O sistema tributário dos Estados Unidos tem prazos rígidos e mecanismos automáticos de cobrança que hoje estão mais agressivos, afetando diretamente brasileiros que vivem nos EUA ou mantêm investimentos e patrimônio no país. Quando as obrigações fiscais são ignoradas, o IRS pode avançar para bloqueios de contas bancárias, salários, crédito e bens, muitas vezes sem necessidade de novas ordens judiciais, criando um risco real para seu patrimônio e até para sua vida migratória.
O que é a notificação oficial do IRS e por que ela é decisiva
A notificação oficial do IRS é a carta que formaliza que há pendências de declaração ou pagamento de imposto, enviada ao endereço registrado ou, em alguns casos, por via eletrônica. Ela explica a situação, traz o valor estimado do imposto devido e estabelece prazos para resposta ou regularização.
Para brasileiros, essa etapa é crítica, pois muitos ignoram o aviso por idioma, mudança de endereço ou falsa sensação de segurança por estar no Brasil. No entanto, essa é a principal oportunidade para negociar, enviar declarações em atraso, corrigir erros e evitar que o caso avance para bloqueios de contas, destruição de crédito e riscos migratórios.

Como funcionam os embargos de contas bancárias e bens nos EUA
Se a notificação não é respondida no prazo, o IRS pode iniciar a cobrança forçada, como o embargo de contas bancárias (levy) e a retenção de salários diretamente na folha de pagamento (wage garnishment). Para quem mora nos EUA, isso pode deixar apenas um valor mínimo de subsistência, afetando aluguel, escola dos filhos, plano de saúde e contas básicas.
Brasileiros que vivem no Brasil, mas têm contas, investimentos ou imóveis nos EUA, também podem ser atingidos por congelamento de ativos, registro de liens sobre imóveis e, em situações prolongadas, confisco e venda forçada de bens. Tax liens podem impedir venda, refinanciamento, desvalorizar o patrimônio e prejudicar o credit score por muitos anos.
Quais são as principais etapas após ignorar a declaração e os avisos
O caminho até o embargo de bens segue um fluxo padronizado pelo IRS, começando com tentativas de regularização voluntária e evoluindo para medidas cada vez mais severas. Entender essas fases ajuda o contribuinte a agir cedo e interromper a escalada da cobrança.
De forma geral, o processo inclui etapas progressivas, que variam em prazos, mas seguem a mesma lógica de aumento de pressão:
- Identificação da falta de declaração: cruzamento de dados de bancos, empregadores e FATCA com declarações entregues.
- Envio de avisos iniciais: cartas (CP2000, CP14, LT11 etc.) com cálculo estimado e prazos para resposta.
- Substitute for Return: declaração feita pelo próprio IRS, geralmente com imposto maior por não considerar deduções.
- Multas e juros crescentes: penalidades por atraso na declaração e pagamento, que se acumulam ano a ano.
- Cobrança forçada: embargos, retenção de salários, liens e, em dívidas seriamente delinquentes, comunicação ao Departamento de Estado.
Quais práticas reduzem o risco de embargo pelo governo dos EUA
Algumas práticas simples reduzem drasticamente o risco de bloqueios e medidas drásticas, começando por manter dados de contato sempre atualizados junto ao IRS. Também é essencial guardar W‑2, 1099, relatórios de corretoras e extratos bancários para facilitar declarações completas e consistentes.

Para quem já tem dívida constituída, existem alternativas formais de negociação, que podem ser acessadas com apoio de um CPA ou advogado tributário:
- Planos de parcelamento (Installment Agreements): permitem pagar em parcelas mensais, muitas vezes em até 72 meses.
- Offer in Compromise (OIC): possibilita quitar a dívida por valor menor, se comprovada incapacidade real de pagamento integral.
- Revisão de declarações anteriores: correção de anos passados para incluir deduções e créditos esquecidos, reduzindo imposto e multas.
- Programas de alívio temporário: em alguns casos, é possível ser considerado “Currently Not Collectible” se a cobrança comprometer a subsistência.
Por que agir rápido com o IRS pode salvar seu patrimônio
O regime de cobrança nos EUA combina prazos rígidos, notificações formais e instrumentos automáticos capazes de atingir contas, salários, crédito e bens, mesmo quando o contribuinte alega desconhecimento ou dificuldade com o idioma. Para brasileiros com renda, investimentos, Green Card, cidadania ou imóveis nos EUA, ignorar o IRS é abrir espaço para multas crescentes, perda de patrimônio e entraves graves em vistos, naturalização e segurança jurídica dos bens.
Se você tem qualquer vínculo financeiro com os EUA e dúvida sobre sua situação fiscal, o momento de agir é agora: não espere a próxima carta virar bloqueio de conta ou ameaça ao seu status migratório. Procure imediatamente um contador licenciado (CPA) ou advogado tributário especializado em brasileiros, revise todos os anos em aberto e responda a cada aviso do IRS antes que a situação se torne irreversível para o seu dinheiro, sua família e o seu futuro no país.




