Durante a infância, experiências e descobertas são constantes, o que contribui para uma percepção mais alargada do tempo. A novidade de cada momento cria uma impressão de dias longos e cheios. À medida que envelhecemos, o cotidiano passa a ser repleto de rotinas já conhecidas. Essa repetição contribui para a sensação de que o tempo transcorre mais rapidamente.
Pesquisas indicam que, na juventude, o cérebro processa informações novas e memoráveis em maior escala. Esse mecanismo de processamento intensivo significa que as recordações são mais vívidas e ricas, ampliando a percepção de tempo. À medida que as experiências se tornam repetitivas ou menos impressionantes, o tempo aparenta passar mais depressa. Estudos recentes em neurociência apontam que a familiaridade dos eventos reduz o esforço cognitivo para armazenar novas memórias, o que pode acelerar essa sensação.
De que forma a tecnologia influencia nossa percepção temporal?
A onipresença da tecnologia na vida adulta é um fator que potencializa a sensação de aceleração do tempo. O consumo incessante de informações e entretenimento digital pode fragmentar o dia, eliminando o senso de continuidade e, por consequência, contribuindo para que as horas parecerem voar.
Além disso, a utilização de dispositivos eletrônicos é frequentemente uma atividade passiva, onde o tempo parece escapar entre os dedos. A constante busca por atualizações e informações pode resultar em menos momentos de contemplação, os quais são essenciais para uma percepção temporal mais alongada. Novas pesquisas sugerem que a alternância rápida entre aplicativos e notificações pode desorientar a percepção da passagem do tempo, tornando-o ainda mais fluido e fugaz.

Como o acúmulo de responsabilidades afeta a noção de tempo?
Na vida adulta, a lista de responsabilidades cresce consideravelmente. Trabalho, família e compromissos sociais exigem uma gestão cuidadosa do tempo, frequentemente resultando em uma sensação de dias mais curtos e fugazes. Cada tarefa ou obrigação pode ocupar espaço mental significativo, encurtando o tempo disponível para atividades prazerosas ou relaxantes.
Com a necessidade de equilibrar múltiplos aspectos da vida, o cérebro prioriza a finalização de tarefas. O resultado é uma perspectiva temporal focada majoritariamente no cumprimento de obrigações, em detrimento de momentos percebidos como longos e preguiçosos, comuns na infância e adolescência. Esse efeito também pode ser observado no chamado “tempo subjetivo”, percebido de modo distinto em diferentes fases da vida, principalmente devido à pressão por produtividade e prazos.
Será possível desacelerar a sensação do tempo em nossa vida?
Mesmo com a percepção acelerada do tempo, há práticas que podem auxiliar a recuperar um senso de temporalidade mais equilibrado. Técnicas de mindfulness e meditação têm sido apontadas como eficazes na criação de momentos de pausa e reflexão, aumentando a consciência sobre o presente.
Além disso, buscar ativamente novos conhecimentos e aventuras pode também ajudar a criar uma sensação de expansão temporal. Quando a vida é enriquecida com experiências variadas e significativas, mesmo que breves, elas podem oferecer uma nova percepção do tempo e do momento presente. Atividades como viagens, aprendizado de novas habilidades ou a simples mudança de rotina podem contribuir para a criação dessas lembranças marcantes, prolongando a sensação do tempo vivido.