O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um importante programa social brasileiro, criado em 1993 pela Lei Orgânica da Assistência Social (Loas). Seu principal objetivo é oferecer uma renda mínima a idosos com mais de 65 anos e a pessoas com deficiência que vivem em condições de extrema pobreza. Este benefício é caracterizado por sua natureza assistencial, não exigindo que os beneficiários tenham contribuído previamente para a previdência social.
Nos últimos anos, o BPC tem passado por um crescimento expressivo em termos de beneficiários e recursos financeiros envolvidos. Atualmente, cerca de 6,7 milhões de pessoas recebem o benefício, mas as projeções indicam que esse número pode dobrar até 2060. Este aumento representa um desafio significativo para as finanças públicas, com estimativas de que os gastos possam alcançar cifras trilionárias nas próximas décadas.
Quais são os principais desafios enfrentados pelo BPC?

Um dos grandes desafios do BPC é a judicialização do benefício. Uma parcela considerável das concessões ocorre por meio de decisões judiciais, muitas vezes sem uma análise técnica aprofundada. Isso gera um aumento nas despesas, pois muitas vezes as decisões judiciais ampliam o acesso ao benefício além dos critérios estabelecidos. Em resposta a essa situação, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) propôs a implementação de um modelo de avaliação biopsicossocial para padronizar os critérios de concessão.
Como as decisões políticas influenciam o BPC?
Decisões políticas recentes têm impactado diretamente o BPC. Em um esforço para ampliar o acesso, algumas restrições propostas pelo Congresso foram vetadas, permitindo que mais pessoas se qualifiquem para o benefício. Além disso, foi permitido o acúmulo do BPC com outros auxílios, embora ainda haja restrições quanto ao acúmulo com o Bolsa Família. Essas decisões, que visam ampliar o acesso, acabam por aumentar a pressão sobre o orçamento público.
Quais são as falhas estruturais do BPC?
O BPC enfrenta falhas estruturais que contribuem para o aumento dos gastos. O benefício é concedido a partir dos 65 anos, a mesma idade da aposentadoria por tempo de contribuição, mas sem a necessidade de contribuições anteriores. Isso pode desestimular a formalização do trabalho e a contribuição previdenciária, levando mais pessoas a optarem pelo benefício assistencial. Além disso, fraudes e irregularidades no sistema contribuem para o aumento dos custos.
Por que são necessárias reformas no BPC?
O crescimento dos gastos com o BPC já supera a inflação, o que coloca em risco a sustentabilidade fiscal do programa. A vinculação do benefício ao salário mínimo, que tende a aumentar acima da inflação, agrava ainda mais essa situação. Reformas são necessárias para garantir a viabilidade do BPC a longo prazo, incluindo a revisão dos critérios de elegibilidade e a implementação de mecanismos mais rigorosos de controle e fiscalização.