Desde a revogação da Lei de Aluguéis na Argentina, o mercado de locações passou a operar com maior liberdade contratual, enquanto no Brasil, em 2026, a Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91) continua plenamente em vigor, o que torna essencial entender, de forma prática e direta, como cada país calcula os reajustes e como isso pode afetar o seu bolso logo no próximo aniversário de contrato.
Como funciona o reajuste de aluguel na Argentina e no Brasil em 2026
Na Argentina, proprietários e inquilinos passaram a negociar livremente como, quando e com qual índice o aluguel será reajustado, o que ganha relevância a partir de janeiro de 2026, quando muitos contratos completam o período previsto para atualização. Já no Brasil, os reajustes seguem, em regra, anuais na data de aniversário do contrato, com base em índices como IGP‑M, IPCA ou INPC, aplicando‑se o acumulado em 12 meses sobre o valor vigente.
Em ambos os países, o ponto central é o que foi assinado: índice, prazo e forma de correção. Respeitar as cláusulas contratuais e conhecer os limites legais evita conflitos e permite ao inquilino se planejar com antecedência, principalmente em cenários de inflação mais alta ou de renda apertada.

Como a inflação interfere no reajuste do aluguel em janeiro de 2026
O índice de preços escolhido em contrato é o que, na prática, traduz a inflação em aumento de aluguel. Na Argentina, muitos contratos usam o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do INDEC ou o Índice de Contratos de Locação (ICL) como referência direta para o reajuste periódico.
Quando o contrato vincula o aumento à inflação argentina, os dados do INDEC tornam‑se determinantes: por exemplo, um IPC de 2,5% em novembro e inflação acumulada de 31,4% no ano servem de base para reajustes trimestrais, quadrimestrais ou semestrais. No Brasil, a lógica é semelhante, mas com IPCA, INPC ou IGP‑M, sempre considerando o acumulado de 12 meses antes do aniversário do contrato.
Como calcular o reajuste de aluguel pelo IPC na prática
Nos contratos argentinos que utilizam o IPC, o cálculo segue a cláusula de reajuste: o inquilino levanta a inflação de cada mês do período, soma os percentuais e aplica a variação acumulada sobre o aluguel vigente. Esse procedimento reduz dúvidas e dá transparência ao valor final cobrado.
Para organizar o processo, locador e locatário podem seguir um passo a passo simples, usando sempre os dados oficiais do INDEC como base de cálculo:
- Identificar o período de atualização: trimestral, quadrimestral ou semestral, conforme o contrato;
- Levantar a inflação de cada mês no site ou publicações oficiais do INDEC;
- Somar os percentuais mensais para obter a inflação acumulada do período;
- Aplicar o percentual acumulado sobre o valor atual do aluguel;
- Definir o novo valor, que passa a valer na data de reajuste.

Como o Índice de Contratos de Locação (ICL) impacta os aumentos
Mesmo após a revogação da antiga Lei de Aluguéis na Argentina, muitos contratos seguem atrelados ao Índice de Contratos de Locação (ICL). A legislação atual permite escolher livremente o indicador, e o ICL permanece relevante, especialmente porque, desde setembro de 2024, vem desacelerando, gerando aumentos mais moderados que outros índices.
Em contratos com atualização trimestral pelo ICL e reajuste previsto para dezembro ou janeiro, a variação de 6,01% é aplicada exatamente sobre o período combinado. No Brasil, embora não exista o ICL, a escolha entre IPCA, IGP‑M, INPC e outros índices também é contratual, e eventuais mudanças da reforma tributária atingem a tributação da renda de aluguel, mas não a mecânica de reajuste anual baseada em índices de preços.
Como se preparar para o reajuste e evitar surpresas financeiras
Com a liberdade contratual na Argentina, cada contrato passou a definir prazo, índice e método de cálculo, e a partir de janeiro de 2026 muitos inquilinos sentirão no bolso o resultado do que foi assinado. No Brasil, a estabilidade da Lei do Inquilinato não dispensa atenção: é crucial reler as cláusulas de correção, checar os índices dos últimos 12 meses e buscar negociação quando a alta for pesada para o orçamento.
Não espere o boleto chegar para descobrir o tamanho do aumento: hoje ainda é tempo de calcular o reajuste previsto, projetar o impacto no seu custo de vida e conversar com o proprietário se o valor ficar inviável. Tome a iniciativa agora, antes do próximo vencimento, para evitar um aperto financeiro difícil de reverter e garantir que você continue no imóvel com segurança e tranquilidade.




