Em situações de conflito entre cães, muitas pessoas tentam proteger o animal a qualquer custo, abraçando o cachorro, colocando o corpo entre os dois ou tentando tirá-lo rapidamente do chão. Embora essa atitude pareça uma forma de cuidado, especialistas em comportamento canino alertam que intervenções mal conduzidas podem aumentar o risco de ferimentos, dificultar que o cão encontre uma saída segura e comprometer a segurança de todos ao redor.
Como agir quando um cachorro é atacado por outro cão
Quando um cão é atacado por outro, é essencial evitar que o tutor crie mais vulnerabilidade para o próprio animal. Ao abraçar o cachorro ou segurá-lo contra o corpo, ele perde a chance de fugir, desviar ou se afastar, ficando sem rota de escape e expondo também quem tenta ajudar.
Profissionais como Alan Peiró que por meio de seu perfil no TikTok (adestramiento_n.humedas), destacam que, nesses momentos, é preciso pensar em rotas de fuga e controle, e não apenas em acolhimento físico. Quanto mais preso o cão estiver aos braços do tutor, menor será a sua capacidade de se defender ou escapar, e maior o risco de mordidas acidentais em pessoas envolvidas.

Quais estratégias ajudam a interromper um ataque entre cães
Se o cachorro for sociável, equilibrado e não representar perigo, uma estratégia possível é soltar a guia em vez de puxá-la, permitindo mais liberdade para correr, se esquivar ou mudar de direção. Já com cães reativos ou com histórico de agressividade, recomenda-se não soltar a guia, apenas dar o máximo de extensão possível.
Em qualquer cenário, é importante priorizar a segurança humana e reduzir o foco direto entre os animais. Alguns recursos simples podem ajudar a interromper ou atenuar o conflito sem colocar o tutor entre os cães.
- Deslocar-se rapidamente em direção ao tutor do outro cão para que ele reassuma o controle do agressor.
- Usar sons intensos, como palmas fortes, apitos ou voz firme, para tentar quebrar o foco dos cães.
- Interpor objetos entre os corpos, como mochila, casaco ou guarda-chuva, em vez de usar as mãos.
- Evitar puxar os cães pela coleira de forma brusca, reduzindo o risco de piorar o entrelaçamento.
Quais cuidados ajudam a evitar brigas entre cães
Boa parte dos ataques pode ser evitada com manejo adequado e prevenção durante o passeio. Cães caminhando com coleira bem ajustada, em horários mais tranquilos e com espaço para manter distância tendem a se envolver menos em conflitos.
O tutor deve observar sinais de alerta, como corpo rígido, olhar fixo, rosnados e arrepio no dorso, interrompendo aproximações antes que a situação escale. Quando houver histórico de reatividade, a orientação de um profissional é especialmente importante para ajustar rotinas e treinos.
Quais práticas diárias tornam encontros entre cães mais seguros
Alguns cuidados diários ajudam o animal a se comunicar melhor, interpretando cheiros, posturas e movimentos típicos da espécie. Essas práticas também aumentam a previsibilidade dos passeios e reduzem o estresse dos cães mais sensíveis ou inseguros.

Entre as recomendações mais frequentes de adestradores e especialistas em comportamento canino, destacam-se:
- Socialização precoce: contato controlado e positivo com outros cães e pessoas desde filhote.
- Uso correto da guia: evitar manter o cão constantemente tensionado, o que aumenta o estresse e a frustração.
- Ambiente calmo: escolher locais menos cheios para cães inseguros, idosos, ansiosos ou reativos.
- Atenção aos sinais corporais: interromper a aproximação se qualquer cão demonstrar desconforto ou medo.
- Orientação profissional: buscar ajuda de um adestrador ou especialista em comportamento quando houver histórico de brigas.
Por que tratar o cão como criança pode prejudicar sua segurança
Um hábito comum é carregar o cachorro no colo em situações de medo ou diante da aproximação de outros cães, especialmente em raças de pequeno porte, como Chihuahua, Teckel e Bichon Frisé. Embora pareça um gesto de proteção, essa atitude passa a mensagem de que o ambiente é sempre ameaçador e impede o uso da linguagem corporal natural.
Com o tempo, o cão pode desenvolver mais medo, insegurança e reatividade justamente por não ter oportunidade de aprender a interagir com segurança. Para favorecer um comportamento estável, é importante adotar rotinas claras, permitir interações controladas com cães equilibrados e reforçar a calma, não o medo, mantendo postura serena, guia solta quando possível e controle do ambiente.




