A falência da Saraiva foi decretada em 6 de outubro de 2023, após anos de dificuldades e um passivo de R$ 675 milhões. O caso encerra uma era do varejo editorial e abre dúvidas sobre credores, empregos e o futuro das grandes redes.
- Dívida superior a R$ 675 milhões e plano descumprido
- Conversão da recuperação em falência pela Justiça de SP
- Encerramento de lojas físicas e foco no e-commerce
O que levou a Justiça a decretar a falência?
A Justiça converteu a recuperação em falência por descumprimento do plano, previsto no art. 73 da Lei 11.101/2005. Após quase cinco anos sem reequilibrar o caixa, a empresa reconheceu a autofalência, indicando incapacidade de pagar fornecedores, bancos e obrigações trabalhistas.
O processo tramitou na 2ª Vara de Falências da Capital e citou dívidas de R$ 675 milhões. Houve fechamento de lojas físicas, corte de equipes e retração no mix de produtos. Sem capital de giro e com demanda enfraquecida, o plano de reestruturação tornou-se inviável financeiramente.

Quais foram os passos do processo e as datas?
A linha do tempo do caso ajuda a entender a deterioração financeira e as decisões judiciais. A seguir, os marcos essenciais do processo, com datas e medidas que impactaram credores, empregados e a continuidade operacional da rede no ambiente físico e digital.
- 2018 — Início da recuperação judicial após fracasso nas renegociações com fornecedores.
- 22/09/2023 — Renúncia de executivos de alto escalão, sinalizando governança fragilizada.
- 04/10/2023 — Protocolo de autofalência, admitindo insolvência e falta de caixa.
- 06/10/2023 — Decretação da falência e suspensão de ações e execuções.
- Pós-sentença — Apresentação da relação de credores e início dos atos de liquidação.
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Como a história da Saraiva ajuda a entender o colapso?
Fundada em 1914 por Joaquim Ignácio, a rede cresceu com foco em títulos jurídicos e varejo em shoppings. O avanço do e-commerce, margens comprimidas e custos de ocupação elevados corroeram resultados. A estagnação econômica prolongada reduziu tráfego e esvaziou o giro das lojas físicas.
A partir de 2014, problemas de capital de giro, rupturas de fornecedores e falhas na implantação de sistemas aumentaram perdas. Sem crédito competitivo e com concorrência agressiva, a rede fechou unidades e migrou ao online, mas a base de custos e dívidas impediu um ajuste sustentável.

Quais impactos práticos e o que muda para o mercado?
A falência traz efeitos imediatos sobre credores e sobre o ecossistema do livro. No curto prazo, a massa falida prioriza créditos trabalhistas e fiscais. Para leitores e editoras, há reorganização de canais e possível concentração em plataformas digitais e redes especializadas.
- Editores devem revisar condições comerciais, buscando prazos e garantias mais seguras.
- Leitores tendem a migrar para livrarias independentes e marketplaces consolidados.
- Credores devem acompanhar atos da massa falida e prazos para habilitação de créditos.




