Você sabia que o cheiro e o barulho dos gases intestinais podem revelar muito sobre sua digestão? Segundo o Dr. Hussein Awada, médico (CRM-SP 177707) e palestrante na área da saúde integrativa, esses sinais cotidianos do corpo podem indicar desequilíbrios alimentares e deficiências digestivas que passam despercebidas.
Em seu perfil no Instagram, o especialista comenta de forma bem-humorada, mas técnica, como diferentes tipos de “pum” estão associados ao consumo excessivo de proteínas, carboidratos ou à baixa produção de ácido gástrico e enzimas.
O que significa quando o pum tem cheiro forte?
O odor fétido dos gases está geralmente relacionado ao excesso de proteínas mal digeridas. Segundo o Dr. Hussein Awada, quando o corpo não consegue quebrar completamente as proteínas durante a digestão, elas fermentam no intestino, produzindo compostos como enxofre — responsável pelo cheiro desagradável.
Esse quadro pode indicar que o organismo não está produzindo enzimas digestivas suficientes, ou que há desequilíbrios na microbiota intestinal. De acordo com a Sociedade Brasileira de Gastroenterologia, a digestão incompleta de proteínas pode estar relacionada a quadros de disbiose e má absorção de nutrientes.
E quando o pum é barulhento, o que quer dizer?
Gases barulhentos costumam estar ligados ao consumo elevado de carboidratos fermentáveis, especialmente os simples e refinados. Quando esses alimentos chegam ao intestino grosso sem serem totalmente digeridos, as bactérias fermentam os resíduos e produzem grandes volumes de gás — causando sons mais intensos e frequentes.

Alimentos como pão branco, massas, doces, refrigerantes e alguns tipos de frutas podem contribuir para esse processo, especialmente em pessoas com sensibilidade digestiva ou síndrome do intestino irritável.
Solta muito pum? Pode ser sinal de digestão fraca
Segundo o Dr. Awada, o excesso de flatulência diária também é um indicativo de digestão ineficiente. Isso pode estar relacionado à baixa produção de ácido clorídrico no estômago ou à carência de enzimas digestivas que auxiliam na quebra adequada dos alimentos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que problemas digestivos crônicos, como má digestão e fermentação excessiva, podem impactar a absorção de nutrientes e causar desconfortos que comprometem a qualidade de vida.
Como melhorar a digestão e reduzir os gases?
Para reverter esse quadro, o ideal é ajustar a alimentação e, se necessário, considerar suplementação orientada por um profissional de saúde. Algumas estratégias incluem:
- Aumentar o consumo de alimentos ricos em enzimas naturais, como abacaxi, mamão e gengibre;
- Evitar grandes volumes de proteína em uma única refeição;
- Reduzir o consumo de carboidratos refinados e ultraprocessados;
- Avaliar a acidez gástrica com um profissional para possível uso de betaina HCL ou enzimas digestivas.
Além disso, mastigar bem os alimentos e evitar comer com pressa também ajudam a otimizar o processo digestivo e prevenir a formação excessiva de gases.
Os gases são sempre normais?
A formação de gases é um processo fisiológico normal. No entanto, quando os sintomas se tornam frequentes, barulhentos, com odor muito forte ou associados a dor, inchaço e desconforto abdominal, é hora de investigar.
Gases em excesso podem indicar intolerâncias alimentares, disbiose intestinal, hipocloridria (pouco ácido no estômago), entre outros distúrbios digestivos. O diagnóstico correto deve ser feito com auxílio médico, com base em histórico clínico e exames laboratoriais.
É possível prevenir o problema só com alimentação?
Sim. Um padrão alimentar mais natural, rico em fibras, vegetais, alimentos integrais e proteínas de boa qualidade, tende a favorecer a digestão e reduzir a fermentação. Também é essencial evitar bebidas gaseificadas, frituras, embutidos e adoçantes artificiais, que estão entre os maiores vilões intestinais.
Cuidar da microbiota com probióticos naturais, como iogurte integral ou kombucha, também pode ajudar a equilibrar os microrganismos benéficos no intestino, melhorando a digestão e reduzindo os gases.
Fontes oficiais e referências confiáveis
- Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude
- Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int
- Sociedade Brasileira de Gastroenterologia: https://www.sbg.org.br
- Manual de Saúde Intestinal da Fiocruz: https://portal.fiocruz.br
Se o seu corpo está “falando” através dos gases, vale a pena ouvir. O cheiro, a frequência e até o barulho podem ser sinais claros de que a sua digestão não está funcionando como deveria. Segundo o Dr. Hussein Awada, observar esses pequenos detalhes pode ser o primeiro passo para transformar sua saúde digestiva.
Quando cuidamos da digestão, cuidamos do corpo inteiro — e até o “pum” vira um aliado nessa jornada.