A beta-alanina na suplementação é mais do que um nutriente esportivo: segundo o Dr. Victor Sorrentino, médico, escritor e professor, ela representa um exemplo claro de como a prática clínica ainda se prende a autorizações e diretrizes atrasadas, em vez de considerar bioquímica, fisiologia e evidências reais.
Em seu Instagram @drvictorsorrentino, ele questiona: quantas vezes o profissional de saúde se autoimpede de prescrever algo porque “a diretriz não recomenda”? Cita o caso da beta-alanina, que já tem décadas de uso, mas ainda é vista com hesitação por muitos.
Por que a beta‑alanina faz bem e quem se importa com fisiologia?
A beta-alanina aumenta os níveis de carnosina intramuscular, retardando a acidose (acúmulo de íons H+) durante exercícios de alta intensidade — ou seja, melhora a performance em atividades curtas e explosivas. Isso já é bioquímica básica, sem necessidade de mil estudos clínicos.
Mas o Dr. Sorrentino vai além: essa suplementação traz benefícios não só para atletas de elite, mas também para recreativos, militares e até idosos com déficit cognitivo. Estudos mostram que o aumento da carnosina também atua como antioxidante, com impacto positivo em funções cerebrais, como memória e atenção.
Qual o papel do profissional de saúde nessa história?
O médico alerta que muitos ainda atuam presos ao que ele chama de “medicina da autorização”: esperar diretrizes e carimbos antes de prescrever. Isso limita a evolução profissional. Enquanto isso, pacientes e consumidores — que têm acesso à informação nas redes — já testam e se beneficiam de suplementos como a beta-alanina.
O desafio, para Sorrentino, é compreender profundamente os mecanismos — mitocôndrias, tampão ácido, neurotransmissores — e aplicar de forma personalizada. É sobre saber o que seu paciente realmente precisa, em seu estágio de vida atual, para garantir saúde e movimento.
Atenção: beta‑alanina só para atletas?
Não. Os benefícios vão além da resistência muscular. Em idosos, por exemplo, o aumento de carnosina no tecido cerebral pode melhorar aspectos cognitivos, como atenção e processamento mental, graças a propriedades antiinflamatórias e antioxidantes.

Assim como a creatina provou não ser apenas suplemento de academia, mas recurso valioso em envelhecimento saudável, a beta-alanina também merece atenção — sem restrição por status ou diretriz ultrapassada.
Se não for módulo pronto, para que serve estudar?
Sorrentino ressalta: quem apenas memoriza protocolos de medicina reativa fica obsoleto. O futuro está no profissional que entende fisiologia, bioenergética e adapta o conhecimento a cada paciente. Estar à frente significa não esperar autorização, mas sim aprender e aplicar com responsabilidade.
Ele enfatiza que medicina fragmentada — que trata apenas um órgão — faz mais mal do que bem. A integração do corpo, mente e sistema nervoso pede uma abordagem sistêmica e corajosa.
Fontes confiáveis utilizadas neste conteúdo
- PubMed – “Beta-alanine supplementation and performance outcomes”
- Journal of the International Society of Sports Nutrition – Review on beta-alanine and carnosine kinetics
- Frontiers in Physiology – Carnosine, antioxidant and muscle buffering effects
- Journal of Nutrition, Health & Aging – Beta‑alanine and cognitive performance in older adults