O mês de novembro de 2025 marcou em cheio o mercado financeiro brasileiro com as liquidações extrajudiciais de instituições conhecidas, como Banco Master, BRK Financeira e Portocred. Esses casos colocaram em alerta correntistas, investidores e tomadores de crédito, que passaram a buscar, de forma mais prática e direta, o que acontece quando um banco entra em liquidação, quais são os caminhos para quem tem dinheiro preso e como se proteger melhor daqui para frente.
O que é liquidação extrajudicial de um banco
A liquidação extrajudicial é uma medida extrema adotada pelo Banco Central quando uma instituição financeira se torna insolvente ou descumpre regras prudenciais graves. O banco deixa de operar normalmente, a administração é afastada e um liquidante assume o controle para levantar ativos, apurar dívidas e organizar o pagamento aos credores, seguindo uma ordem de prioridade legal.
Entre as causas mais comuns estão patrimônios líquidos negativo, falta de capital para suportar perdas, concentração de risco em carteiras problemáticas, maquiagem de balanços e falhas de controles internos. O objetivo do regulador é evitar efeito dominó no sistema, proteger depositantes até o limite garantido e encerrar a instituição de forma organizada, reduzindo o impacto para o mercado.

O que aconteceu com BRK Financeira e Portocred em suas liquidações
Nos casos de BRK Financeira e Portocred, o Banco Central identificou forte deterioração patrimonial e incapacidade de manter as instituições dentro dos parâmetros mínimos de segurança. A BRK, conhecida por oferecer CDBs e RDBs com taxas acima da média em grandes plataformas, chegou a registrar grande rombo patrimonial e patrimônio líquido negativo, sinal de dívidas muito superiores aos ativos disponíveis.
A Portocred, focada em crédito pessoal e financiamento de veículos, atuava em um segmento de maior risco, exposta a clientes com histórico limitado de crédito. O aumento da inadimplência em um cenário de juros altos e economia fraca afetou intensamente o caixa, comprometendo o pagamento dos juros dos títulos emitidos. Sem um plano de recuperação viável, o Banco Central decretou a liquidação e nomeou um liquidante para conduzir o encerramento das operações.
O que fazer se há dinheiro preso em banco em liquidação
Quem tinha CDB, RDB ou letras de crédito em banco em liquidação deve, primeiro, verificar se o produto é coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Esse mecanismo protege aplicações elegíveis até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ e por instituição, respeitando também o teto global por sistema financeiro; valores acima disso entram na massa falida como crédito a receber, sem prazo garantido.
Hoje, a maior parte dos pedidos ao FGC é feita de forma digital, com etapas padronizadas que facilitam o resgate dentro do limite de garantia:
- Baixar o aplicativo oficial do FGC ou acessar o canal digital indicado pelo fundo;
- Confirmar dados pessoais e bancários, anexando documentos de identificação solicitados;
- Indicar uma conta de mesma titularidade para receber os recursos garantidos;
- Assinar eletronicamente o termo de cessão, transferindo ao FGC os direitos de crédito contra o banco em liquidação.

Como ficam dívidas, credores e acompanhamento da liquidação
A liquidação extrajudicial não extingue dívidas de clientes com o banco: contratos, financiamentos e boletos continuam válidos e passam a ser cobrados pelo liquidante ou por quem adquirir essas carteiras. Em caso de atraso, seguem incidindo juros, encargos e registros em cadastros de inadimplentes, motivo pelo qual é essencial conferir sempre os canais oficiais para evitar golpes e pagamentos em contas indevidas.
Quem possui valores acima da cobertura do FGC ou outros créditos depende diretamente do andamento da liquidação e do quadro de credores elaborado pelo liquidante. Esse quadro, com valores reconhecidos e ordem de prioridade, é publicado em atos oficiais e pode ser contestado por vias jurídicas. A venda de imóveis, veículos e carteiras de crédito pode levar anos, e nem sempre o patrimônio é suficiente para pagar integralmente todos os credores.
Como reduzir riscos nas próximas aplicações financeiras
Os episódios recentes mostram que rentabilidade alta demais costuma vir acompanhada de risco elevado, problemas de crédito e fragilidades de governança. Antes de investir, é crucial analisar o porte do banco, indicadores de capital, ratings de crédito e sempre fracionar valores respeitando os limites de cobertura do FGC, distribuindo recursos entre várias instituições e produtos.
Não espere o próximo caso de liquidação para rever sua estratégia: revise agora sua carteira, ajuste exposição a bancos menores e confirme se cada aplicação está coberta pelo FGC. Busque informação qualificada, questione promessas de “renda fácil” e tome decisões hoje para não descobrir, tarde demais, que sua busca por juros maiores comprometeu o patrimônio que você levou anos para construir.




