A partir de dezembro de 2025, médias e grandes empresas passaram a lidar com novas exigências de transparência fiscal no Brasil. A Receita Federal ampliou o alcance da Declaração de Incentivos, Renúncias, Benefícios e Imunidades de Natureza Tributária, conhecida como Dirbi, que agora abrange mais incentivos fiscais e reforça o monitoramento do chamado “gasto tributário”, pressionando as organizações a profissionalizar sua governança fiscal.
O que é a Dirbi?

Dirbi é a sigla para Declaração de Incentivos, Renúncias, Benefícios e Imunidades Tributárias. É uma obrigação acessória para empresas de maior porte, que devem informar à Receita Federal todos os benefícios fiscais utilizados no período de apuração.
Na prática, a Dirbi permite ao Fisco enxergar com mais clareza quais setores utilizam mais incentivos, em quais tributos eles se concentram e qual o impacto financeiro dessas renúncias. Assim, a declaração se torna um espelho da estratégia tributária da organização, influenciando estudos técnicos, reformas legais e a agenda de transparência fiscal.
Como funciona a Dirbi e quais benefícios fiscais devem ser declarados
Com a ampliação promovida pela Receita Federal, a Dirbi passou a englobar 173 tipos de incentivos, renúncias e imunidades de natureza tributária. Grande parte das novas modalidades está ligada ao PIS, ao Pasep, à Cofins e ao IRPJ, envolvendo regimes especiais, créditos presumidos e alíquotas diferenciadas.
Entre os benefícios tributários mais comuns que podem aparecer na Dirbi, destacam-se reduções de alíquota de PIS/Cofins, incentivos regionais de IRPJ, imunidades constitucionais e benefícios de exportação. A Dirbi dialoga com a EFD-Contribuições e outras escriturações digitais, permitindo cruzamento de dados e reduzindo espaço para improvisos ou erros na fruição dos incentivos.
Por que a Dirbi é importante para a transparência fiscal e o ESG tributário
A ampliação da Dirbi está diretamente ligada à busca por maior transparência nas contas públicas e melhor controle do “gasto tributário”. Os benefícios representam renúncias que se assemelham a despesas orçamentárias, e a declaração fornece dados detalhados para medir esses valores e avaliar se atendem aos objetivos de política econômica e social.
Esse movimento também dialoga com a crescente demanda por ESG tributário, em que investidores, sociedade e órgãos de controle avaliam a relação da empresa com o sistema tributário. Responsabilidade social, integridade, conformidade e reputação passam a ser analisadas à luz do uso dos incentivos, da aderência às normas e da consistência das informações prestadas ao Fisco.
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Quais são os prazos, obrigações principais e impactos operacionais da Dirbi
A Dirbi é periódica e deve ser enviada até o dia 20 do segundo mês subsequente ao período de apuração. O atraso ou a omissão de informações pode resultar em autuações e penalidades, o que torna essencial um calendário fiscal bem controlado e processos internos integrados entre áreas contábil, fiscal e jurídica.
A adequação à Lei 14.973/2024, que tratou da transição para a reoneração da folha, também impacta a Dirbi. Setores beneficiados por desoneração e regimes especiais de PIS/Cofins, IRPJ e contribuições previdenciárias precisam de monitoramento contínuo de mudanças legais, revisão periódica de enquadramentos e investimento em sistemas integrados e capacitação das equipes.
Como a Dirbi se insere no esforço de revisão de benefícios tributários no Brasil

A ampliação da Dirbi integra um movimento mais amplo de governança sobre benefícios tributários em um contexto de necessidade de equilíbrio fiscal. Quanto mais completa e precisa for a declaração, maior será a base de dados para revisões de incentivos, debates de reforma tributária e decisões sobre focalização de políticas públicas.
Esse processo se conecta à reforma tributária sobre o consumo, à pressão por racionalização de gastos tributários e à necessidade de reduzir distorções na carga fiscal. A Dirbi, assim, consolida-se como instrumento central para conectar empresas, Receita Federal e sociedade em torno da transparência e da eficiência das renúncias.
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Como transformar a Dirbi em vantagem competitiva para a empresa
Embora a Dirbi pareça uma obrigação acessória complexa, ela pode se tornar diferencial estratégico para empresas que a tratam de forma proativa. Ao organizar e qualificar as informações exigidas, a organização ganha visão clara de seus incentivos, reduz riscos de autuação e fortalece seu programa de compliance tributário.
Nesse contexto, algumas ações práticas podem ajudar a transformar o cumprimento da Dirbi em vantagem competitiva e em base para decisões mais seguras de planejamento tributário:
- Mapear todos os incentivos disponíveis e efetivamente utilizados, com seus requisitos legais;
- Criar rotinas de conciliação entre Dirbi, EFD-Contribuições e demais escriturações digitais;
- Implementar controles documentais robustos para suportar fiscalizações e auditorias;
- Utilizar os dados da Dirbi para simulações de cenários e análise de impacto de mudanças legislativas.




