O crédito imobiliário no Brasil voltou a ganhar fôlego com a liberação de novas contratações de financiamento pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para quem já possui um imóvel financiado, após mais de um ano de bloqueio, o que altera o acesso ao crédito habitacional e tem impacto direto em famílias que planejam trocar de imóvel, adquirir uma segunda unidade ou investir em locação residencial, reacendendo o debate sobre o papel da poupança na sustentação do mercado de moradia.
O que é o SBPE e qual a sua importância para o crédito imobiliário

O SBPE é um sistema abastecido principalmente pelos depósitos da caderneta de poupança, dos quais uma parcela obrigatória deve ser direcionada ao financiamento habitacional. Isso faz da poupança um pilar do crédito para compra da casa própria no país, influenciando diretamente a capacidade de concessão de financiamentos pelos bancos.
Os financiamentos com recursos do SBPE têm saldo devedor corrigido pela Taxa Referencial (TR), juros a partir de cerca de 10,99% ao ano e prazos de até 420 meses. Esse modelo é amplamente usado por famílias de renda média e investidores, oferecendo previsibilidade de regras e conexão direta com a poupança, o que contribui para a estabilidade do sistema e do mercado imobiliário.
Como funcionam atualmente os financiamentos habitacionais pelo SBPE
Com a retomada da possibilidade de contratar mais de um financiamento pelo SBPE na Caixa, o crédito imobiliário volta a ter maior flexibilidade. O cliente pode manter o contrato existente e solicitar outro, desde que cumpra exigências de análise de crédito, capacidade de pagamento e critérios de risco definidos pelo sistema financeiro.
A contratação envolve etapas como simulação de parcelas, avaliação do imóvel, análise cadastral e assinatura do contrato, em que se observam renda formal, histórico financeiro e relação entre parcelas e ganhos mensais. Em alguns casos, o crédito SBPE pode ser combinado com recursos próprios e, quando permitido, com uso do FGTS em operações enquadradas no SFH ou no SFI.
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Por que a Caixa restringiu o crédito SBPE para quem já tinha financiamento
A restrição ao segundo financiamento imobiliário na Caixa em 2024 ocorreu em um contexto de forte demanda por crédito habitacional e limitação de recursos no SBPE. A procura por imóveis financiados se manteve elevada, mas os saldos de poupança não cresceram no mesmo ritmo, exigindo maior cautela na concessão para garantir o cumprimento dos contratos existentes.
Com menos dinheiro disponível e muitas propostas em análise, a restrição funcionou como mecanismo de contenção, atingindo titular e cônjuge, independentemente do regime de casamento. Essa medida limitou estratégias de compra em nome de apenas um dos integrantes do casal, e somente foi revista após redesenho das políticas de crédito e adoção de um pacote de medidas do governo voltado ao setor imobiliário.
Quais medidas recentes influenciam o crédito imobiliário e o uso do SBPE

A flexibilização para contratar múltiplos financiamentos pelo SBPE integra um conjunto de ações para estimular o mercado imobiliário e a construção civil. Entre elas estão o aumento de limites de financiamento no SBPE e no Sistema Financeiro da Habitação, bem como ajustes nas regras de compulsório do Banco Central, que impactam a liquidez dos bancos.
Também houve ampliação das possibilidades de uso do FGTS em operações ligadas ao Sistema Financeiro Imobiliário, buscando preservar o ritmo das concessões mesmo com queda nos saldos de poupança. Com isso, famílias ganham mais alternativas para aquisição, troca ou regularização de imóveis, enquanto a construção civil encontra ambiente mais favorável para lançar projetos e manter empregos.
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Quais cuidados adotar ao contratar crédito habitacional pelo SBPE
A ampliação do acesso ao crédito imobiliário pelo SBPE não elimina os riscos de assumir um compromisso de longo prazo, que pode chegar a três décadas. Por isso, é essencial que famílias e investidores planejem bem a contratação, avaliem sua capacidade de pagamento e considerem diferentes cenários econômicos ao longo do tempo.
Alguns cuidados práticos ajudam a tornar a decisão mais consciente e compatível com a realidade financeira de cada tomador de crédito, reduzindo o risco de endividamento excessivo e inadimplência:
- Analisar o orçamento: definir quanto da renda pode ser destinado às parcelas sem comprometer despesas essenciais.
- Comparar taxas e condições: observar juros, indexadores, seguros e custos adicionais entre diferentes modalidades e instituições.
- Avaliar o perfil do imóvel: considerar localização, padrão de construção, potencial de valorização e situação documental.
- Simular cenários: projetar mudanças de renda, despesas futuras e variações de taxas regulatórias ao longo do contrato.
De forma geral, o SBPE permanece como uma das principais engrenagens do crédito habitacional no Brasil em 2025, e a liberação de novos financiamentos para quem já tem contrato ativo amplia o leque de possibilidades de compra de imóveis e reforça o papel da poupança como fonte de recursos para o setor.




