A dependência excessiva de inteligência artificial, como o ChatGPT, pode ter efeitos negativos sobre a função cerebral. Essa é a preocupação do Dr. Thiago M. Cabral, médico (CRM 8.839 MT / 19.695 GO), professor e especialista em fisiologia hormonal e metabólica, que alertou seus seguidores para o impacto neurológico desse comportamento. Segundo ele, dados preliminares já indicam prejuízos em áreas-chave como memória, criatividade e raciocínio.
Em sua fala, Dr. Thiago compara o uso descontrolado da IA a outras tecnologias que, embora práticas, trouxeram consequências negativas à saúde mental e física, como o GPS e o carro. A mensagem é clara: a inteligência artificial pode ser útil, mas não deve substituir a atividade cerebral ativa. Pensar, refletir e resolver problemas sem auxílio tecnológico continua sendo essencial para manter o cérebro saudável e funcional.
O uso excessivo do ChatGPT pode afetar a memória?
Sim, e essa afirmação começa a ganhar respaldo na ciência. Em um estudo recente conduzido pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), ainda em fase de pré-publicação, participantes que usaram frequentemente o ChatGPT para redigir textos apresentaram até 55% menos conectividade entre regiões cerebrais relacionadas à memória e raciocínio crítico. Isso sugere que o uso da IA pode enfraquecer a capacidade do cérebro de processar e armazenar informações de maneira independente.

O problema se agrava quando esse uso é constante e não acompanhado de estímulos cognitivos complementares. O cérebro, como qualquer outro músculo, precisa de exercícios para manter seu desempenho. Se confiarmos demais em assistentes de texto para realizar tarefas que antes exigiam esforço mental, a tendência é que percamos progressivamente essas habilidades naturais.
Quais são os sinais de que estou me tornando “mentalmente sedentário”?
Entre os principais sinais estão a dificuldade para lembrar informações recém-aprendidas, redução da criatividade ao escrever ou resolver problemas e dependência crescente de tecnologias para atividades simples. O Dr. Thiago define esse fenômeno como “sedentarismo mental”, termo usado para descrever a acomodação do cérebro frente à automação de tarefas.
Assim como o sedentarismo físico enfraquece músculos e articulações, o sedentarismo mental reduz a eficiência de áreas cognitivas importantes. O mais preocupante é que os efeitos podem passar despercebidos no início, sendo notados apenas quando há queda no rendimento profissional, nos estudos ou mesmo na comunicação interpessoal.
Existe alguma comparação com outras tecnologias?
Sim, e elas ajudam a entender o impacto do uso desmedido da IA. O carro, por exemplo, facilitou a locomoção, mas contribuiu para o aumento do sedentarismo físico. Já o GPS enfraqueceu nossa habilidade natural de orientação, pois muitas pessoas deixaram de exercitar sua memória espacial. No mesmo caminho, o uso contínuo de IA pode comprometer a autonomia intelectual.
O ponto central do alerta é: tecnologias são ferramentas, não substitutos da capacidade humana. Quando uma inovação tecnológica se torna um atalho para tudo, ela pode se transformar em um obstáculo ao desenvolvimento de habilidades que só são construídas com prática e esforço cognitivo.
Como evitar que a inteligência artificial prejudique minha cognição?
Segundo o Dr. Thiago, existem estratégias práticas para usar a IA de forma saudável. A primeira é elaborar ideias e rascunhos antes de utilizar ferramentas como o ChatGPT. Isso estimula a criatividade e ativa áreas do cérebro relacionadas à construção de pensamento lógico. O segundo passo é desafiar o cérebro com tarefas novas: aprender uma língua, resolver problemas matemáticos ou praticar debates.
Outra dica importante é reservar um momento diário para leitura profunda, sem distrações. Atividades como estas ajudam a fortalecer conexões cerebrais e a manter a mente afiada. A inteligência artificial deve ser uma parceira no processo criativo e não uma muleta que atrofia a autonomia do pensamento.
Qual é o risco de substituir o raciocínio pelo uso da IA?
O risco está em perder gradualmente a capacidade de pensar de forma independente. Se o cérebro não é estimulado com frequência, ele deixa de desenvolver estruturas essenciais para funções como memória de longo prazo, tomada de decisão e análise crítica. Isso pode impactar a vida acadêmica, profissional e até emocional do indivíduo.
O Dr. Thiago Cabral reforça que a inteligência artificial é uma ferramenta valiosa, mas o cérebro humano ainda é insubstituível. Ter senso crítico, originalidade e capacidade de argumentação são habilidades que nenhuma tecnologia pode replicar por completo. Preservar essas funções exige esforço ativo, escolhas conscientes e disciplina intelectual.
O que a ciência já diz sobre os efeitos cognitivos da tecnologia?
Estudos recentes publicados em revistas como “Nature Human Behaviour” e “Journal of Cognitive Neuroscience” vêm alertando sobre os impactos da tecnologia no funcionamento cerebral. Embora o uso moderado de ferramentas tecnológicas possa aumentar a produtividade, o uso indiscriminado pode levar a uma sobrecarga de estímulos e à diminuição da neuroplasticidade.
Ainda que o estudo citado por Dr. Thiago seja um pré-print, ou seja, não revisado por pares, o tema já é discutido há anos na neurociência. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda práticas que estimulam o cérebro, como leitura e aprendizado contínuo, justamente para manter sua performance ao longo da vida.
Quais fontes oficiais embasam esse conteúdo?
A seguir, as principais fontes que validam as informações trazidas neste artigo:
- Organização Mundial da Saúde (OMS): www.who.int
- Ministério da Saúde – Diretrizes de saúde mental: www.gov.br/saude
Manter o equilíbrio entre o uso de novas tecnologias e o exercício ativo do cérebro é o melhor caminho para garantir uma mente saudável, criativa e funcional por toda a vida.