Em plena Serra da Mantiqueira, uma pequena cidade chama atenção por unir frio intenso, histórias curiosas, azeites premiados e o tradicional acolhimento mineiro. Maria da Fé, conhecida como a cidade mais gelada de Minas Gerais, virou destino ideal para quem gosta de lugares diferentes, cheios de causos, sabores e paisagens de inverno bem marcadas.
Como é acordar na cidade mais fria de Minas Gerais?
Logo cedo, o sol pode aparecer e o céu estar azul, mas o clima engana quem não conhece a região. A temperatura fica tão baixa que a famosa “fumacinha da boca” acompanha cada palavra dita na rua. Em alguns dias de inverno, os termômetros registram valores abaixo de zero, chegando a cerca de -5 ºC, marca que permanece na memória de quem visita a cidade.

Essa combinação de frio com visual de montanha cria cenários que lembram destinos clássicos de inverno, mas em pleno interior de Minas. A cerca de 430 km de Belo Horizonte, em área elevada da Serra da Mantiqueira, Maria da Fé reúne lareiras acesas, casacos pesados e um ritmo de vida tranquilo, em que o clima interfere na rotina, sem diminuir o acolhimento dos moradores.
Por que o nome Maria da Fé chama tanta atenção?
O nome da cidade desperta curiosidade e está ligado à história de uma mulher que viveu entre o fim do século XIX e o início do século XX. Viúva, ela assumiu a gestão de uma fazenda em uma época em que não era comum mulheres comandarem terras e negócios rurais.
Esse episódio marcou o imaginário local e virou homenagem: o município passou a se chamar Maria da Fé, lembrando uma figura feminina que rompeu padrões de seu tempo. Assim, a cidade une o frio típico da Mantiqueira a uma história de coragem e protagonismo feminino no campo.
No canal Boa Sorte Viajante, Matheus nos mostra um pouquinho dessa cidade:
Como o frio transformou Maria da Fé na terra do azeite?
O clima gelado, que muitos associam apenas a casacos e café quente, tornou-se essencial para outra característica da cidade: o cultivo de oliveiras. As primeiras mudas chegaram com imigrantes portugueses, por volta da década de 1930, e encontraram em Maria da Fé altitude, solo e temperaturas ideais para a produção.
Com o tempo, o plantio ganhou força e passou a fazer parte da identidade agrícola local. A cidade se tornou referência em olivicultura no Brasil, principalmente quando a produção de azeite começou a ser estudada tecnicamente e apoiada por pesquisas especializadas, transformando a região em polo pioneiro no país.
Quais curiosidades cercam o azeite e a agricultura em Maria da Fé?
A EPAMIG, instituição de pesquisa de Minas Gerais, tem papel central nessa história. Desde 2008, coordena estudos sobre olivicultura, acompanhando do plantio ao processamento. Foi em Maria da Fé que ocorreu a primeira extração de azeite extra-virgem do Brasil, fato que colocou a cidade no mapa da produção nacional.
Muitos produtores adotam agricultura biodinâmica e artesanal, com foco no cuidado com o solo e na redução de agrotóxicos. Entre os destaques estão:
- Uso de adubação orgânica e respeito ao ciclo natural das plantas.
- Colheita em momentos específicos para preservar aroma e sabor.
- Processamento rápido após a colheita para evitar oxidação.
- Produção em pequenos lotes, com maior controle de qualidade.
- Marcas locais premiadas em concursos nacionais e internacionais.
Essas práticas ajudaram a consolidar Maria da Fé como terroir de azeites finos na Mantiqueira, aproximando-a de regiões tradicionais do mundo e fortalecendo também o turismo gastronômico local.
O que torna a gastronomia de Maria da Fé tão especial?
Para enfrentar o frio, a mesa em Maria da Fé traz o melhor da culinária mineira. Quitandas, bolos, biscoitos e o clássico pão de queijo ganham espaço em cafés, pousadas e padarias, sempre acompanhados de café passado na hora e boas conversas.
Além das oliveiras, o cultivo de uvas e a produção de vinhos artesanais reforçam a vocação para a gastronomia de altitude. Entre as experiências para quem visita a região, destacam-se:
- Degustações de azeites locais com diferentes perfis sensoriais.
- Vinhos artesanais produzidos em clima frio, de maturação equilibrada.
- Pratos que harmonizam quitandas, azeites e rótulos da região.
- Turismo rural em pequenas propriedades com história, passeio e degustação.
- Uso de produtos regionais valorizando a comida de origem.
Entre lareiras, oliveiras e xícaras de café fumegando, Maria da Fé mostra como uma cidade pequena pode unir clima extremo, histórias marcantes e sabores intensos, revelando um interior de Minas cheio de surpresas ligadas ao frio e à boa gastronomia.



