O anúncio de que a rede de artesanato Joann está encerrando todas as suas operações nos Estados Unidos marca um capítulo importante na história recente do varejo físico, ilustrando como redes tradicionais, mesmo com forte presença regional e grande reconhecimento de marca, podem ter dificuldades para se adaptar a um novo ambiente econômico e digital.
Por que a Joann encerrou suas operações nos Estados Unidos
O encerramento das atividades da Joann foi resultado de um processo gradual, marcado por queda de vendas, reestruturações internas, pedidos de proteção contra credores e liquidação de estoques. Nesse período, milhares de clientes acompanharam promoções agressivas e o fechamento progressivo de lojas, até que a decisão de encerrar toda a rede se tornou pública.
Esse desfecho chama a atenção de consumidores, fornecedores e especialistas, que veem no caso um exemplo da crise do varejo físico, intensificada por mudanças no comportamento de consumo e por desafios macroeconômicos desde 2020. A empresa enfrentou pressão sobre margens, aumento de custos logísticos e forte concorrência de plataformas on-line.
Como a crise do varejo físico afetou a Joann
Com a pandemia de Covid-19, a redução quase total do fluxo de clientes nas lojas físicas impactou diretamente a receita da Joann, que dependia fortemente do tráfego espontâneo em shoppings e centros comerciais. Ao mesmo tempo, redes com estrutura mais diversificada, como grandes lojas de desconto e marketplaces digitais, absorveram parte relevante da demanda.
Mesmo após a reabertura da economia, a Joann não retomou o patamar de vendas necessário para sustentar sua ampla estrutura física. O consumidor passou a pesquisar preços com mais rigor, comparar ofertas em tempo real e optar por alternativas mais baratas ou convenientes, o que pressionou ainda mais um negócio baseado em margens já apertadas.

Impactos do fechamento da Joann no varejo de artesanato
O fechamento definitivo da Joann provoca mudanças profundas no ecossistema de varejo de artesanato, tecidos e costura em diversas regiões dos Estados Unidos. Em cidades menores, muitas lojas funcionavam como principal ponto de venda de insumos para costureiras, pequenos ateliês, estudantes de moda e praticantes de atividades manuais.
Com o fim da operação, essa demanda tende a se deslocar para comércios locais menores, grandes grupos varejistas generalistas e plataformas de comércio eletrônico. Em termos de experiência de compra, a perda de um espaço físico para tocar os tecidos, testar materiais e tirar dúvidas com funcionários experientes altera a forma como muitas pessoas se relacionam com o artesanato.
Quais são os efeitos imediatos do fechamento da Joann
Os impactos do encerramento da Joann vão além da perda de uma marca tradicional, afetando consumidores, fornecedores, concorrentes e o mercado de trabalho. A seguir, estão alguns dos efeitos mais imediatos e perceptíveis desse processo em diferentes elos da cadeia de valor.
- Consumidores: parte dos clientes migra para compras on-line, enquanto outra parcela procura lojas independentes e pequenos comércios de bairro.
- Fornecedores: fabricantes de tecidos, aviamentos e materiais de artesanato perdem um canal de distribuição de grande escala e precisam redirecionar estoques.
- Concorrentes: redes que atuam em segmentos próximos podem ampliar a oferta de produtos de artesanato, costura e bricolagem para cobrir o espaço deixado pela Joann.
- Mercado de trabalho: o encerramento de mais de 800 lojas representa a desativação de milhares de postos de trabalho diretos e indiretos ligados à cadeia de suprimentos.

Quais fatores aceleraram a crise e o fechamento da Joann
O processo que levou a Joann a fechar as portas combina fatores internos e externos, incluindo mudanças estruturais no varejo, dificuldades em se diferenciar no ambiente digital e desafios financeiros recorrentes. Analistas destacam que a empresa teve dificuldade em ajustar seu modelo a um consumidor mais conectado e sensível a preço.
Além da competição com o e-commerce e redes generalistas, a dinâmica do hobby artesanal mudou, com maior demanda por kits prontos, cursos on-line e produtos personalizados, reduzindo a compra de insumos em grande volume. Esse deslocamento, somado ao aumento do custo de vida, afetou diretamente redes dependentes de compras recorrentes e presença física constante.
O que o caso Joann revela sobre o futuro do varejo físico
O episódio em que a Joann encerra sua história no varejo mostra que a sobrevivência de grandes redes físicas exige integração consistente com canais digitais, política de preços competitiva e experiência diferenciada em loja. Modelos que combinam vendas on-line, retirada em loja, programas de fidelidade e conteúdo educativo tendem a ter mais chances de manter relevância.
Para o segmento de artesanato e costura, o fechamento da Joann sugere maior fragmentação do mercado, com espaço para pequenos comerciantes especializados, plataformas de venda direta entre artesãos e compradores e grandes varejistas ampliando sortimento. O interesse por atividades manuais permanece, mas a forma de atender esse público passa por uma transformação profunda.
Em síntese, o fim da rede Joann representa o encerramento de uma marca muito conhecida no artesanato norte-americano e, ao mesmo tempo, um retrato das mudanças que moldam o varejo global em 2025. Entre lojas físicas, marketplaces e pequenos negócios independentes, o espaço deixado pela empresa tende a ser rapidamente disputado, indicando que a demanda pelos produtos continua, ainda que distribuída de forma diferente e sob novas lógicas de consumo.




