Avanços significativos na recuperação de movimentos em pacientes Paraplégicos têm vindo à tona, graças a uma colaboração inovadora entre pesquisadores brasileiros e chineses. No Hospital Xuanwu, em Pequim, um estudo revolucionário foi realizado em parceria com o Projeto Andar de Novo, sob a liderança do neurocientista Miguel Nicolelis. Intitulado Walk Again Neurorehabilitation Protocol (WANR), este protocolo combina diferentes tecnologias, como sensores externos não invasivos, realidade virtual e dispositivos robóticos, com o objetivo de estimular o cérebro a recuperar parte das funções motoras perdidas devido a lesões medulares.
O estudo envolveu 19 participantes com lesão medular completa, divididos em dois grupos: o primeiro seguiu um programa de fisioterapia convencional, enquanto o segundo foi submetido ao protocolo WANR por um período de nove meses. Neste cenário, os pacientes aprendiam a controlar um avatar em mundos virtuais ao mesmo tempo em que exoesqueletos robóticos lhes proporcionavam estímulos físicos. Esta abordagem tem como meta reativar caminhos neurais que ficaram inativos após a lesão, facilitando o reaprendizado de movimentos básicos.
Qual é o impacto desses métodos na recuperação dos pacientes?
Os resultados do protocolo WANR se mostraram impressionantes. Cinco meses após o início do treinamento, os pacientes começaram a exibir sinais de recuperação. Ao final do estudo, metade do grupo tratado com WANR conseguiu avançar de uma condição de paraplegia total para parcial, demonstrando movimentos voluntários nas pernas e, em casos específicos, a habilidade de caminhar de forma independente. Contrapondo este progresso, o grupo que participou apenas da fisioterapia tradicional não apresentou mudanças significativas em suas condições motoras.

Como o cérebro responde a esses estímulos?
Além das melhorias funcionais, exames de ressonância magnética mostraram mudanças promissoras na estrutura cerebral dos pacientes do grupo experimental. Observou-se um enriquecimento na espessura cortical e uma conectividade funcional aumentada entre diferentes regiões cerebrais, sugerindo um processo de reorganização neural. Esse fenômeno contradiz a ideia anterior de que o cérebro possui uma capacidade limitada de recuperação após lesões graves. O estudo aponta que, com os estímulos corretos, o cérebro pode recriar ou adaptar vias neurais para contornar danos causados por lesões antigas.
Quais são as implicações futuras para a ciência médica?
Os resultados alcançados pelo uso do protocolo WANR abrem novas frentes para o tratamento de lesões medulares crônicas e condições neurológicas degenerativas. As interfaces cérebro-máquina, junto com tecnologias como a realidade virtual e a robótica, têm potencial para serem integradas em tratamentos de doenças cerebrais, oferecendo novas esperanças de recuperação e melhoria na qualidade de vida. Com a evolução destes métodos, é possível antever um futuro onde condições que outrora eram vistas como permanentes possam ser tratadas de forma eficaz, resgatando as capacidades motoras e cognitivas perdidas.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
CRM-GO 33.271




