A reforma do IR de 2026 amplia a isenção até R$ 5.000, cria tributação sobre altas rendas acima de R$ 600 mil anuais, retoma a taxação de dividendos em 10% e impacta arrecadação, empresas e investimentos no país.
A nova lei do Imposto de Renda sancionada para vigorar a partir de 2026 promove uma das maiores reformas fiscais recentes. A proposta amplia a isenção para milhões de brasileiros, cria tributação sobre altas rendas e retoma a taxação de dividendos, com impactos diretos na economia.
O que muda na tabela do Imposto de Renda a partir de 2026?
A correção da tabela progressiva é considerada um ajuste histórico, já que os valores estavam praticamente congelados desde 2016. Com a nova regra, trabalhadores de menor renda deixam de pagar imposto, aliviando a pressão causada pela inflação acumulada ao longo dos anos.
Quem recebe até R$ 5.000 por mês ficará totalmente isento, enquanto rendimentos entre R$ 5.000 e R$ 7.350 terão desconto parcial. Acima desse valor, a alíquota máxima segue em 27,5%, mantendo a estrutura superior sem alterações.
Separamos um vídeo compartilhado pelo canal do YouTube Papo de Bolsa falando sobre as novas mudanças no Imposto de Renda, quem se beneficia e quem deverá pagar mais.
Como funciona a nova tributação sobre a alta renda?
Para compensar a renúncia fiscal da nova tabela, o governo criou uma cobrança adicional baseada na renda anual total. A medida mira contribuintes de maior poder aquisitivo e passa a considerar salários, aluguéis e lucros em um único cálculo, conforme detalhado a seguir.
- Até R$ 600 mil por ano: contribuintes permanecem isentos dessa nova cobrança.
- Entre R$ 600 mil e R$ 1,2 milhão: alíquota progressiva variando de 0,1% a 10%.
- Acima de R$ 1,2 milhão: aplicação de taxa fixa de 10% sobre a renda total.
Leia mais: A Receita Federal confirmou que essas pessoas não precisarão declarar imposto de renda em 2026
Por que a taxação de dividendos volta ao centro do debate?
O Brasil era uma exceção global ao não tributar dividendos na pessoa física, algo comum em países da OCDE. Com a nova lei, a tributação de lucros distribuídos retorna, levantando discussões sobre possível bitributação, já que empresas já pagam IRPJ e CSLL.
A medida atinge principalmente dividendos enviados ao exterior, com retenção de 10% na fonte. Analistas alertam que isso pode estimular a fuga de capital, estimada em até US$ 35 bilhões, pressionando o câmbio e o valor do real.

Como as empresas devem reagir às novas regras fiscais?
Diante da taxação dos dividendos, companhias abertas tendem a alterar sua estratégia de remuneração aos acionistas. O movimento mais esperado é a substituição do pagamento direto por mecanismos que reduzam a carga tributária, como demonstram as alternativas abaixo.
- Recompra de ações: empresas compram seus próprios papéis e aumentam a participação dos acionistas sem tributação imediata.
- Modelo internacional: prática já consolidada nos Estados Unidos e em mercados desenvolvidos.
- Número expressivo: hoje existem 128 programas de recompra ativos na bolsa brasileira.
Quais riscos e efeitos a nova lei pode gerar no longo prazo?
Especialistas alertam que, sem um mecanismo automático de correção da tabela, a isenção pode perder efeito em poucos anos. A persistência da inflação tende a empurrar novamente rendas menores para faixas tributadas do Imposto de Renda.
Outro risco é o aumento da elisão fiscal, com contribuintes de alta renda buscando holdings, planejamentos agressivos ou mudança de domicílio fiscal. O equilíbrio entre justiça social, investimento produtivo e arrecadação será decisivo para o sucesso da reforma.




