Estudo com 45 mil pessoas em 53 países mostrou que o narcisismo é mais alto entre jovens em todas as culturas. Homens pontuam mais que mulheres, e os EUA ficaram apenas na 16ª posição do ranking global.
Um estudo internacional com mais de 45 mil pessoas mostrou que o narcisismo é mais comum entre jovens em todos os países analisados. A pesquisa derruba o mito de que esse traço seria típico de uma cultura específica e revela padrões universais.
O narcisismo é mesmo uma característica de certos países?
Durante décadas, o narcisismo foi associado principalmente aos Estados Unidos, visto como reflexo de uma cultura altamente individualista. Cinema, mídia e estudos locais reforçaram a ideia de que a busca por sucesso pessoal seria mais intensa nesse país.
Essa visão foi contestada por um estudo publicado na revista Self & Identity, liderado pela Universidade Estadual de Michigan. Os dados mostram que o narcisismo aparece de forma consistente em diferentes culturas, independentemente do modelo social dominante.

O que o estudo internacional descobriu sobre o narcisismo?
Os pesquisadores analisaram respostas de mais de 45 mil pessoas em 53 países, utilizando escalas psicológicas padronizadas. Os resultados permitiram comparar idades, gêneros e contextos culturais, revelando padrões claros, como mostram os achados a seguir.
- Distribuição global: o narcisismo aparece em todos os países avaliados.
- Ranking inesperado: Alemanha, Iraque, China, Nepal e Coreia do Sul superaram os EUA.
- Posição americana: os Estados Unidos ficaram apenas na 16ª colocação.
Por que jovens apresentam níveis mais altos de narcisismo?
Em todos os países analisados, os adultos jovens apresentaram níveis mais elevados de narcisismo do que os mais velhos. Segundo os autores, essa diferença se mantém independentemente de cultura, economia ou sistema social.
O psicólogo William Chopik, coautor do estudo, explica que a juventude costuma envolver maior autoestima e foco no próprio valor. Com o tempo, experiências de vida, responsabilidades e frustrações tendem a equilibrar essa visão.

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Homens e mulheres apresentam o mesmo padrão?
Além da idade, o estudo analisou diferenças entre gêneros e encontrou um padrão consistente. Em praticamente todas as culturas avaliadas, os homens apresentaram pontuações mais altas de narcisismo, como detalhado nos pontos a seguir.
- Diferença de gênero: homens pontuam mais alto do que mulheres em média.
- Padrão universal: a diferença se repete em países individualistas e coletivistas.
- Influência limitada da cultura: valores culturais não anulam essa tendência.
O que esse estudo muda na forma de entender a personalidade?
Para a pesquisadora Macy Miscikowski, coautora do trabalho, os resultados mostram que nem mesmo culturas coletivistas eliminam comportamentos egocêntricos. Isso desafia a ideia de que a personalidade é moldada apenas por valores sociais.
O estudo sugere que o narcisismo resulta da interação entre biologia, experiências de vida e contexto econômico. Assim, ele não pertence a nenhuma nação específica, mas faz parte do desenvolvimento humano ao longo do tempo.




