Após quase dez anos de crise, a recuperação judicial do Grupo Pupim foi convertida em falência. Sem operar desde 2019, o grupo acumula passivo estimado entre R$ 4,5 e R$ 6 bilhões, com ativos insuficientes e mais de 300 credores afetados.
Após quase dez anos em crise, o Grupo Pupim, que já liderou a produção de algodão no Brasil, teve a recuperação judicial transformada em falência. Sem operar desde 2019 e com ativos insuficientes, o passivo pode alcançar até R$ 6 bilhões, afetando mais de 300 credores.
Como a recuperação judicial do Grupo Pupim chegou ao fim?
A recuperação judicial convertida em falência foi o desfecho de um processo marcado por falta de viabilidade econômica e descumprimento de planos aprovados. Mesmo após renegociações, o grupo não conseguiu retomar as operações nem gerar caixa suficiente para cumprir os compromissos.
A empresa permaneceu anos sem atividade produtiva relevante, perdeu estrutura operacional e acumulou dívidas fiscais e privadas incompatíveis com seu patrimônio. Esse desequilíbrio levou os credores a reconhecer que o soerguimento não era mais possível.

Quais fatores levaram ao colapso financeiro do grupo?
O colapso resultou de uma combinação de expansão acelerada, alto endividamento e exposição às oscilações do mercado. A trajetória do grupo ilustra riscos comuns no agronegócio altamente alavancado, como mostram os principais fatores a seguir.
- Expansão agressiva: crescimento rápido da área plantada, ultrapassando 100 mil hectares.
- Crédito elevado: captação intensa de recursos em moeda nacional e estrangeira.
- Perda de ativos: execução de garantias, incluindo fazenda de 45 mil hectares em Mato Grosso.
Como a dívida evoluiu para um passivo de até R$ 6 bilhões?
O pedido de recuperação, feito em 2015 e homologado em 2017, já envolvia um passivo superior a R$ 1 bilhão. Nos anos seguintes, novas dívidas foram assumidas na tentativa de manter alguma atividade, agravando ainda mais o quadro financeiro.
Relatórios recentes indicam um passivo estimado em R$ 4,5 bilhões, com possibilidade de chegar a R$ 6 bilhões caso deságios anteriores sejam revistos. Em contrapartida, os ativos não ultrapassariam R$ 3 bilhões em cenário otimista.

Por que os credores optaram pela conversão em falência?
A virada decisiva ocorreu quando o governo de Mato Grosso, também credor, solicitou a falência devido ao não pagamento de débitos fiscais. A ausência de operação e o descumprimento do plano mais recente tornaram inevitável a mudança de rumo.
- Inadimplência fiscal: impostos acumulados sem perspectiva de regularização.
- Plano inviável: incapacidade de cumprir o acordo ajustado em 2023.
- Consenso dos credores: reconhecimento coletivo de que não havia mais saída operacional.
O que muda para os credores com a falência do Grupo Pupim?
Com a falência, o processo deixa de buscar reestruturação e passa à liquidação dos ativos. Um administrador judicial organizará a venda de bens e distribuirá os recursos conforme a ordem legal de prioridades.
Credores trabalhistas terão preferência dentro dos limites legais, bancos com garantias reais devem recuperar parte dos valores, e credores sem garantias podem receber apenas frações ou nada. O caso se consolida como um marco de risco no agronegócio.




