No cenário atual da Seguridade Social na Espanha, situações inesperadas podem gerar repercussões significativas, como exemplifica o recente episódio envolvendo Belarmino de la Fuente Rodríguez, um pensionista residente na cidade de Madrid, que precisou devolver 10.027,66 euros ao Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS). Esse caso evidência a necessidade de compreender e seguir rigorosamente as normas vigentes para evitar prejuízos financeiros e jurídicos.
O que ocorre ao inscrever-se no RETA após a aposentadoria
Ao se inscrever no Regime Especial de Trabalhadores Autônomos (RETA) após a aposentadoria, o beneficiário pode ter seu direito à pensão integral comprometido. Mesmo quem não atua de fato como autônomo, apenas a inscrição pode gerar conflito legal com a legislação previdenciária.
No caso de Belarmino de la Fuente Rodríguez, a legislação espanhola determina que a filiação ao RETA sem autorização especial exige adaptar o recebimento da pensão, tornando fundamental estar atento às regras administrativas. Segundo detalhes do processo, mesmo sem ter exercido efetivamente atividades autônomas após sua aposentadoria, apenas o fato de permanecer inscrito no RETA foi suficiente para que o INSS entendesse haver incompatibilidade legal e iniciasse o procedimento de cobrança referente aos valores recebidos indevidamente.
Como a atualização cadastral impacta a relação com o INSS
A falta de atualização dos dados cadastrais pode impedir que o segurado receba notificações importantes do INSS. Se os comunicados forem enviados para um endereço antigo, como aconteceu nesse caso, o órgão pode recorrer ao Boletim Oficial do Estado (BOE) para formalizar a notificação.
No caso de Belarmino, as notificações iniciais foram enviadas para o endereço antigo localizado em Madrid, sem sucesso no contato. Essa situação levou o órgão previdenciário a publicar o comunicado no BOE, procedimento legalmente válido que foi posteriormente reconhecido pela Justiça espanhola.

Para evitar situações semelhantes, é essencial compreender as consequências dessa desatualização cadastral, que vão desde cobranças inesperadas até a suspensão de benefícios.
Quais medidas simples ajudam a prevenir problemas semelhantes
Algumas ações práticas podem ser adotadas para minimizar riscos envolvendo o recebimento de benefícios previdenciários. Abaixo estão atitudes recomendadas para aqueles que recebem pensões:
- Atualizar regularmente os dados de contato nos órgãos oficiais
- Consultar periodicamente especialistas jurídicos sobre possíveis alterações em sua situação laboral
- Formalizar a desinscrição do RETA caso não exerça atividade remunerada
- Considerar opções como aposentadoria parcial em caso de trabalho após a aposentadoria
O que decidiu a justiça espanhola no caso e quais são os efeitos
Após analisar a situação de Belarmino de la Fuente Rodríguez, o Tribunal Superior de Justiça de Madri julgou legítima a atuação do INSS, por entender que houve incompatibilidade legal com a permanência do aposentado no RETA e a percepção da aposentadoria integral. O tribunal reconheceu ainda a validade das notificações realizadas via BOE, já que todas as tentativas anteriores de contato não tiveram sucesso.
Esse episódio demonstra a complexidade das regras previdenciárias espanholas e destaca a importância de gerenciamento responsável, esclarecendo que decisões judiciais geralmente favorecem o cumprimento rigoroso da lei.
Como funciona no Brasil: aposentado que volta a trabalhar como autônomo
No contexto brasileiro, a situação do aposentado que decide atuar como autônomo traz regras diferentes da Espanha. No Brasil, o aposentado que retorna ao mercado como trabalhador autônomo não é obrigado a devolver os valores da aposentadoria já recebidos. O benefício é acumulável com a nova atividade, ao contrário do que acontece na legislação espanhola em casos semelhantes ao de Belarmino.
No entanto, é obrigatório que o aposentado continue recolhendo as contribuições previdenciárias ao INSS relativas à nova atividade de trabalho autônomo. A questão central aqui é a obrigatoriedade de pagamento ao INSS e não a devolução do benefício recebido. Vale lembrar que, caso o aposentado venha a receber valores da Previdência Social de maneira indevida – por exemplo, acumulando benefícios que são legalmente inacumuláveis –, pode ser exigida a devolução destes valores. Sendo assim, é fundamental que o trabalhador brasileiro mantenha suas obrigações previdenciárias em dia e esteja atento às regras para evitar problemas futuros.a atento às regras para evitar problemas futuros.




