Entre os fenômenos mais curiosos do reino vegetal, destaca-se a existência das chamadas árvores que sangram. Essas espécies chamam a atenção por liberarem uma seiva de coloração avermelhada quando sofrem algum tipo de corte ou ferimento, o que remete à aparência de sangue. O fenômeno, além de impressionar visualmente, tem explicações biológicas e funções importantes para a sobrevivência dessas plantas.
A seiva vermelha dessas árvores não é apenas um detalhe estético. Ela desempenha papéis essenciais na proteção e cicatrização dos tecidos vegetais. Diversas espécies ao redor do mundo apresentam essa característica, cada uma com suas particularidades e usos tradicionais, seja na medicina popular, na indústria ou no artesanato.
Por que algumas árvores liberam seiva vermelha?
A coloração avermelhada da seiva dessas árvores é resultado da presença de pigmentos naturais, como antocianinas e compostos fenólicos. Quando a casca é danificada, esses pigmentos são liberados juntamente com a seiva, que ao entrar em contato com o oxigênio do ar pode intensificar ainda mais sua cor. Esse processo é comparável à oxidação do sangue humano, que escurece ao ser exposto ao ambiente.
Além da função visual, a seiva espessa atua como uma barreira física, protegendo a planta contra a entrada de microrganismos e ajudando a estancar o ferimento. Assim, a árvore consegue se defender de ameaças externas, como fungos, bactérias e insetos, além de evitar a perda excessiva de água. Em algumas espécies, a presença desses pigmentos também pode atuar como um repelente natural para certos herbívoros.

Quais são as principais espécies de árvores que “sangram”?
Diversas espécies ao redor do mundo são conhecidas por essa característica marcante. Entre as mais notáveis, destacam-se:
- Pterocarpus angolensis – popularmente chamada de “árvore-sangue-de-dragão”, é nativa da África Austral. Sua seiva vermelha é utilizada em práticas medicinais e sua madeira é valorizada na marcenaria.
- Dracaena cinnabari – conhecida como “árvore-sangue-de-dragão” da ilha de Socotra, no Iêmen, apresenta uma copa em formato de guarda-chuva e sua resina é usada como corante, verniz e em cosméticos.
- Tipuana tipu – bastante comum em cidades brasileiras, essa árvore pode liberar seiva avermelhada após podas ou cortes, surpreendendo quem não conhece o fenômeno.
- Croton urucurana – também chamada de “sangra d’água”, é encontrada no Brasil e tem uso tradicional na medicina popular, especialmente para cicatrização de feridas.
- Balfourodendron riedelianum – conhecida como pau-marfim, apesar de sua seiva não ser tão avermelhada, em algumas condições específicas pode apresentar tonalidade escura e tem importância ecológica na floresta Atlântica.
Para que serve a seiva vermelha dessas árvores?
A função principal da seiva avermelhada é atuar como um mecanismo de defesa. Ao ser liberada, ela cobre o ferimento e impede a entrada de agentes patogênicos. Além disso, muitos desses compostos possuem propriedades antissépticas, antifúngicas e antibacterianas, potencializando a proteção da planta.
Em algumas culturas, a seiva dessas árvores é aproveitada para diferentes finalidades. Entre os usos mais comuns estão:
- Medicina tradicional: utilizada como cicatrizante, anti-inflamatório e até mesmo para estancar sangramentos.
- Artesanato e tinturaria: a resina vermelha serve como corante natural e verniz, sendo aplicada em instrumentos musicais e objetos decorativos.
- Cosméticos: algumas resinas são incorporadas em produtos de beleza devido às suas propriedades adstringentes.
O que torna essas árvores tão especiais?
O fenômeno das árvores que “sangram” revela a complexidade das estratégias de sobrevivência das plantas. A capacidade de produzir seiva avermelhada é uma resposta evolutiva eficiente, que alia proteção física e química. Além disso, a relação dessas árvores com diferentes culturas mostra como a natureza pode inspirar usos variados, desde a medicina até a arte.
Em 2025, com o avanço das pesquisas botânicas, novas aplicações para essas resinas continuam sendo estudadas, principalmente em áreas como farmacologia e biotecnologia. Por exemplo, algumas análises recentes investigam propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias mais potentes em determinadas espécies, o que pode originar novos medicamentos e bioprodutos. O interesse científico e cultural por essas espécies reforça a importância de sua preservação, especialmente diante das ameaças ambientais e da exploração excessiva.
Assim, as árvores que “sangram” permanecem como exemplos notáveis da diversidade e engenhosidade do mundo vegetal, despertando curiosidade e respeito por sua adaptação e utilidade ao longo dos séculos.