A migração de medicamentos entre diferentes áreas da medicina tem chamado a atenção de especialistas, especialmente quando se trata de doenças crônicas como a enxaqueca. Em 2025, um estudo realizado na Itália destacou o potencial da liraglutida, já conhecida no tratamento da diabetes tipo 2 e da obesidade, como uma alternativa para pacientes que sofrem com crises frequentes de dor de cabeça. A pesquisa envolveu adultos com obesidade e episódios recorrentes de cefaleia, trazendo novas perspectivas para quem convive com essa condição debilitante.
Os resultados iniciais sugerem que a liraglutida pode reduzir significativamente o número de dias com dor de cabeça em pessoas com enxaqueca crônica. Esse achado é especialmente relevante para aqueles que não respondem bem aos tratamentos preventivos convencionais. O interesse por medicamentos como a liraglutida e outros agonistas do receptor GLP-1 tem crescido, não apenas por sua eficácia em controlar o açúcar no sangue, mas também pelo impacto positivo em condições neurológicas.
Como a liraglutida atua no organismo?
A liraglutida pertence a uma classe de medicamentos conhecidos como agonistas do receptor GLP-1. Inicialmente desenvolvida para auxiliar no controle glicêmico e na redução do peso corporal, sua ação vai além do metabolismo. O fármaco atua suprimindo o apetite e diminuindo a ingestão calórica, o que contribui para a perda de peso em pessoas com obesidade. Além disso, estudos recentes indicam que a liraglutida pode influenciar a produção de líquido cefalorraquidiano, um fator importante no contexto das cefaleias crônicas.
Essa modulação do líquido cefalorraquidiano pode ajudar a reduzir a pressão intracraniana, um mecanismo que tem sido associado ao surgimento e à manutenção das crises de enxaqueca. Pesquisadores observaram que, ao controlar essa pressão, há uma diminuição na liberação de substâncias envolvidas na dor, como o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), frequentemente relacionado à fisiopatologia da enxaqueca.

Quais foram os resultados do estudo com liraglutida para enxaqueca?
No estudo conduzido em 2025, 26 adultos com obesidade e diagnóstico de enxaqueca crônica participaram de um protocolo de 12 semanas utilizando liraglutida. Os participantes relataram uma redução média de 11 dias de dor de cabeça por mês, além de uma melhora significativa em aspectos funcionais, como desempenho no trabalho e nas atividades sociais. A diminuição dos escores de incapacidade foi considerada clinicamente relevante, indicando um impacto positivo na qualidade de vida dos envolvidos.
- Redução dos dias de dor: Média de 11 dias a menos por mês.
- Melhora funcional: Diminuição de 35 pontos nos índices de incapacidade.
- Rapidez no efeito: A maioria relatou benefícios nas primeiras duas semanas.
Esses dados sugerem que a liraglutida pode ser uma alternativa promissora para pessoas que não obtêm alívio com os tratamentos tradicionais. Vale ressaltar que, apesar dos resultados positivos, o estudo envolveu um número reduzido de participantes, o que reforça a necessidade de pesquisas mais amplas e controladas.
O que esperar do futuro do tratamento da enxaqueca com agonistas GLP-1?
Com o avanço das pesquisas, a possibilidade de reutilizar medicamentos já aprovados para outras indicações médicas ganha força. A liraglutida, assim como outros agonistas do receptor GLP-1, pode representar uma nova estratégia terapêutica para a enxaqueca, especialmente para pacientes com comorbidades como obesidade e diabetes tipo 2. O próximo passo dos pesquisadores italianos é realizar ensaios clínicos randomizados e duplo-cegos, ampliando o número de participantes e monitorando diretamente a pressão intracraniana.
- Realização de estudos em larga escala para confirmar a eficácia.
- Investigação de outros medicamentos da mesma classe, como a semaglutida.
- Avaliação dos efeitos colaterais e da segurança a longo prazo.
Especialistas destacam que, caso os resultados se confirmem, o uso de agonistas GLP-1 pode beneficiar uma parcela significativa da população mundial que convive com enxaqueca. O interesse crescente por abordagens inovadoras reforça a importância de estudos contínuos, buscando sempre melhorar a qualidade de vida dos pacientes e ampliar as opções terapêuticas disponíveis.
Como é possível tratar a enxaqueca por meios naturais?
Além das opções medicamentosas, muitas pessoas buscam abordagens naturais para aliviar os sintomas e prevenir as crises de enxaqueca. Estratégias como manter uma rotina regular de sono, praticar atividade física moderada e priorizar uma alimentação equilibrada são recomendadas pelos especialistas. Técnicas de relaxamento, como ioga e meditação, também podem contribuir para a redução do estresse, um dos principais gatilhos para as crises. A acupuntura é outra prática que tem apresentado bons resultados em estudos recentes, ajudando a diminuir a frequência e a intensidade das dores.
É importante ressaltar que o acompanhamento médico é fundamental para individualizar o tratamento e avaliar se as terapias naturais são compatíveis com o perfil do paciente, podendo ser usadas de forma complementar às abordagens convencionais.
Quais alimentos e hábitos podem ajudar na prevenção da enxaqueca?
Adotar alguns hábitos alimentares pode ser benéfico na prevenção da enxaqueca. Evitar alimentos ultraprocessados, bebidas alcoólicas em excesso, queijos curados e chocolate pode ajudar a diminuir os episódios para algumas pessoas. Investir em uma dieta rica em frutas, verduras, cereais integrais e proteínas magras pode contribuir para o equilíbrio do organismo. A hidratação adequada, com consumo suficiente de água ao longo do dia, também é recomendada. Anotar e identificar possíveis gatilhos alimentares em um diário pode ser útil para reconhecer padrões e evitar possíveis desencadeadores de crises. Por fim, manter uma rotina saudável, com horários regulares para refeições e para o sono, auxilia no controle da enxaqueca de maneira natural.