Nos últimos anos, a busca por alternativas para enfrentar a poluição causada pelo acúmulo de resíduos plásticos ganhou destaque no cenário científico. Um dos avanços mais comentados envolve o uso de microrganismos capazes de degradar plásticos, especialmente em ambientes aquáticos. A pesquisa sobre bactérias que consomem plástico apresenta possibilidades inovadoras para o tratamento de resíduos e a preservação dos oceanos.
O interesse por soluções biológicas cresceu devido ao impacto ambiental dos plásticos, que persistem no meio ambiente por séculos. O desenvolvimento de métodos naturais para a decomposição desses materiais é visto como uma alternativa promissora para complementar as estratégias tradicionais de reciclagem e redução do consumo.
Como as bactérias que comem plástico atuam?
O funcionamento dessas bactérias está relacionado à produção de enzimas específicas, capazes de quebrar as longas cadeias poliméricas presentes em plásticos como o PET (polietileno tereftalato). Essas enzimas atuam como catalisadores, fragmentando o material em moléculas menores, que podem ser absorvidas e utilizadas como fonte de energia pelos microrganismos. Novas pesquisas têm identificado enzimas ainda mais eficientes, como variantes aprimoradas de PETase, e testado a atuação de bactérias em diferentes tipos de plástico.
Entre as espécies identificadas, destaca-se a Ideonella sakaiensis, que ganhou notoriedade após sua descoberta em 2016. Ela produz duas enzimas principais: PETase e MHETase. A PETase inicia a degradação do plástico, transformando-o em compostos intermediários, enquanto a MHETase completa o processo, tornando as moléculas suficientemente pequenas para serem metabolizadas.

Quais são os desafios para a aplicação dessas bactérias nos oceanos?
Apesar do potencial, a utilização de bactérias comedoras de plástico em larga escala enfrenta obstáculos significativos. Um dos principais desafios é a velocidade do processo de degradação, que ainda é considerada baixa para lidar com o volume de resíduos plásticos encontrados nos oceanos. Além disso, a maioria das pesquisas concentra-se no PET, enquanto outros tipos de plásticos, como polietileno e polipropileno, permanecem resistentes à ação desses microrganismos. Cientistas também estudam possíveis impactos ecológicos e medidas para evitar efeitos negativos da introdução de organismos modificados no ambiente marinho.
Outro ponto importante envolve a adaptação das bactérias e de suas enzimas ao ambiente marinho, que apresenta condições variadas de temperatura, salinidade e presença de outros compostos químicos. A dispersão dos resíduos plásticos em grandes áreas oceânicas também dificulta a aplicação direta dessas soluções biológicas.
Quais os benefícios e perspectivas futuras das bactérias que degradam plástico?
O uso de bactérias para decompor plásticos pode trazer benefícios tanto ambientais quanto econômicos. Entre as vantagens estão:
- Redução do acúmulo de resíduos plásticos em ambientes naturais, especialmente nos oceanos.
- Reciclagem aprimorada, com a possibilidade de reutilizar os produtos da degradação em novos processos industriais.
- Desenvolvimento de novos materiais a partir dos subprodutos gerados pela ação das enzimas bacterianas.
Para ampliar o alcance dessas soluções, pesquisadores investem em técnicas de engenharia genética para otimizar a eficiência das enzimas e adaptar os microrganismos a diferentes tipos de plástico. Também há esforços para identificar novas espécies de bactérias e fungos com capacidade semelhante de biodegradação. Além disso, projetos pilotos em ambientes controlados estão sendo desenvolvidos para testar a eficácia dessas estratégias em larga escala.
Como a sociedade pode contribuir para a redução da poluição plástica?
Embora a pesquisa sobre bactérias que comem plástico avance rapidamente, especialistas ressaltam que essas soluções não substituem a necessidade de reduzir o consumo de plásticos descartáveis. Ações como a diminuição do uso de embalagens, o incentivo à reciclagem e a busca por alternativas sustentáveis continuam sendo fundamentais para enfrentar o problema.
O desenvolvimento de tecnologias baseadas em microrganismos representa uma ferramenta adicional no combate à poluição, mas depende de políticas públicas, conscientização e mudanças nos hábitos de consumo para alcançar resultados efetivos a longo prazo.
Em 2025, a expectativa é que novas descobertas e aprimoramentos tecnológicos tornem a aplicação dessas bactérias cada vez mais viável, integrando esforços globais para proteger os oceanos e promover a sustentabilidade ambiental.