O mercado de tecnologia já trabalha com a previsão de que celulares, notebooks e outros eletrônicos fiquem mais caros no Brasil a partir do início de 2026, com alta estimada entre 10% e 20% no produto final, puxada principalmente pelo encarecimento da memória RAM e pela realocação da produção global de semicondutores para aplicações de data centers e inteligência artificial.
Preços de eletrônicos devem subir no Brasil

Executivos da indústria indicam uma tendência de alta consistente nos próximos meses, com a memória RAM subindo desde o segundo semestre de 2024. Projeções internas apontam para reajustes de 20% a 40% no componente em 2026, dependendo de contratos, volumes e variações cambiais, o que pode resultar em aumento de 10% a 20% no preço final de smartphones e notebooks.
Até recentemente, muitas empresas absorviam parte dos custos para evitar repasses imediatos ao consumidor, mas o setor admite que isso ficará insustentável a partir de 2025. Fabricantes globais de computadores, como Dell e Lenovo, já sinalizam aumentos em escala mundial, impactando o varejo brasileiro, sobretudo em modelos de entrada e intermediários, onde a margem é mais apertada.
Escassez de memória RAM é a principal responsável pela alta
A indústria vive uma transição em que memórias convencionais, como DDR4, cedem espaço para chips de alta largura de banda, como HBM (High Bandwidth Memory). Esses componentes são essenciais para servidores e placas voltados a machine learning e inteligência artificial generativa, que registram forte expansão até 2025 e consomem grande parte da capacidade produtiva disponível.
Três grandes fabricantes dominam esse mercado: Samsung, SK Hynix e Micron, que vêm priorizando linhas de maior valor agregado, como HBM e memórias mais avançadas. Um exemplo simbólico foi o anúncio de que a marca Crucial, ligada à Micron, deixará o segmento de memória RAM de varejo, sinalizando redução da oferta de módulos DDR4 e pressionando preços em toda a cadeia de suprimentos.
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Capacidade limitada de produção aumenta a pressão sobre os custos
Com a fabricação de semicondutores já bastante demandada, ampliar instalações não é algo imediato nem trivial. A construção de uma nova planta de chips leva anos, exige investimentos bilionários, incentivos governamentais e uma extensa qualificação de processos, o que dificulta uma resposta rápida ao aumento repentino da demanda global.
Enquanto essa expansão não acontece, a mesma infraestrutura precisa atender simultaneamente ao mercado de eletrônicos de consumo e ao de data centers. Esse compartilhamento de capacidade causa um desequilíbrio entre oferta e demanda, reduz estoques disponíveis de DDR4 e eleva os custos para fabricantes de celulares, notebooks e outros dispositivos de uso doméstico e corporativo.
Quais tipos de produtos serão mais afetados pela falta de memória RAM

Os efeitos da escassez de memória RAM não serão homogêneos entre os diferentes segmentos de eletrônicos. Em telefones celulares, modelos básicos e intermediários aparecem como os mais sensíveis ao aumento de custos, e marcas menores já relatam dificuldade para adquirir componentes em grande volume e com preços competitivos, o que pode reduzir a oferta de aparelhos acessíveis.
Nos computadores portáteis, fabricantes globais sinalizam reajustes em linhas corporativas e para o consumidor final, com maior pressão sobre notebooks que utilizam predominantemente DDR4. Dispositivos que adotam padrões mais recentes, como DDR5, tendem a sofrer impacto distinto, pois sua cadeia de abastecimento está melhor ajustada em 2025, especialmente em modelos premium e estações de trabalho.
Como o consumidor pode se preparar para o aumento dos eletrônicos
Diante da perspectiva de encarecimento de celulares e notebooks, alguns cuidados podem ajudar no planejamento financeiro. A substituição de aparelhos deve ser avaliada com mais critério, evitando trocas por impulso e priorizando modelos que atendam às necessidades reais por mais tempo, muitas vezes com reforço de armazenamento ou manutenção preventiva.
Para organizar melhor as decisões de compra em um cenário de preços em alta, o consumidor pode adotar algumas estratégias práticas e fáceis de aplicar no dia a dia:
- Planejamento de compra: acompanhar períodos de promoções sazonais, como início de ano letivo, datas de varejo e campanhas de grandes redes.
- Avaliação técnica: comparar especificações de memória RAM e armazenamento para não pagar mais por recursos pouco utilizados no cotidiano.
- Pesquisa de marcas: observar assistência técnica, garantia e política de atualização de software, já que a substituição de componentes tende a ficar mais cara.
- Antecipação da troca: para quem já planejava trocar de dispositivo em 2025 ou início de 2026, considerar antecipar a compra pode reduzir a exposição aos reajustes.




