Chuva, sol, massa de ar seco, corredores de instabilidade e um Brasil gigante tentando equilibrar tudo isso nos próximos 45 dias. A previsão para o fim de 2025 mostra um país dividido entre excesso de água em algumas áreas e espera por alívio em outras, com destaque para o Sul encharcado e partes do Nordeste em suspense em um cenário de aquecimento global acelerado, com impactos diretos na agricultura, nas cidades e no cotidiano das pessoas.
Como funciona o corredor de chuva que corta o país

Com a organização do sistema do Sul, forma-se um corredor de umidade do RS ao Centro-Oeste e Sudeste. As nuvens passam por MS e oeste do PR e atingem GO, Triângulo Mineiro e centro-oeste de MG, com chuva persistente.
Ao mesmo tempo, uma massa de ar mais seco domina a Bahia, o norte do Espírito Santo e o nordeste de Minas. Nesses locais, a sensação é de “janela seca”, com pancadas pontuais e longos intervalos sem chuva significativa, explicando o contraste entre excesso de água em alguns pontos e atraso de precipitações em outros.
O que esperar para o Brasil nos próximos 45 dias
Nos mapas dos próximos 45 dias, o Sul do Brasil aparece com chuva acima da média, enquanto grande parte do Norte e trechos do Nordeste têm volumes ligeiramente abaixo do esperado. Isso indica déficit moderado, e não ausência total de chuva, com acumulados ainda consideráveis em muitas áreas. Veja o resumo por área:
- Sul: excesso de chuva, com risco de cheias de rios e deslizamentos em encostas.
- Centro-Oeste e Sudeste: alternância entre temporais e janelas curtas de tempo firme.
- Norte e parte do Nordeste: chuva presente, mas um pouco abaixo da média em vários pontos.
Por que Bahia, Ceará e Maranhão têm tanta variação de chuva
Na Bahia, a situação recente é marcada por extremos: após muita chuva no fim de novembro, a segunda quinzena de dezembro não confirmou temporais contínuos. A massa de ar seco vem limitando as instabilidades, com padrão de “cartela premiada”, em que alguns municípios recebem temporais e outros quase nada no mesmo período.
Em Maranhão, Piauí e Ceará, o movimento é de melhora gradual, com avanço da umidade pela faixa norte do país entre 17 e 23 de dezembro. Os mapas indicam aumento de volumes no Ceará a partir da virada do mês e na segunda quinzena de janeiro, com chuvas mais organizadas para essa faixa do Nordeste. O vídeo acima trás uma explicação visual do assunto.
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Quais serão os períodos-chave de chuva forte
Esses intervalos concentram maior risco de alagamentos, cheias rápidas e transtornos na mobilidade, mas também são cruciais para recarga hídrica no campo. Abaixo, um resumo dos principais períodos indicados pelos modelos meteorológicos:
- 16 a 18 de dezembro: corredor de chuva forte do Rio Grande do Sul ao Centro-Oeste, alcançando São Paulo e Triângulo Mineiro.
- 18 a 21 de dezembro: volumes elevados no oeste de Minas, Goiás e parte do Mato Grosso, com ar seco ainda firme na Bahia.
- 21 a 23 de dezembro: novo sistema no nordeste da Argentina, reforçando chuvas em Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Pará.
- 28 a 30 de dezembro: sistema avançando e reativando chuva em São Paulo, Paraná e áreas do Sudeste.
- 30, 31 de dezembro e início de janeiro: tendência de chuva mais organizada para Bahia, Ceará e oeste baiano.
O que muda na virada do ano e em janeiro de 2026

Na passagem de dezembro para janeiro, a ZCIT tende a se posicionar mais perto da costa norte, reforçando pancadas em Amapá, norte do Pará, Maranhão e parte do Nordeste. Ao mesmo tempo, a circulação atmosférica permite que a umidade avance um pouco mais para o interior, alternando focos de chuva entre regiões.
Durante janeiro, o padrão é de “vai e volta”: períodos de chuva concentrada no Sul e Sudeste alternam com fases de reforço no Norte e Nordeste. O Ceará deve ter melhora mais consistente na segunda quinzena, enquanto a Bahia mantém chuvas pontuais e distribuídas de forma irregular.
Como esses cenários climáticos impactam seu dia a dia
A observação desses sistemas ajuda a entender como cada frente fria, corredor de umidade e massa de ar seco interfere em energia, abastecimento de água, preço dos alimentos e segurança em áreas de risco. Mais do que curiosidade, trata-se de informação essencial para planejar o uso da terra, da água e da infraestrutura urbana.
Olhar para os próximos 45 dias é importante, mas decidir o que fazer com essas informações é urgente. Adaptar cidades, revisar drenagem, melhorar o manejo de solo e investir em monitoramento climático são ações imediatas para reduzir danos em um clima que já mudou e exige respostas rápidas da sociedade.




