A falência da Ultralar voltou aos holofotes ao marcar o fim definitivo de uma rede que fez parte do cotidiano de milhares de famílias brasileiras. Após 44 anos de operação, o encerramento das atividades evidenciou a fragilidade de um mercado que já vinha sofrendo transformações profundas.
Como uma rede tão tradicional chegou ao auge e depois perdeu força?
A Ultralar nasceu ainda nos anos 50, crescendo rapidamente em meio à expansão do consumo urbano e da modernização do lar. Sua proposta inicial, voltada à venda de fogões a gás, logo se ampliou para vários itens domésticos, permitindo que a marca conquistasse espaço nas principais capitais.
Com o tempo, a empresa evoluiu para um modelo de grande magazine, oferecendo eletrodomésticos e utilidades em lojas amplas e estratégicas. No auge da operação, chegou a manter 44 unidades espalhadas principalmente entre São Paulo e Rio de Janeiro, tornando-se referência no varejo de casa e decoração.

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Quais fatores iniciaram o declínio e levaram à queda acelerada?
Com mudanças internas no grupo controlador, a empresa passou a receber menos investimentos, o que prejudicou a renovação das lojas e reduziu sua competitividade. Diante de um mercado cada vez mais agressivo, a infraestrutura desatualizada se tornou um problema crescente, e a Ultralar perdeu espaço para concorrentes mais modernos.
A tentativa de reposicionamento veio com a transformação da marca em “Ultralar e Lazer” e a utilização de antigas estruturas da Sears no Rio de Janeiro. Apesar da estratégia ousada, o retorno esperado não aconteceu, e a queda no fluxo de clientes continuou.
Por que as tentativas de reestruturação não surtiram efeito?
A empresa buscou alternativas para sobreviver, chegando a negociar com outras redes, como o Ponto Frio, mas as conversas não foram suficientes para salvar o negócio. A concorrência agressiva e a margem de lucro reduzida impediram que novos acordos avançassem.
Enquanto isso, as dívidas se acumularam. Com fornecedores acionando a Justiça para cobrar valores pendentes, a situação financeira se agravou rapidamente. Esse cenário levou à decretação oficial da falência em 8 de maio de 2000, encerrando definitivamente as operações.

O que aconteceu com as lojas e como a falência impactou o varejo?
A falência abriu caminho para a incorporação de grande parte das unidades pela Casas Bahia, que absorveu pontos comerciais e funcionários. Essa integração marcou o fim da identidade da Ultralar no mercado, encerrando uma história que atravessou gerações.
- Integração ao setor: a marca desapareceu, mas suas unidades reforçaram a expansão das Casas Bahia.
- Impacto nos trabalhadores: muitos colaboradores foram redistribuídos, outros ficaram sem colocação imediata.
- Perda de referência: consumidores que cresceram vendo a marca assistiram ao fim de uma rede tradicional.
A trajetória da Ultralar mostra como empresas consolidadas podem perder força quando deixam de acompanhar as mudanças do varejo. E revela, também, que até marcas históricas podem desaparecer quando a renovação não acompanha o ritmo do mercado.




