Você já percebeu que o seu cocô ou os gases estão mais fedidos do que o normal? Esse incômodo que muitos tratam como piada pode, na verdade, ser um sinal sério de que o seu intestino está inflamado. A médica Dra. Priscila Antunes, referência em saúde intestinal e desinflamação, alerta que esse tipo de mau cheiro pode indicar a presença excessiva de bactérias chamadas putrescina e cadaverina, associadas à disbiose.
Com uma abordagem direta e clara, a médica também explica que além do cheiro alterado das fezes e gases, sintomas como azia, prisão de ventre, arrotos, diarreia ou cocô em bolinha podem estar ligados a um desequilíbrio da microbiota intestinal — e isso exige atenção.
Por que o cheiro das fezes e gases pode revelar inflamação intestinal?
Segundo Dra. Priscila Antunes, um peido normal não deve ter cheiro forte e o cocô não deve ter odor de “podre”. Quando o cheiro passa a lembrar enxofre ou cadáver, isso geralmente é causado por bactérias desequilibradas no intestino. Em especial, putrescina e cadaverina são compostos formados pela decomposição de proteínas por certas bactérias, e seu excesso está diretamente relacionado a uma microbiota desregulada.
Essa condição é conhecida como disbiose, e não é apenas incômoda. Estudos apontam que a disbiose pode prejudicar a digestão, a absorção de nutrientes e até afetar o sistema imunológico. Além do odor desagradável, sintomas como gases constantes, distensão abdominal e alterações nas fezes são sinais clássicos de um intestino inflamado.
Quais são os sinais de um intestino em desequilíbrio?
Além do cheiro, existem outros alertas que o corpo emite. Se você sofre com cocô ressecado ou em formato de bolinha, refluxo, arrotos após as refeições, prisão de ventre ou mesmo episódios de diarreia, é provável que o seu intestino esteja pedindo ajuda. A Dra. Priscila destaca que esses sintomas indicam uma inflamação silenciosa no trato gastrointestinal, que pode se agravar se não for tratada.
A inflamação intestinal afeta diretamente o funcionamento de todo o organismo. Isso acontece porque o intestino é responsável por mais de 70% da imunidade do corpo, além de produzir neurotransmissores como a serotonina. Por isso, manter o intestino saudável é essencial não apenas para a digestão, mas também para o bem-estar emocional e físico.
Quais práticas ajudam a desinflamar o intestino?
De forma simples e acessível, Dra. Priscila ensina três práticas eficazes que podem ser adotadas ainda hoje para aliviar o estufamento, melhorar a digestão e reduzir o mau cheiro das fezes e gases. A primeira dica é incluir o chá de erva-doce com hortelã após as refeições. Essas ervas ajudam na digestão, reduzem gases e têm efeito anti-inflamatório natural.
A segunda prática é fazer uma massagem abdominal suave pela manhã, em sentido horário. Esse estímulo auxilia o movimento peristáltico do intestino, promovendo o trânsito intestinal e facilitando a eliminação dos gases. A terceira dica é mastigar bem os alimentos. Esse hábito simples melhora a digestão desde o início do processo, facilitando o trabalho do estômago e evitando a fermentação excessiva no intestino.

Por que mastigar bem e evitar alimentos fermentativos ajuda?
Muitas pessoas não percebem, mas a mastigação inadequada é um dos principais fatores por trás da digestão ruim e da formação de gases. Quando o alimento chega ao estômago mal triturado, o organismo precisa trabalhar mais, gerando fermentação, distensão abdominal e desequilíbrio da flora intestinal.
Além disso, o consumo excessivo de frutas cruas, saladas mal lavadas ou combinações como frutas com iogurte também pode favorecer a fermentação. A Dra. Priscila recomenda cozinhar frutas e refogar saladas, especialmente para quem já apresenta desconfortos. Esses cuidados reduzem o esforço digestivo e diminuem a produção de compostos como putrescina e cadaverina.
Gases fétidos e cocô com cheiro forte sempre indicam problema?
Não necessariamente, mas são sinais que merecem atenção. Episódios isolados podem ocorrer após o consumo de certos alimentos ricos em enxofre, como ovos ou brócolis. No entanto, se o mau cheiro é frequente, especialmente quando acompanhado de outros sintomas digestivos, pode ser um indicativo de inflamação intestinal crônica ou disbiose.
A Dra. Priscila reforça que o autoconhecimento é fundamental. Observar os padrões do seu corpo, entender como ele reage a certos alimentos e buscar ajuda médica ao notar sinais persistentes é o primeiro passo para recuperar o equilíbrio intestinal. O tratamento, em muitos casos, não exige medicamentos, mas sim ajustes simples na rotina alimentar e digestiva.
Fontes oficiais utilizadas neste artigo
- PubMed – “Putrescine and cadaverine: role in gut microbiota and odor”: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31247698
- National Institutes of Health (NIH) – Disbiose intestinal e inflamação crônica: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5855206
- Sociedade Brasileira de Gastroenterologia – Manual de orientação sobre disbiose: www.sbgastro.org.br
Para a Dra. Priscila Antunes, cuidar da saúde digestiva é o primeiro passo para combater inflamações invisíveis que comprometem energia, imunidade e bem-estar. Se você tem gases constantes e cocô com cheiro fora do normal, talvez o seu intestino esteja tentando te dizer algo.
Perfil oficial da especialista:
Instagram da Dra. Priscila Antunes: @drapriantunes