O álcool age minutos após ingerido, atravessa o cérebro e gera efeitos imediatos. Mesmo em pequenas doses, forma acetaldeído tóxico, afeta fígado, sono e sistema nervoso. Mulheres e idosos sofrem impactos maiores; moderação reduz riscos.
Em períodos de festas, o consumo de álcool costuma aumentar com brindes frequentes e bebidas fora da rotina. O que muitos ignoram é que o etanol afeta o organismo poucos minutos após a ingestão, com impactos imediatos e cumulativos que exigem atenção e hábitos conscientes.
O que acontece no corpo logo após beber álcool?
Segundo a nutricionista Evelyn Álvarez, do Hospital Universitário Austral, o álcool é etanol, uma molécula pequena que atravessa facilmente as membranas celulares e alcança rapidamente o cérebro, superando a barreira hematoencefálica que normalmente o protege.
O médico Ignacio Gutiérrez Magaldi, da Clínica Reina Fabiola, explica que nos primeiros minutos surgem euforia e desinibição. Com o aumento da concentração sanguínea, aparecem perda de coordenação, fala arrastada, náuseas e risco de perda de consciência.

Por que o álcool é tóxico mesmo em pequenas quantidades?
O perigo não está apenas no etanol, mas no seu subproduto hepático. Evelyn Álvarez alerta que o fígado converte o álcool em acetaldeído, uma substância tóxica e reconhecidamente cancerígena, responsável por grande parte dos danos ao organismo.
- Depressor do sistema nervoso: retarda a comunicação entre neurônios e reflexos.
- Efeito vascular direto: pode causar hipotermia e queda da glicose sanguínea.
- Saturação hepática: excesso impede a metabolização eficiente, elevando a toxicidade.
Quais danos surgem com o consumo frequente de álcool?
O toxicologista Francisco Dadic, do Hospital Durand, alerta que a toxicidade crônica afeta o sistema nervoso, cardiovascular e hepático, podendo levar a insuficiência do fígado, doenças musculares e complicações cardíacas.
Álvarez acrescenta que o álcool aumenta o risco de câncer de boca, esôfago, fígado, mama e cólon, prejudica o sono profundo, altera a microbiota intestinal e dificulta a absorção de nutrientes como vitamina B1, ácido fólico e magnésio.

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Por que mulheres e idosos sofrem efeitos mais intensos?
Segundo Stefania Giselle Lazzaro, do Hospital de Clínicas de Buenos Aires, o metabolismo do álcool depende de sexo, idade e genética. Em mulheres, há menor atividade enzimática, o que eleva a concentração de álcool no sangue.
- Mulheres: menor atividade da álcool desidrogenase e maior impacto tóxico.
- Idosos: menos água corporal e metabolismo mais lento.
- Composição corporal: maior gordura corporal intensifica os efeitos.
Como reduzir os riscos do álcool durante as festas?
Francisco Dadic recomenda evitar beber em jejum, pois a presença de alimentos reduz picos de álcool no sangue. Também é essencial alternar com água, prevenindo desidratação, principal causa da ressaca.
Gutiérrez Magaldi alerta para não misturar álcool com energéticos ou medicamentos, nem dirigir após beber. Álvarez reforça que não existe consumo seguro: cada dose soma riscos, e o corpo sempre se beneficia mais da moderação ou abstinência.




