Entre as criaturas mais fascinantes do planeta, destaca-se um ser microscópico conhecido como tardígrado. Esse animal, também chamado de “urso d’água”, mede menos de um milímetro e pode ser encontrado em ambientes variados, desde musgos e líquens até sedimentos oceânicos. O tardígrado chama a atenção por sua incrível resistência, sendo capaz de suportar situações que seriam fatais para a maioria dos seres vivos.
Os tardígrados são estudados por cientistas desde o século XVIII, mas foi nas últimas décadas que suas habilidades extraordinárias começaram a ser realmente compreendidas. Eles possuem uma estrutura corporal segmentada, com oito patas, e são conhecidos por sua capacidade de entrar em um estado de dormência profunda, chamado criptobiose, que lhes permite sobreviver a condições extremas.
Como o tardígrado resiste ao vácuo do espaço?
Uma das características mais impressionantes do tardígrado é sua habilidade de suportar o vácuo do espaço sideral. Em experimentos realizados por agências espaciais, esses animais foram expostos ao ambiente hostil do espaço, sem oxigênio e sob temperaturas extremas, e conseguiram sobreviver. Isso ocorre porque, ao entrar em criptobiose, o tardígrado desidrata quase completamente, reduzindo seu metabolismo a níveis quase indetectáveis.
Durante esse processo, o animal forma uma camada protetora ao redor de seu corpo, impedindo a perda de água e protegendo suas células. Essa adaptação permite que o tardígrado resista não apenas ao vácuo, mas também a pressões elevadas e à ausência total de ar, características típicas do espaço.

De que forma o tardígrado enfrenta a radiação intensa?
Além de sobreviver ao vácuo, o tardígrado também é notável por sua resistência à radiação. Testes laboratoriais demonstraram que ele pode suportar doses de radiação ionizante muito superiores às toleradas por outros animais. Essa resistência está relacionada à presença de proteínas especiais em seu organismo, que protegem o DNA contra danos causados por radiações nocivas.
Essas proteínas, conhecidas como Dsup, atuam como um escudo molecular, minimizando os efeitos das quebras de DNA e facilitando a reparação celular. Dessa forma, o tardígrado consegue manter sua integridade genética mesmo após exposição a ambientes altamente radioativos, o que desperta interesse em pesquisas sobre proteção biológica e medicina. Pesquisas recentes mostram que outras moléculas também podem estar envolvidas na tolerância dos tardígrados à radiação, ampliando ainda mais nosso entendimento sobre sua resistência.
É verdade que o tardígrado pode “voltar da morte”?
O termo “voltar da morte” é frequentemente utilizado para descrever a capacidade do tardígrado de sobreviver a situações extremas de desidratação e ressuscitar quando as condições voltam ao normal. Durante a criptobiose, o metabolismo do animal praticamente cessa, permitindo que ele permaneça inativo por anos, até mesmo décadas, sem sofrer danos irreversíveis.
Quando o ambiente se torna novamente favorável, basta a presença de água para que o tardígrado retome suas funções vitais. Esse processo de reidratação ativa o metabolismo e permite que o animal volte a se mover, alimentar e reproduzir, como se nada tivesse acontecido. Essa habilidade tem sido estudada para possíveis aplicações em conservação de células e tecidos. Estudos recentes sugerem que alguns tardígrados podem sobreviver até 30 anos em estado de dormência.
Quais são as curiosidades e aplicações futuras sobre o tardígrado?
O tardígrado desperta interesse não apenas pela sua resistência, mas também pelo potencial de suas adaptações em áreas como biotecnologia e exploração espacial. Pesquisadores investigam como as proteínas protetoras do animal podem ser utilizadas para aumentar a durabilidade de vacinas, preservar órgãos para transplante e até proteger astronautas em missões de longa duração.
Além disso, o estudo dos tardígrados contribui para a compreensão dos limites da vida na Terra e a possibilidade de existência de organismos em outros planetas. Por sua capacidade de sobreviver em ambientes extremos, esse animal microscópico tornou-se símbolo da resiliência biológica e continua inspirando novas pesquisas em diversos campos da ciência. Descobertas recentes apontam que seu material genético já foi enviado em missões espaciais, incluindo a Lua, para testar sua viabilidade em ambientes extraterrestres.