O fechamento de lojas expõe a fragilidade do varejo alimentar diante de custos em alta, novas rotinas de compra e pressão digital. Entre os casos, a Daily Table encerrou operações nos EUA e a Alcampo cortou unidades na Espanha, sinalizando ajustes rápidos e dolorosos.
O que explica o fechamento de redes de supermercados?
O consumidor migrou para conveniência, compras por app e visitas rápidas a pontos de bairro. Essa virada pressiona a rede de supermercados tradicional, que carrega estruturas maiores e menos ágeis. Sem rotatividade forte, os custos fixos pesam e corroem margens em pouco tempo.
A inflação de alimentos e a renda comprimida reduziram a frequência de carrinhos cheios. Com ticket menor e despesas operacionais elevadas, lojas com desempenho fraco entram em espiral. Sem capital fresco, a rentabilidade desaba, levando a cortes, fusões e fechamentos em cadeia.

Quais fatores aceleram a crise no varejo alimentar?
Além do bolso apertado, a adoção de e-commerce, programas de assinatura e dark stores mudou a lógica do giro. Redes que não reformatam layout, sortimento e logística perdem velocidade de reposição e competitividade nas entregas.
- Custo operacional: energia, aluguel e folha subiram; lojas grandes perdem eficiência.
- Canibalização: excesso de pontos próximos dilui vendas e agrava o underperformance.
- Mix: avanço de marcas próprias e discounters pressiona preço e margem.
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Como o caso Daily Table revela a gravidade do cenário?
Fundada para ampliar o acesso à comida saudável a preços baixos, a Daily Table encerrou todas as lojas após não conseguir novo financiamento. A combinação de alta de preços e cenário filantrópico incerto inviabilizou o caixa, apesar do engajamento comunitário e de uma proposta reconhecida.
O fechamento atingiu áreas com menor oferta de alimentos frescos, ampliando o risco de food deserts. Sem lastro para atravessar 2025, a organização priorizou a responsabilidade financeira. O caso ilustra como modelos sociais também sofrem quando o custo da cesta dispara.

O que muda com a reestruturação da Alcampo na Espanha?
Para adaptar-se ao novo consumo, a Alcampo decidiu encerrar 25 lojas e reduzir áreas de hipermercados, cortando centenas de postos enquanto converte unidades para formatos menores. A empresa ainda discute alternativas para mitigar demissões e acelerar a virada operacional.
- Formato: mais conveniência, menos espaço ocioso e sortimento focado em giro.
- Pessoas: planos de recolocação e negociações reduziram parte dos cortes.
- Execução: metas de custo, private label e operações omnichannel mais enxutas.




