O fechamento de grandes supermercados se tornou um tema recorrente na Argentina, especialmente na Grande Buenos Aires, refletindo uma reestruturação intensa do varejo físico tradicional em meio à inflação alta, queda de renda, avanço das compras online e redefinição das estratégias de grandes grupos como a Cencosud.
Por que o fechamento de supermercados Cencosud ganhou tanta visibilidade?
Entre os casos mais comentados está o encerramento de um dos maiores supermercados da zona sul de Buenos Aires, administrado pelo grupo chileno Cencosud. A loja funcionou por cerca de 30 anos e era referência para bairros densamente povoados, o que ampliou a repercussão local e nacional do seu fechamento.
A decisão foi associada as questões de rentabilidade, queda no consumo e necessidade de revisão do portfólio em um cenário de inflação persistente. O caso reforçou o debate sobre até que ponto o varejo físico tradicional consegue se sustentar diante da concorrência de formatos menores, canais digitais e mudanças no comportamento de compra.

Quais fatores econômicos pressionam o varejo físico tradicional da Cencosud?
O fechamento de grandes unidades de supermercado ou home center costuma resultar de uma combinação de queda nas vendas e aumento dos custos operacionais. No caso da Cencosud na Argentina, sindicatos relataram reduções de faturamento entre 30% e 50% em alguns pontos, tornando inviável manter estruturas amplas e caras.
Despesas com energia, impostos, logística, segurança, estacionamento e manutenção de imóveis em áreas estratégicas, como La Matanza e outros pontos do Grande Buenos Aires, pesam cada vez mais no caixa. Diante disso, o grupo tende a priorizar lojas menores e formatos mais ágeis, além de reforçar canais digitais e integração com marketplace.
O que acontece com os trabalhadores após o fechamento das lojas?
O impacto mais imediato recai sobre os funcionários, já que cada fechamento pode dispensar dezenas de trabalhadores de uma só vez. Parte deles recebe propostas de transferência para outras lojas da rede em cidades próximas, enquanto outros optam por planos de desligamento com indenização integral acompanhados por sindicatos.
Em muitos casos, os acordos de encerramento de operações incluem medidas específicas para tentar reduzir conflitos trabalhistas e garantir o pagamento de direitos. Entre as práticas mais comuns estão:
- Pagamento integral de verbas rescisórias previstas na legislação trabalhista;
- Planos de retiros voluntários para quem preferir encerrar o vínculo;
- Transferência para outras unidades do conglomerado, quando há vagas disponíveis;
- Negociações monitoradas por sindicatos locais e órgãos públicos para evitar conflitos coletivos.

Como o fechamento de supermercados afeta consumidores e comércio local?
Para quem mora nas proximidades, o encerramento de um hipermercado ou loja de materiais de construção altera a rotina de compras de forma imediata. Consumidores deixam de contar com um ponto único para alimentos, limpeza, eletrodomésticos e itens para o lar, sendo obrigados a buscar alternativas frequentemente mais distantes e fragmentadas.
Essa mudança tende a reduzir a concorrência entre grandes redes, aumentar gastos com transporte e ampliar a dependência de mercados de bairro, que nem sempre conseguem igualar preços e variedade. Ao mesmo tempo, pequenos e médios comércios ganham espaço, mas têm limitação para suprir categorias como eletrônicos, linha branca e materiais de construção com a mesma escala e condições de oferta.
Qual é o papel da Cencosud hoje e o que esperar do futuro do varejo?
Cencosud é um conglomerado chileno de varejo, dono de marcas como Jumbo, Easy, Vea e Disco na Argentina, além de operar em outros países da América Latina e nos Estados Unidos. Mesmo com o fechamento de algumas lojas, segue entre os principais grupos do setor, ajustando contratos, formatos e localização das unidades ao novo padrão de consumo, mais digital e sensível a preço.
O fechamento de um supermercado Cencosud não é um evento isolado, mas parte de uma reestruturação profunda do varejo na região, que atinge trabalhadores, consumidores e comunidades inteiras. Agora é o momento de acompanhar essas mudanças com atenção, pressionar por manutenção de empregos formais e acesso a serviços essenciais e, sobretudo, agir rápido: organize-se com vizinhos, sindicatos e autoridades locais para não ser apenas espectador, mas protagonista na defesa de um comércio mais justo e acessível.




