têxteis, exaltando a beleza das matérias primas rústicas naturais.


olhar sofisticado

O crochê de palha de buriti já é utilizado há anos nas bolsas de fibras das coleções de Lenny Niemeyer e levar esse saber brasileiro ancestral para a narrativa do desfile foi um caminho natural. Por meio da ponte feita por Raissa Colela, estilista que trabalha com a associação, a marca estreitou seus laços com as artesãs e construiu peças únicas, unindo o olhar sofisticado de Lenny Niemeyer ao saber impecável do manejo da palha de buriti.

 O Casulo Feliz e o crochê de palha de Buriti da Associação de Artesãs de Barreirinhas, no Maranhão

O Casulo Feliz e o crochê de palha de Buriti da Associação de Artesãs de Barreirinhas, no Maranhão

Lenny Niemeyer/divulgação


Os pontos e as tramas do buriti e de outras fibras brasileiras, como o vime e o rami, inspiraram também as estampas, que trazem crochês e tramados distorcidos, recoloridos, reinterpretados pelo olhar artístico da marca.


“É sempre desafiador fazer um desfile. Apresentar novas formas, cores e shapes, uma busca constante de novos materiais que envolve toda a minha equipe em muitos meses em uma apresentação de oito minutos. Toda essa expectativa gera uma grande ansiedade. Será o meu 32º desfile e me sinto como se fosse o primeiro”, diz Lenny.


Para quem não sabe, a estilista Lenny Niemeyer se chama Maria Helena Ortiz e é formada em artes plásticas. Nasceu em Santos e se formou em São Paulo, mas mora há décadas no Rio de Janeiro, onde se tornou referência da elegância carioca e é sinônimo de glamour e sofisticação. Lançou-se no mundo da moda fazendo biquínis com aviamentos que ela mesma desenvolvia a partir de pedaços de osso comprados no açougue. Seu negócio começou em um fundo de garagem e hoje tem cerca de 20 lojas e mais de 200 pontos de vendas em multimarcas e exportação para mais de dez países.


Valor do artesanato

Raissa Colela conheceu o grupo de crocheteiras de Barreirinhas há nove anos e a partir deste primeiro encontro construiu uma relação sólida, que une sua experiência em grandes marcas cariocas com o saber e a beleza da arte produzida por Ivonete e seu grupo. Por meio desta ponte, Raissa representa um lugar extremamente importante e urgente na moda brasileira: o ponto de equilíbrio entre grandes empresas e a nossa raiz artesanal. “Alegria enorme poder ampliar a conexão entre uma marca tão importante no cenário brasileiro quanto a Lenny, com artesãs da palha de buriti. O artesanato anda de mãos dadas com a moda brasileira de muitas formas, seja por ser um ofício majoritariamente de mulheres, seja por criar juntos uma releitura e uma revalorização da cultura manual brasileira”, diz Raissa.